DESCONTROLADA 2

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POV MARÍLIA MEDONÇA

Saí do quarto deixando Maraisa sozinha e fiquei um tempo sentada na escada próxima ao quarto. Eu não sabia ao certo como estava me sentindo. Por um lado eu estava certa, pois estava me esforçando muito para que Maraisa tivesse o melhor de mim. Por outro, eu estava errada. Eu merecia ouvir tudo aquilo, eu merecia sofrer pela desconfiança dela, pois já tinha feito muitas coisas erradas e podia imaginar o quanto era difícil confiar em uma pessoa depois de tudo.

O que me deixava triste era que eu queria a confiança dela, mais que qualquer coisa. Queria que ela se sentisse completamente amada como eu me sentia com ela, e me chateava saber que isso era tão difícil. Mas de qualquer maneira, eu a entendia. Mesmo sabendo que talvez nesse momento eu não merecia aquelas palavras.

Agora eu estava me sentindo mal por deixa-la sozinha. Eu não estava esperando que ela viesse falar comigo, isso não fazia muito o tipo dela ir atrás, mas com certeza eu não conseguiria dormir sem senti-la perto de mim, sem sentir nossos bebês na barriga dela.  Era óbvio que eu voltaria lá e mesmo que a errada não fosse totalmente eu, iria lá e pediria desculpas. Imaginei que ela poderia estar dormindo, já que seu sono agora era bem mais pesado, seria bem mais fácil se já estivesse.

Andei até a porta do quarto me sentindo uma imbecil e abri a devagar. A cama estava bagunçada, mas estava vazia. Fui até o banheiro e nada de Maraisa. Automaticamente me bateu um desespero. Ela estava ali, pois em nenhum momento a vi saindo do quarto.

Vi uma sombra na varanda e abri devagar a porta, meu coração veio na boca. Maraisa estava sentada no parapeito da varanda balançando os pés e olhando para o céu. Engoli seco com medo de assusta-la e ela simplesmente se desequilibrar dali. Fiquei em silêncio e pude perceber que ela cantarolava alguma música. Ela passou uma das mãos no rosto e vi que chorava. Fiquei ali quieta e imóvel a escutando

De todo amor que eu tenho
Metade foi tu que me deu

Ela tocou sua barriga e chorou ainda mais. Ela encarou

a lua e voltou a cantar.

Salvando minh'alma da vida

Sorrindo e fazendo o meu eu

Ela alisava a barriga e caia em prantos. Senti uma aflição forte. Queria entender o que estava a deixando tão triste. Ela parecia estar em um momento dela. Como se estivesse numa bolha, conectada com ela, os bebês e a lua.

Salve, salve essa nega

Que axé ela tem

Te carrego no colo e te dou minha mão

Minha vida depende só do teu encanto

Senti uma lágrima descer em meu rosto, a voz dela era encantadora. Ela cantava baixo, quase sussurrando. Tinha tanta emoção em sua voz, que eu queria me debulhar em lágrimas também.

Ela parou de cantar e abaixou a cabeça, ainda chorando muito. Me aproximei dela por trás e a abraceipousando meu rosto em seu pescoço. Ela pareceu se assustar de início, mas logo percebeu que era eu ali, e sua mão acariciou meu rosto. Fechei os olhos ao perceber que ela chorava ainda mais. A puxei pelas costas tirando de cima daquele muro. Ela ficou de frente para mim e passei as mãos em seu rosto, tentando secar as lágrimas.

Marketing- Malila (G!P) [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora