quatorze - opções

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Não me ponha no altar
Que eu sou meio desonesto
Eu te juro amor eterno
Mas, no fundo, eu não presto, ai
Meu anjo
Eu não sou santo, não
E amanhã você vai acordar
E o meu amor tão bom
Vai estar em algum outro lugar
Todo verão termina, eu amo despedida
E se eu te amei, eu peço perdão
Santo by Jão

Me abracei ao corpo de Noah. Agora eu tinha uma jaqueta de couro preta enorme em meu corpo. Dele. Podia sentir seu cheiro em mim, mas ainda sim continuava respirando seu perfume em seu pescoço. Meu rosto descansando em suas costas enquanto ele pilotava pelo trânsito caótico de São Paulo.

Eu não sabia bem porque tinha decidido deixar nosso sexo quente e casual por um lado e escolher pegar o número de telefone dele e aceitar conversar com ele um pouco mais. Ele era bonito pra um caralho, beijava bem e parecia ser avantajado. Eu o queria. Mas algo no fundo da minha mente me disse para me aproximar dele de verdade.

Eu sou solitária pra porra. Não que isso me incomode. Mas é bem verdade que eu não tenho muitos amigos. De verdade, o mais próximo de amigo que tenho, além da minha relação conturbada de amizade e ódio com o filho da puta do May, tenho apenas Júlia e mais alguns colegas de hospital que falam comigo, e que eu nem considero tanto assim e vice versa.

De certa forma, eu precisava tanto de um amigo quanto Noah disse precisar. Mais do que sexo casual. Porque eu definitivamente estava bem comida pra caralho, é claro que eu queria mais, mas eu queria mais dele. Queria mais de sua boca em mim e das suas mãos em meu piercing. Queria mais de seu membro esplêndido dentro de mim, não só da minha boca. E por mais que eu me envolvesse essa noite com Noah, não seria a mesma coisa, porque eu e May tínhamos um combustível muito difícil de ser encontrado em qualquer relação sexual. Ódio. 

Muito ódio. Por anos. Que agora se misturava ao tesão e ao nosso jogo de provocações que aumentava a expectativa. Esses ingredientes eram apenas meu e dele. Por mais que ele fodesse Clarissa, eu ainda era a única que ele odiava com todas as suas forças. O que a gente tinha, bom ou ruim, era único.

Noah estacionou na porta do prédio e eu desci. Ele me ajudou a tirar o capacete e aproveitou para me abraçar. 

— Seu cheiro é tão bom que estou quase pensando em desistir da nossa futura amizade e te foder logo. — ele sussurrou em meu ouvido, fazendo a chama do meu desejo se reacender.

— Acredite, eu amaria que você fizesse isso. — eu sussurrei de volta, beijando sua bochecha e roçando meu próprio rosto contra sua barba curta.

— Você fez uma escolha, bebê. Por mais que eu queira, não passaremos de amigos. E você tem alguém para suprir suas necessidades sexuais, que eu sei bem. — ele brincou e eu sorri, dando de ombros.

— Eu odeio ele. — suspirei.

— Se você o odeia, por que ainda sim preferiu tentar ser apenas minha amiga? — ele perguntou, encostado na moto, segurando os capacetes.

— Porque o ódio que tenho por ele e ele por mim é a única ligação que temos. Toda vez que estamos juntos, ou nos odiamos ou somos passivos demais. O ódio que alimentamos um pelo outro é o que faz com que a tensão sexual entre nós seja quase insuportável. — eu disse, o mais sincera que consegui.

— Eu te entendo, mais do que você possa imaginar, Shivani. — ele suspirou também — Para selar a nossa amizade, a gente deveria dar um último beijo. Como uma promessa de que vamos continuar nos falando. — ele segurava minha mão, fazendo um leve carinho nela.

Eu não respondi. Sorri levemente e o puxei pelos cabelos negros levemente compridos, até que nossas bocas estivessem unidas. Ele puxou meu corpo contra ele e quase gemi quando ele apertou minha bunda. Era disso que eu gostava. Ele me segurava com uma mão na bunda e puxava meu cabelo levemente com a outra, deixando nosso beijo rápido. Maravilhoso. Mas porra, não era explosivo ou fodidamente sensual. Só um beijo. Um beijo ótimo. Mas faltava a necessidade primitiva, a fome... O ódio. 

Doutora Tentação (Shivley Maliwal)Onde histórias criam vida. Descubra agora