Então se arruma doutora
Coloca sua melhor roupa que eu vou maloqueiro chic
Compra passagem pro Chile, México, Cancún, Dubai
Eu vou pra onde você for
Vejo as foto da gente no meu quarto e lembro
Cê disse que é só mais um dia já tá mais um tempo
Quando você tá longe muda meu sentimento
Vejo minha alma indo embora
Danada
Passa jogando na minha cara sabe que eu dou condição
Vila de cria da quebrada e ela do apê do Anália doutora de requinte padrão
Não tem como não se apaixonar
Doutora 4 by Mc KevinQuando avistei Shivani Paliwal, a Doutora Tentação que mudou tudo que eu pensava ser perfeito em minha vida, meu coração acelerou tanto quanto eu não achei ser possível. Ela estava séria e até um pouco triste e me peguei pensando se eu era o culpado e se ela na verdade tinha odiado a minha chegada.
Caminhei até ela fingindo a confiança que eu não tinha e parei em sua frente com a postura impassível que usei por anos para não parecer afetado por seus belos traços ou por sua personalidade cativante e decidida.
— Paliwal! — cumprimentei com um aceno de cabeça — Foi a Clark que te mandou pra cá? — perguntei, indeciso sobre o que seria o certo a se fazer na situação e me senti decepcionado ao perceber que ela sequer fez menção de me dar ao menos um abraço.
— Sim. — disse como se estar ali comigo não significasse nada e fôssemos apenas colegas de trabalho ou conhecidos.
— Vamos! — virou de costas e saiu caminhando para a saída sem nem olhar para trás.
Algo sobre o amor: por mais bonito que pareça nos livros, na realidade, amar alguém é se tornar vulnerável e se doar sem sequer saber se é recíproco. Amar te faz feliz, mas também faz cada célula de seu corpo doer ao perceber que não poderá viver com quem você ama. E dói mais ainda quando o que você pensou que fosse recíproco se mostra um sentimento que só você tem.
Entramos em um táxi e Paliwal fez questão de ir no banco da frente e se isolar, encostando a cabeça no vidro e mal respondendo ao motorista sobre o destino que tomaríamos. Aquela distância entre nós machucou mais do que tudo. A tristeza que me dominou enquanto eu estive no Brasil, há quilômetros de distância se fez muito diferente do sentimento que eu tinha agora. Não era a falta física de Shivani ou a noção de que ela se encontrava muito distante, mas sim a distância entre nossos corações, nossas mentes e nossos corpos. Eu sentia que por mais que estivéssemos dentro de um mesmo carro, existia um muro que fechava minha Doutora de mim. Que a fazia se distanciar e que me matava de agonia.
Chegamos à um prédio moderno e bonito que parecia bem estruturado e ela pagou a corrida enquanto eu tirava as coisas do porta-malas. Passei metade do dinheiro para ela e, sem dizer nada, ela seguiu para dentro.
— Seu apartamento é no terceiro andar. — disse quando entramos no elevador e se distraiu penteando suas sobrancelhas com os dedos em frente ao espelho.
— Você também mora aqui? — me permiti ser curioso por um segundo e tentar me aproximar nem que fosse um pouco, dela.
— Somos vizinhos de porta. — respondeu seca, me deixando sem entender se aquilo era algo bom ou ruim para ela.
Quando o elevador chegou e puxei minhas coisas, Paliwal abriu uma porta quase no fim do corredor e me chamou com um aceno. Levei minhas coisas e percebi que aquele seria meu lar daquele momento em diante. Era simples, mas moderno e bastante impessoal. Tudo com um toque muito minimalista e, na decoração, apenas livros médicos ou miniaturas de corpos humanos e órgãos. Bem característico.
Coloquei minhas malas próximas ao sofá marrom e observei tudo animado. Por mais que tudo na minha vida pessoal estivesse dando errado, eu não poderia me esquecer de que aquele era um momento de redenção na minha carreira profissional e eu deveria aproveitar cada oportunidade que o UCLA Medical Center e os Estados Unidos me ofereceriam.
— Agora que você já está aqui, vou para o meu apartamento. — Paliwal disse encostada na parede.
— As coisas vão ser assim a partir de agora? — perguntei sem me segurar, Shivani tira toda a minha sanidade.
— Assim como, May? — devolveu, engolindo em seco.
— Somos como desconhecidos agora, Paliwal? Desde que cheguei, mal trocamos dez palavras. — suspirei, cansado de tudo.
— May, muita coisa mudou. Eu não sou mais a mesma. Não me peça para fingir que tudo continua igual, tá ok? — ela estava ficando nervosa como nunca vi, não era como em nossas brigas, era algo mais intenso e profundo — Eu não sei o que fazer. Eu nunca sei o que fazer. Eu estou em um país estranho, com pessoas estranhas e a minha vida tá uma droga. Eu não sei como simplesmente olhar pra você e continuar da onde a gente parou. Não sei como me sinto com tudo que aconteceu comigo, não sei se estou bem o suficiente para ser uma boa companhia para qualquer pessoa. Eu não sei se em algum momento vou conseguir ser honesta com você sobre tudo, porque sinto que perdi o controle da minha própria vida e não foi de uma maneira boa. Então, não me culpe ou me peça explicações sobre algo que eu não sei. Estou cansada, estou triste e estou solitária pra caralho e toda vez que alguém me pergunta eu digo que estou bem porque não sei me abrir, não sei como lidar com isso... Não sei de porra nenhuma. — Shivani estava tão alterada que lágrimas desciam por seus olhos de forma descontrolada e eu a segurei pelos ombros e a coloquei sentada no sofá.
— Me perdoa, Doutora! Não queria te deixar nervosa. Só estou confuso com tudo. — tentei ser honesto e ela assentiu, secando as lágrimas com as costas das mãos.
— Acho melhor te deixar descansar. — ela se levantou e eu quis pedir para que ela ficasse, mas o medo me parou — Descanse e organize as suas coisas. Mais tarde eu preciso conversar com você sobre algo. — disse me deixando apreensivo.
— Tudo bem. Descanse também. Mais tarde, se você deixar, eu bato na sua porta. — falei, inseguro como nunca antes.
— Por favor! — respondeu, a voz ainda embargada e saiu, fechando a porta atrás de si e me deixando só.
Algo muito sério tinha acontecido para desestabilizar Shivani dessa forma. Ela nunca foi de chorar e muito menos de dizer que se sentia solitária ou deixar que eu ou qualquer pessoa tivesse conhecimento sobre seus sentimentos. E eu odiava pensar que a minha Doutora tinha deixado de ser a mulher alegre e impossível que era, eu precisava ajudá-la e eu iria ajudá-la. Não importa o que será preciso fazer.
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Doutora Tentação (Shivley Maliwal)
FanfictionUma mulher de origem humilde, mas que nunca deixou as pessoas a rebaixarem por suas raízes. Uma mulher focada e inegável em tudo que faz. Uma mulher desejada por todos que a veem, que nunca usou sua beleza para conseguir o que desejava, conseguindo...