Ele chegou mais perto da cama.
— Sua pronúncia é perfeita. Você entende tão bem quanto fala?
— Às vezes — admitiu. — Depende de quem fala. Entendo melhor o sotaque cubano, pois meu professor era de Havana.
— Costumamos pular algumas palavras. Então pode me entender quando falo espanhol — acrescentou, franzindo os lábios. — Então, se ficasse aqui, até estar em condições de cuidar de si mesma, eu poderia ler Baroja para você todas as noites.
Ela apertou a coberta.
— Diana lhe deu um exemplar de Cuentos e de Paradox Rey — recordou-se.
— Que você escolheu — retrucou, surpreendendo-a —, pois Diana nunca falara uma palavra em espanhol. Achava um idioma chato e sentia desprezo pelos autores espanhóis, como Baroja.
— Ele é um dos meus favoritos — admitiu. — Era um renegado, mas entendia de sofrimento e pobreza. Conhecia a alma das pessoas.
— Claro. Ele era médico antes de ser escritor. — Ele sorriu. — Você gosta de Zonilla?
Ela sorriu.
— Don Juan Tenorio — citou.
— Que apropriado você lembrar-se dessa obra em particular. Diferentemente do Don Juan que foi condenado, na versão da história de Tirso de Molina, o Don Juan de Zonilla foi salvo do inferno pelo amor de uma boa mulher.
— Sim, uma história linda. — Ela moveu os ombros e recostou-se nos travesseiros com um longo suspiro hesitante, pois ainda sentia certo desconforto. A mão tocou a cicatriz.
— A cicatriz vai desaparecer quase toda — comentou ao vê-la tocar a incisão. — Eu me orgulho dos meus pontos.
Ela sorriu.
— Você é um excelente cirurgião. — Fitou-o. — E tem sido muito gentil.
— E você acha que tal gentileza deve-se à minha consciência pesada?
— Essa idéia me ocorreu.
As mãos moveram-se dentro dos bolsos.
— Bem, não é só culpa. Pelo menos, não mais. Eu gosto de cuidar de você, não é estranho? Nunca tive ninguém por quem voltar para casa, muito menos alguém que precisasse de mim. — Retorceu a boca. — Acostumei-me a... Ter você aqui. — O sorriso sumiu. — Você odiará seu apartamento — disse abruptamente. — Apesar da companhia da Srta. Plimm.
— Você acha sua companhia tão indispensável? — perguntou ela irritada.
— Talvez seja, Anahí — disse com voz profunda e séria. —Acho que não se dá conta do quanto me acostumei a ter você em minha rotina. Você se encaixa aqui.
Seu coração voltou a acelerar. Sentiu-se aprisionada. Entretanto, ele não dera um passo em sua direção.
— Fique — pediu.
Ela enrubesceu. Não conseguia fazer a mente funcionar.
— Estou atrapalhando. E Christopher vem aqui e você não gosta...
— Posso tolerar seu amigo. E você não atrapalha.
Ela hesitou. Não queria ficar; tampouco queria partir. Era um risco permanecer perto dele. Ele ainda não sabia o que ela sentia por ele, mas, se ficasse mais tempo, descobriria. Por outro lado, levara um susto com seu estado de saúde e era reconfortante tê-lo por perto, tanto em termos profissionais quanto por motivos pessoais. E também havia Mosquito. Sentiria saudades dela. A cozinheira preparava refeições saborosas, o quarto era bonito... Sua racionalização a irritou e ela o fitou furiosa por ele tentá-la.
Ele apenas sorriu, tentando persuadi-la.
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A paciente (Adaptada) aya
RomanceAlfonso é o último homem de quem Anahí aceitaria ajuda, mas ela estava doente. Como médico, era dever de Alfonso buscar a cura de seus pacientes. Como homem, ele tinha de encontrar um meio de cuidar do coração da mulher que assombrava seus sonhos. S...