- Por que fingir? - perguntou em tom cansado. - Já fizeram a visita obrigatória. Ninguém vai falar mal de vocês. Agora, se não se importam, não estou me sentindo bem. Gostaria de ir para casa.- Você pode ficar no seu antigo quarto - disse a tia, hesitante. - Contrataremos uma enfermeira.
- Vou para casa, tia Elsa - retrucou, desviando o olhar.
- Mas você mora sozinha - interrompeu-a o tio. - Não pode ficar sem ninguém.
- Vivo sozinha há anos. - Demonstrava indiferença na voz, no olhar. Percebeu-lhes a expressão confusa. - Prefiro assim. - Acenou para o porteiro, que começou a empurrar a cadeira de rodas pelo corredor. - Obrigada pela visita. - Despediu-se, sem fitá-los, quando o porteiro dirigiu-se ao elevador.
Os vásquez ficaram parados, perplexos e embaraçados. Esperavam que a preocupação deles fosse ser bem recebida, mas essa Anahí não era a menininha quieta, condescendente e tímida que haviam levado para casa muitos anos antes.- Alfonso disse que ela havia mudado - disse Elsa ao marido. - Suponho que devíamos esperar pela mágoa e pela desconfiança. Nós a tratamos muito mal.
- Nós três - concordou o marido. - Se tivéssemos escutado quando ela tentou explicar... Sinto-me péssimo. Ela estava nessa condição, poderia ter morrido e nós nem sabíamos.
- Vamos trazê-la de volta - disse ela. Ele riu.
- Você acha mesmo? - Enfiou as mãos nos bolsos.
- Vamos comer alguma coisa. - Ela deu-lhe o braço e caminharam para o elevador. As portas fechavam com Anahí dentro quando viram Alfonso saindo do elevador dos funcionários, vestido num um terno caro.
- Onde ela está? - perguntou ao vê-los.
- Desceu para pegar um táxi - disse Frederico. - Nem quis falar conosco.
- Um táxi? - Não discutiu. Entrou às pressas num elevador pouco antes de as portas fecharem.
No hall, o porteiro deixara Anahí sentada perto da recepção enquanto saíra para chamar um táxi. Alfonso parou atrás da cadeira e começou a empurrá-la para a entrada onde estacionara o carro.
- O qu-quê? - Anahí ofegou ao se dar conta do que ele fazia.
- Jack, abra a porta para mim - pediu ao porteiro. - Esqueça o táxi, vou levá-la para casa.
- Sim, senhor. - O jovem o ajudou a colocar a colérica Anahí no banco do carona. Alfonso pegou a única mala e guardou-a no porta-malas.
- Quero pegar um táxi - protestou, quando ele entrou e deu a partida.
- Você vai para onde eu mandar - disse, o leve sotaque espanhol de repente bem carregado, ao sair do hospital e tomar o rumo da auto-estrada.
- Com você, não! - exclamou zangada.
- Cálmate - disse baixinho. - Fique quieta. Não lhe fará bem à saúde perder a calma. - Ela ficou agitada. Reclinou-se no banco com os olhos fechados, lutando contra a náusea e a dor. A manhã havia sido turbulenta.
- Foi você quem os mandou? - perguntou quando chegaram à auto-estrada.
- Os vásquez? Não. Sabia que voltariam hoje, então liguei para saber se eles tinham conhecimento de sua cirurgia. Ficaram assustados.
- Por quê?
Ele a contemplou.
- Você parecia saudável quando morava com eles.
- Aquela nunca foi a minha casa - respondeu, olhando pela janela.
Ele manteve o silêncio, olhando atentamente o tráfego.
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A paciente (Adaptada) aya
RomanceAlfonso é o último homem de quem Anahí aceitaria ajuda, mas ela estava doente. Como médico, era dever de Alfonso buscar a cura de seus pacientes. Como homem, ele tinha de encontrar um meio de cuidar do coração da mulher que assombrava seus sonhos. S...