capítulo: 10

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— Gostaria de dar gelo picado à nova paciente no outro lado do corredor? Ela não tem família e está morrendo de sede.

— Adoraria — ela respondeu. — Pobrezinha. Somos tantos em minha família que nos revezávamos a cada hora do dia, mas Saul quer que a gente pare de incomodá-lo para ele poder assistir à novela. — Ela gargalhou. — Não imagina o prazer de vê-lo sentado na cama sorrindo novamente. Achei que fôssemos perdê-lo.

— Ele é forte. Fico contente por ter se recuperado. A Sra. Charles ficará muito agradecida se puder fazer-lhe um pouco de companhia.

— Com o maior prazer. Assim ocuparei meu tempo livre. — Elas encheram os baldes de gelo e Anahí levou-a para apresentá-la à senhora idosa. Iniciaram imediatamente uma amizade.

Anahí voltou à sala de enfermagem que compartilhava com outras pessoas em seu turno, parando apenas para tomar um café enquanto digitava informações sobre a Sra. Charles no computador. Christopher parou ao lado de sua cadeira.

— Você devia consumir essa quantidade toda de cafeína? — perguntou baixinho para que apenas ela ouvisse. Anahí fez uma careta.

— Não pensei nisso. Não, provavelmente não deveria.

— Você precisa de que cuidem de você, filhinha — brincou, apoiando a mão grande em seu ombro e sorrindo para ela.

Alfonso viu o modo como Christopher inclinava-se sobre Anahí, o sorriso e a intimidade daquela mão em seu ombro. Foi tomado pela raiva. Parou diante da enfermaria e fitou Anahí, que só notou-lhe a presença tardiamente e parou de sorrir no ato.

— Quero ver a Sra. Charles — disse sem preâmbulos. — Se você dispuser de tempo — acrescentou, olhando com frieza para Christopher que enrubesceu.

— Ela está aqui — disse Anahí, conduzindo-o ao quarto da senhora sem fitá-lo. O comentário fora injusto e indelicado. Ela trabalhava tanto quanto ele. Christopher estava apenas sendo gentil, mas não ocorreria a Alfonso que alguém pudesse tratá-la com amabilidade. Ele a julgava uma assassina, alguém sem sentimentos.

Entraram no quarto da idosa, que sorriu afetuosa ao ver Alfonso.

— Obrigada — disse com voz fraca, estendendo-lhe a mão. — O senhor salvou... Minha vida.

— Foi um prazer — retrucou, apertando-lhe a mão. — Já receitei um remédio para a dor. Tome quando precisar. Não lhe fará mal. À melhor coisa a fazer no momento é repousar. Em um ou dois dias poderá se levantar e começar a caminhar. — Ele franziu a testa. — A senhora tem alguém na família a quem possamos contatar?

Ela sacudiu a cabeça.

— Todos mortos — respondeu triste. — Mas a Sra. Green tem me dado gelo picado. Foi idéia dessa simpática jovem.

Alfonso olhou Anahí.

— Poupando-se do trabalho? — perguntou ele em voz baixa, mas num tom acusatório.

Anahí ignorou o comentário e ocupou-se em ajeitar o lençol, cobrindo o corpo magro da Sra. Charles.

— Se precisar, basta chamar.

— Não vou chamar — respondeu gentilmente. — Vocês todos têm sido muito bons para mim.

— É fácil ser gentil com alguém tão amável quanto à senhora — respondeu Anahí, sorridente.

Alfonso a examinou. Satisfeito com o resultado, despediu-se animado e fechou a porta.

— Como ousa colocar uma acompanhante para cuidar de outra paciente? — perguntou furioso, tão logo se afastaram o bastante para não serem ouvidos pelos outros.

A paciente (Adaptada) ayaOnde histórias criam vida. Descubra agora