prólogo

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Para todas as pessoas confusas assim como eu, que vivem perdendo pessoas incríveis por nunca saberem o que desejam da vida. Já diziam os poetas populares: "Pessoas confusas perdem pessoas incríveis". Não é mesmo, Shivani Paliwal?

Quando eu era jovem
Nunca precisei de ninguém
E fazer amor era só por divertimento
Esses dias já passaram
Vivendo sozinha
Penso em todos os amigos que tive
Quando telefono
Ninguém está em casa
Não quero estar
Completamente sozinha
All by myself by Celine Dion

Lavei o rosto e troquei de roupa, antes de pegar um último copo de café e as chaves de meu carro para enfim chegar em casa.

Tinham sido 34 horas sem dormir. Eu estava cansado para caralho, a única coisa que eu precisava agora era da minha cama e uma boa noite de sono.

Andei até o estacionamento, que como sempre, estava com uma quantidade bem boa de carros. O hospital simplesmente nunca está vazio. Não só de pacientes, mas também das equipes e profissionais que se dedicam ao máximo por aqui. Eu sempre fui um desses mais dedicados.

Joguei o copo descartável vazio em um lixo e comecei a procurar por meu carro, que eu não lembrava onde havia estacionado anteontem a noite e que o escuro da 1 da manhã não estava me favorecendo a encontrar.

Andei perdido pelo estacionamento e o cansaço já estava até mesmo me fazendo escutar um som estranho, quase como um choro. Talvez, no dia seguinte, fosse uma boa ideia pedir uma avaliação para a Doutora Paliwal, mesmo que isso me custasse meia hora de paz.

Balancei a cabeça e finalmente avistei meu carro, mas o som continuou e eu resolvi procurar. Talvez alguém estivesse passando mal e por mais cansado que eu estivesse, meu dever como médico era oferecer bem estar aos meus pacientes.

Abri a porta do carro e apenas joguei minha mochila no banco de trás, antes de observar ao redor e seguir o som incessante.

Debaixo da única árvore do estacionamento, uma figura encolhida, vestida com uma calça jeans e descalça, tinha uma mala ao lado e chorava com seu rosto desconhecido no colo e sua cabeleira castanha escondendo sua identidade.

— Hey, está tudo bem? — perguntei, tocando suas costas levemente.

Em um movimento rápido, a jovem mulher levantou o rosto e me surpreendeu ao perceber que se tratava da mulher mais durona do hospital, com o rosto completamente marcado pelo choro e a maquiagem destruída.

— Vai embora. — sussurrou, passando as mãos com força pelo rosto.

Me sentei ao lado dela e estiquei minha mão com cuidado, secando suas lágrimas sem que ela reclamasse.

— O que aconteceu, Doutora? — perguntei, observando mais algumas lágrimas descerem e seus lábios tremerem.

Aquela não era Shivani Paliwal. E, mesmo que eu não fosse o maior fã dela, vê-la chorar daquela forma me fazia querer quebrar a cara de quem quer que fosse que tivesse feito isso com ela e de protegê-la de tudo e todos.

— Não é nada, Doutor May. — ela disse apenas,escondendo seu rosto de mim.

— Me deixa te ajudar? — perguntei, acariciando sua bochecha marcada por algo preto que parecia maquiagem.

Doutora Tentação (Shivley Maliwal)Onde histórias criam vida. Descubra agora