Marie Anne preferia se matar de estudar sozinha do que com Remus Lupin. Seu orgulho estava deveras ferido em ter que fazer horas de estudo com o garoto.
Mas mesmo odiando admitir, Marie sabia que o grifinório era bom em praticamente todas as matérias, incluindo Herbologia e Runas Antigas.
Sua mãe iria ficar horrorizada em saber que ela irá estudar com um grifinório, principalmente um que não é sangue-puro, mas foi ela quem pediu para que estudasse com alguém, não é?
A última parte não incomodava Marie de maneira nenhuma, tanto lhe fazia o status sanguíneo de Remus, ela só não queria ter que sentar em frente ao garoto e lhe pedir para explicar para ela sobre tais assuntos.Tanto é que ela não iria fazer.
Após voltar para a sala comunal ontem a noite, ela foi bombardeada de perguntas sobre a detenção, na qual ela não respondeu nenhuma e foi direto para seu dormitório tentar dormir abraçada de Peppe e esquecer o dia terrível que teve.
Era sexta quando no café da manhã, Minerva foi até Marie Anne e Remus para dizer que seria propício estudarem na biblioteca, já que assim não haveria barulho.
Marie Anne passou o resto das aulas do dia sem nem prestar atenção direito, em um estado depressivo em saber o quê lhe aguarda após o término do delas.
Ela não sabia que Remus estava do mesmo jeito, sem nem conversar direito com seus amigos e irritado com o rumo de sua vida.Mas era assim que se encontravam agora.
Um limpar de garganta é ouvido, fazendo Marie Anne levantar seu olhar para encontrar o de Remus do outro lado da mesa.
Eles já estavam na biblioteca, chegaram juntos, na verdade. Alguns livros estavam em cima da mesa de madeira e eles estavam sentados um de frente para o outro em silêncio há mais de quinze minutos, ambos não querendo dar o primeiro passo.
Marie Anne era orgulhosa, ela não planejava começar uma conversa com o garoto e não iria, se ele estava em quieto, ela era como um túmulo, nem sequer olhou para ele antes do mesmo chamar sua atenção.Remus estava inquieto com o silêncio da garota, ele tambem não estava contente, mas estava se conformando de que não tinha o que fazer.
— Se vamos fazer isso, você tem que falar comigo, você sabe – Remus fala com ela que o havia ignorado há uma eternidade.
Marie Anne olha para o garoto com desdém — Eu tenho? – ela levanta uma sobrancelha, irritante.
As sobrancelhas de Remus também se erguem, surpreso por ela ter falado com ele — Ah, olha, o gato não comeu a sua língua – diz para alfinetá-la e ela revira os olhos, o ignorando e voltando a olhar para o nada, o dirigindo apenas suas bochecha esquerda. Remus bufa e se encosta na cadeira, esfregando suas mãos em suas calças e olhando para os poucos alunos que andavam pela biblioteca silenciosa.
O silêncio era ensurdecedor e opressor, mais alguns minutos se passaram e o pobre lobisomem estava em aflição, Minerva não iria gostar daquilo.
Mais uma vez ele tenta.— Olha, eu também não queria estar aqui – Remus começa olhando para a garota que ainda não o olha, o que só o deixa irritado — Você se sente incomodada? Acredite, eu me sinto mais, porque eu sou a última pessoa com quem você queria estar aqui e tudo bem porque é mútuo – ele começa a desabafar e jogar as coisas para fora de sua boca, atraindo a atenção de Marie Anne dessa vez, que o olha com olhos cerrados enquanto ele se inclina para a frente na mesa — Mas faz parte do nosso castigo e Minerva não vai ficar satisfeita se ver que não estamos avançando e estudando como ela disse para fazermos.
Marie Anne fica surpresa com o garoto que normalmente é reservado falar assim com ela, ela percebe que ele estava realmente frustrado e quase sorri divertida.
Marie o olha atentamente, seu olhar é tão profundo que deixa Remus desconcertado sob ele.Remus engole em seco — Então me ajude nessa e fale qual matéria nós iremos estudar – ele propõe para que ela escolha o assunto de estudo de hoje.
Marie não é boba, ela não iria simplesmente dizer que estava com dificuldade em duas matérias para que ele esfregasse quão bom ele é na cara dela, então apenas pega um livro e fala simples, quase que ele não consegue ouvir.
— Herbologia.
Remus chega a pensar que ela não falou nada, mas tem certeza que viu seus lábios se moverem.
— O quê? – ele pergunta esperando que ela diga mais uma vez.
Marie levanta os olhos verdes do livro para encontrar os do garoto — Vamos estudar Herbologia.
O garoto então pisca — Ah – impressionado que ela tenha falado com ele diretamente e olhando para seus olhos — Ok... Ok, isso é bom – ele olha para a garota que volta sua atenção para o livro de Herbologia, a observando — Já é um avanço.
וו×
Naquela noite, Marie Anne entra em seu quarto se sentindo estranha.
Remus e ela ficaram estudando durante uma hora e meia antes de perceberem que era tarde e logo teriam que patrulhar. Eles não se despediram, nem trocaram palavras, apenas olharam um para o outro e se levantaram, cada um indo para um lado do corredor e seguindo direções opostas.
Após a cansativa patrulha, Marie Anne resolve ir deitar. Ela não pode dizer que entendeu alguma coisa sobre Herbologia porque ela não entendeu. Ela leu várias e várias vezes, mas não entrava em sua cabeça várias questões, mesmo assim não pediu ajuda ao garoto, aquilo era difícil demais para ela e não estava ao seu alcance, ela ainda se ressentia por ele ter dito que ela não era tão inteligente quanto pensava.
Se esforçar para ser boa era algo que estava sempre na mente de Marie Anne, ela não era certinha, mas queria sempre tentar ser a melhor no que fazia, era o lema dos Deveraux e dos Belangér, todos sempre queriam a perfeição.
Ouvir de um garoto grifinório que sempre está em seu caminho dizer que ela não era inteligente é o mesmo de ouvir que ela não é boa o suficiente, e isso doía.
Marie já ouviu isso várias vezes de sua mãe.
Não levem a mal, ela era uma boa mãe e amava Marie Anne, mas ela e seu marido sempre exigiam o melhor de Marie e Julian.
Marie não ligava, simplesmente porque era sua mãe que dizia e ela já havia se acostumado, mas ouvir de outra pessoa o mesmo pensamento... A deixava chateada."O que quer que for fazer, faça com perfeição. Sempre seja a melhor naquilo que faz."
Esse era o bordão de Leonor Deveraux.
Marie pensa nisso quando se deita em sua cama, Peppe deitado em seus braços tentando escapar do aperto da garota que estava o abraçando apertado e fazendo carinho em sua cabeça.
— Oh, Peppe – Marie exclama já em sua camisola e continua a acariciar seu gato tigrado — O quê eu vou fazer? Mes parents estão insatisfeitos com minhas notas em Herbologia e Runas Antigas e a única pessoa que eu estou amarrada a estudar é um grifinório irritante e sofomaníaco.
Ela gira Peppe em seus braços e ele grunhe arranhando as patas no ar ainda tentando sair de seu aperto, miando para ela.
— Acha que devo ceder, Peppe? Realmente pedir ajuda a ele? – Marie Anne olha para seu gato pensativa antes de colocá-lo no chão ao lado de sua cama e ele mia novamente. Marie abraça o travesseiro antes de balançar a cabeça — Non, de jeito nenhum vou dar a ele o gosto de me ver pedindo ajuda.
Marie Anne então fecha os olhos com força e bufa, tentando adormecer sem pensar em seus pais e sem pensar no garoto sabe-tudo com quem terá de estudar segunda-feira.
N/A:
(Sofomaníaco: indivíduo estúpido que se acha extremamente inteligente.)
VOCÊ ESTÁ LENDO
FROM OTHER LIVES // Remus Lupin¹
FantasyDE OUTRAS VIDAS // Remus Lupin (Marauder's Era) "- Sinto como se estivesse ligado à você de alguma forma. - Talvez esteja... Talvez nos conheçamos de outras vidas." Marie Anne Deveraux e Remus John Lupin eram extremos opostos. Pelo menos é o que tod...