capítulo: 28

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Ela lembrou-se de que Alfonso a vira e, apesar da inimizade, discutira com ela sobre novos tratamentos e drogas experimentais até as lágrimas cessarem. Não lhe ocorrera, na ocasião, ser estranho o seu pior inimigo oferecer-lhe apoio.

— Eles eram tão pequenos para conhecer aquele tipo de dor e desesperança...

— Um dia as pesquisas encontrarão a cura para o câncer — Alfonso prometeu.

— Espero que sim. — Ela buscou-lhe os olhos. — Sente-se melhor?

Ele sorriu e meneou a cabeça.

— Bem melhor.

— Você comeu?

Ele fez que não.

— Não tive fome. Mas acho que podia comer um pouco. E você?

— Tomei uma sopa de batatas e brócolis deliciosa.

— Acho que vou provar. Quer alguma coisa?

— Não, obrigada. Você viu Mosquito? — perguntou, sentindo falta da gatinha.

— Está na cozinha, fazendo um lanchinho. — Tomou-lhe a mão e levou-a aos lábios. — Já percebeu como cuidamos um do outro?

Ela corou.

— Eu teria feito o mesmo por...

— Por qualquer pessoa? É, eu sei. Mas é diferente. — Alfonso curvou-se e tocou a boca de Anahí com os lábios. — Quer ouvir Baroja, depois que eu comer?

Ela sorriu.

— Quero.

— Volto num minuto. — Ele levantou-se e a fitou. Nunca tivera tamanho companheirismo na vida. Perdera um paciente no início do casamento e sua tristeza irritara Diana. Estava se preparando para um jantar e recriminou-o por se envolver tanto com os pacientes. Nunca compreendera a dor de ser incapaz de conter o Anjo da Morte.

— Como se sente agora? Ele sorriu.

— Bem. Volto já.

E voltou. Leu o primeiro Capítulo de Paradox Rey, parando para que ela traduzisse. Ela compreendia quase tudo e ele a ajudava, ensinando-lhe alguns verbos.

— Gosto especialmente daquela parte em que uma feminista jura que Shakespeare era uma mulher. — Soltou uma gargalhada. Ele riu junto.

— É um trabalho maravilhoso, não acha? Ele era brilhante, apesar de suas idiossincrasias.

— É maravilhoso ouvir você lendo em espanhol. Podia ouvi-lo a noite inteira, mas você precisa descansar.

Ele fechou o livro.

— Você também. Ainda dói? — Ela fez uma careta.

— Os pontos incomodam. Começaram a coçar.

— Usei grampos, não pontos.

— Coça do mesmo jeito. — Ele riu.

— Isso significa que estão cicatrizando. Quer algum remédio para dormir?

— Um analgésico seria perfeito — admitiu. — Não vou ficar viciada?

— Por acaso sou negligente? — ele recriminou-a. Colocou dois comprimidos em sua mão e estendeu-lhe o copo de suco.

— Desculpe. Sei que é um ótimo profissional. — Descansou o copo.

— Durma bem.

— Quando posso sair?

A paciente (Adaptada) ayaOnde histórias criam vida. Descubra agora