capítulo: 26

295 20 11
                                    


Na tarde seguinte, a enfermeira ajudou-a a tomar banho, tarefa ainda difícil. Não podia usar a banheira. Tinha várias incisões: uma na virilha, por onde o cateter fora inserido, duas no peito, para os tubos de dreno, e uma no centro do peito, para a cirurgia.

Precisava limpar as incisões de leve com sabão bactericida. Ainda não podia molhá-las. Alfonso tinha uma imensa banheira de hidromassagem com acessórios de metal no banheiro da suíte, parecendo saída de uma fantasia romana. Anahí a vislumbrara numa de suas caminhadas pelo grande apartamento com a enfermeira e sonhara em mergulhar nela. Bem, pelo menos agora já podia tomar banho de chuveiro, pois estava mais firme. A enfermeira ajudou-a a lavar a cabeça.

Voltou para a cama numa de suas bonitas camisolas brancas bordadas. Alfonso chegou mais cedo do que de costume. A enfermeira secava os cabelos fartos, compridos e dourados de Anahí com o secador.

- Deixe que eu cuide disso - disse Alfonso pegando o secador. - Diga à cozinheira que estou com vontade de comer comida mexicana. E vocês duas?

- Ótima idéia - respondeu a Srta. Plimm com um sorriso e Anahí acenou concordando.

- Vou ver o que ela pode preparar. E preciso ir até a farmácia antes do almoço. O sabonete bactericida está quase no fim.

Alfonso tirou uma nota da carteira.

- Compre uma tira de cabelo ou uma fita. Qualquer coisa para prender-lhe o cabelo.

A enfermeira riu.

- Pode deixar. - Saiu e fechou a porta.

Anahí examinou-lhe o rosto exausto.

- Você está bem? - Passara grande parte do dia preocupada com a reação dele ao tomar conhecimento das últimas horas de Diana.

- Estou bem. Gostaria de ter sabido antes. E não apenas sobre o ato final de vingança de Diana - afirmou, buscando-lhe os olhos. - Não estranho você ter ficado tão amarga.

- É verdade, mas, como você disse não se pode viver no passado. Diana está morta. Nada poderá trazê-la de volta.

- Sei disso. Não combinávamos desde o início, mas os homens costumam ficar cegos de desejo. - Ele procurou os olhos de Anahí. - Você fazia questão de não chamar a atenção.

- Propositadamente. Não gostava do jeito como Diana reagia quando eu me fazia notar, principalmente quando havia homens por perto. - Ela riu. - Não que me notassem. E você me odiava.

Ele não sorriu.

- Não. - Os olhos estreitaram-se. - Você nunca percebeu a verdade, mas ela, sim. Sabia que ela me acusava de ser louco por você?

Ela ficou sem fôlego.

- Como assim? - Ele riu.

- Não compreende? Eu insultava você para mantê-la afastada. O que sentia era muito forte. E ainda é.

- Você ainda me detesta? - perguntou, tentando compreender o que ele dizia.

- Meu Deus! - Ele suspirou pesadamente, balançando a cabeça. Sentou-se perto dela e ligou o secador de cabelo.

Uma das mãos finas segurou-lhe o cabelo enquanto a outra empunhou o secador. Ele estava muito próximo. Sem paletó, os botões de cima da impecável camisa branca abertos, sem gravata. Cheirava a colônia e a sabonete, e a proximidade daquele rosto magro, da pele lisa e morena era uma tentação para seus lábios. Ele tinha o cabelo mais negro que já vira e os cílios mais espessos...

A paciente (Adaptada) ayaOnde histórias criam vida. Descubra agora