— Gostaria de dar gelo picado à nova paciente no outro lado do corredor? Ela não tem família e está morrendo de sede.
— Adoraria — ela respondeu. — Pobrezinha. Somos tantos em minha família que nos revezávamos a cada hora do dia, mas Saul quer que a gente pare de incomodá-lo para ele poder assistir à novela. — Ela gargalhou. — Não imagina o prazer de vê-lo sentado na cama sorrindo novamente. Achei que fôssemos perdê-lo.
— Ele é forte. Fico contente por ter se recuperado. A Sra. Charles ficará muito agradecida se puder fazer-lhe um pouco de companhia.
— Com o maior prazer. Assim ocuparei meu tempo livre. — Elas encheram os baldes de gelo e Anahí levou-a para apresentá-la à senhora idosa. Iniciaram imediatamente uma amizade.
Anahí voltou à sala de enfermagem que compartilhava com outras pessoas em seu turno, parando apenas para tomar um café enquanto digitava informações sobre a Sra. Charles no computador. Christopher parou ao lado de sua cadeira.
— Você devia consumir essa quantidade toda de cafeína? — perguntou baixinho para que apenas ela ouvisse. Anahí fez uma careta.
— Não pensei nisso. Não, provavelmente não deveria.
— Você precisa de que cuidem de você, filhinha — brincou, apoiando a mão grande em seu ombro e sorrindo para ela.
Alfonso viu o modo como Christopher inclinava-se sobre Anahí, o sorriso e a intimidade daquela mão em seu ombro. Foi tomado pela raiva. Parou diante da enfermaria e fitou Anahí, que só notou-lhe a presença tardiamente e parou de sorrir no ato.
— Quero ver a Sra. Charles — disse sem preâmbulos. — Se você dispuser de tempo — acrescentou, olhando com frieza para Christopher que enrubesceu.
— Ela está aqui — disse Anahí, conduzindo-o ao quarto da senhora sem fitá-lo. O comentário fora injusto e indelicado. Ela trabalhava tanto quanto ele. Christopher estava apenas sendo gentil, mas não ocorreria a Alfonso que alguém pudesse tratá-la com amabilidade. Ele a julgava uma assassina, alguém sem sentimentos.
Entraram no quarto da idosa, que sorriu afetuosa ao ver Alfonso.
— Obrigada — disse com voz fraca, estendendo-lhe a mão. — O senhor salvou... Minha vida.
— Foi um prazer — retrucou, apertando-lhe a mão. — Já receitei um remédio para a dor. Tome quando precisar. Não lhe fará mal. À melhor coisa a fazer no momento é repousar. Em um ou dois dias poderá se levantar e começar a caminhar. — Ele franziu a testa. — A senhora tem alguém na família a quem possamos contatar?
Ela sacudiu a cabeça.
— Todos mortos — respondeu triste. — Mas a Sra. Green tem me dado gelo picado. Foi idéia dessa simpática jovem.
Alfonso olhou Anahí.
— Poupando-se do trabalho? — perguntou ele em voz baixa, mas num tom acusatório.
Anahí ignorou o comentário e ocupou-se em ajeitar o lençol, cobrindo o corpo magro da Sra. Charles.
— Se precisar, basta chamar.
— Não vou chamar — respondeu gentilmente. — Vocês todos têm sido muito bons para mim.
— É fácil ser gentil com alguém tão amável quanto à senhora — respondeu Anahí, sorridente.
Alfonso a examinou. Satisfeito com o resultado, despediu-se animado e fechou a porta.
— Como ousa colocar uma acompanhante para cuidar de outra paciente? — perguntou furioso, tão logo se afastaram o bastante para não serem ouvidos pelos outros.
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A paciente (Adaptada) aya
RomanceAlfonso é o último homem de quem Anahí aceitaria ajuda, mas ela estava doente. Como médico, era dever de Alfonso buscar a cura de seus pacientes. Como homem, ele tinha de encontrar um meio de cuidar do coração da mulher que assombrava seus sonhos. S...