capítulo: 11

270 23 8
                                    


Não se lembrava de outro dia mais comprido. Disse aos colegas de trabalho que pegara gripe, mas agora duas das enfermeiras de sua ala faltaram por causa da gripe. A equipe reduzida obrigou Anahí a trabalhar dois turnos. As horas extras não podiam ter chegado em hora mais inadequada.

— Isso é ridículo — resmungou Christopher, observando-a recostar-se na parede da sala de café para recuperar o fôlego. — Desse jeito você vai pifar.

— Preciso trabalhar — disse, os olhos tão esgotados quanto o corpo. — Não há mais ninguém para chamar e tirei dois dias de folga, você sabe.

Ele estudou-lhe a face lívida.

— Sua aparência está pior do que quando a visitei.

— Obrigada. Você também está maravilhoso. Ele riu.

— O que faço com você?

— Não tem mais o que fazer?

— Era o que eu ia perguntar — disse uma voz profunda, que veio da direção da porta. Ambos voltaram-se e descobriram Alfonso Herrera fitando-os com a prancheta na mão. — Algum de vocês trabalha aqui? Quero saber por que meu paciente não tomou a dose de afinador de sangue às 17h. — Ele sacudiu a prancheta para ela.

Alfonso demonstrou surpresa, a mente tão cansada quanto o corpo.

— Qual paciente?

— O Sr. Hayes — retrucou tenso. — São oito da noite. Você está muito devagar.

— Sinto muito. —Afastou-se da parede. — Vou dar o remédio agora mesmo.

— E vou examinar os prontuários dos meus outros três pacientes enquanto faço as visitas — disse ele, zangado —, para me certificar de não ter havido outros... Lapsos. — Fitou Christopher e seguiu-a.

— Não foi culpa de Christopher — argumentou.

— Sei disso — respondeu ele, os olhos faiscando. — Como a maioria dos homens, ele é vulnerável a flertes.

Ela cerrou os dentes com força.

— Eu não flerto.

— Chame do que bem entender. Vou esperar enquanto você pega a medicação do Sr. Hayes.

Ela buscou o remédio, ainda com os dentes trincados. Ele tinha razão; ela estava lenta e isso poderia ter tido sérias repercussões. Se não estivesse cobrindo o turno de outra pessoa, após dois dias de cama, nada disso teria acontecido. Ela deu a dose do Sr. Hayes e examinou novamente todos os outros arquivos. Os sinais vitais estavam devidamente anotados, mas esquecera de medir o volume de urina de um. Teve vontade de gritar para desabafar.

— Não vou reportar seu lapso — disse Alfonso ao terminar as visitas —, mas cometa um só erro e irei direto ao administrador. Não quero colocar a vida de meus pacientes em risco por causa da incompetência de uma enfermeira.

— Não sou incompetente — ela disse, tentando se defender.

— Vá se divertir com Christopher uckermann no seu tempo livre — acrescentou.

— Eu não estava...

Ele não quis ouvir mais desculpas. Saiu a passos largos da ala, o corpo esbelto agitado pela irritação. Anahí precisou engolir as lágrimas. Ele parecia odiá-la cada vez mais. Nada mudaria sua opinião a respeito dela. Christopher saiu do quarto de um doente, após instalá-lo no aparelho de inalação, e olhou em torno.

A paciente (Adaptada) ayaOnde histórias criam vida. Descubra agora