14. O Peso De Um Sobrenome

638 69 23
                                    

Remus Lupin não foi visto por Marie Anne no sábado, tão pouco no domingo.

Ele havia sumido.

Seus amigos apareceram no dia seguinte, mas Marie Anne nunca iria sair por aí perguntando.
Não é de hoje que isso acontece, desde o primeiro ano o garoto some algum dia do mês e por boatos que chegam aos ouvidos de Marie, ele apenas fica doente.

É o que ela já sabia, afinal já tinha ouvido isso tantas outras vezes.

Ela quase se recusou a aparecer segunda, mas não queria dar motivos para que ele contasse algo à Minerva, se alguém fosse fazer isso, seria Marie.
No entanto aqui estava ela, entrando na biblioteca.

Marie Anne nem chega a mesa quando já vê o grifinório que estava desaparecido há quase três dias. Ela joga sua bolsa na mesa e ele olha para cima, ele já sabia que ela havia chegado, sentiu seu cheiro de pêssego desde que ela virou o corredor, mas não quis demonstrar.

— Não faz nem uma semana que começamos a estudar e você além de se atrasar, não apareceu na sexta-feira – Marie acusa e se senta cruzando os braços, encarando o menino — Que belo professor você é.

— Achei que não me queria como seu professor – Remus fala levemente, tentando não fazer contato visual.

Marie pisca — Isso não vem ao caso – ela dispersa o assunto — Por quê não apareceu sexta? Poderia ao menos ter avisado. Você sabe que eu fiquei aqui até às oito? – pergunta indignada.

Remus não estava com paciência, se antes estava tolerante com Marie, depois da lua cheia de sexta, ele não conseguia falar com ninguém, muito menos se olhar no espelho.
Ele esfrega os olhos com um suspiro e olha para ela — Não estava nos meus planos ficar doente – ele diz.

Marie não sabia se acreditava.
Ela nota arranhões em sua bochecha assim como hematomas, qualquer doença que fosse, não faria isso a ele.

— O quê aconteceu com seu rosto? – ela arqueia uma sobrancelha e pergunta, uma parte se arrepende por ser intrometida e curiosa, mas a outra não se importa.

Remus para, não sabendo se ela estava perguntando sobre sua cicatriz, logo então se lembra de que está com machucados por todo o rosto.

Ele leva a mão a bochecha e a despista — Não é nada.

Marie não ia perguntar de novo.
Ela fica quieta e olha para baixo, dessa vez evitando o olhar do garoto lobisomem.

Remus a olha e suspira cansado, realmente não querendo falar com a garota mais do que o necessário — Não era minha intenção te fazer esperar.

Marie Anne apoia o queixo na mão e faz um beicinho — Do que adianta agora? Já passou mesmo.

Remus apenas desvia o olhar e a ignora. Marie Anne não pode dizer que gostou disso. Ser ignorada não está no seu itinerário.

Mesmo assim, ela abre um livro de Herbologia do sexto ano. Marie já sabia que não ia entender nada, mas ainda revirava seu estômago ter que pedir ajuda, principalmente com o garoto estando distante e mal humorado hoje, ele mal olhou em sua direção.

Marie Anne fica se debatendo se deve ou não falar com o garoto sobre isso, até que finalmente resolve fazer o que seus pais lhe disseram e pedir para que alguém lhe ensine... Mas usando seus truques, é claro.

Argh! – ela geme frustrada — Eu desisto! – Remus a olha interessado ao surto repentino — Eu não consigo entender nada sobre esse livro e já estou lendo ele há mais de uma semana! – Marie morde a ponta do dedão nervosa antes de olhar para o garoto e deitar sua metade superior na mesa dramaticamente, seus braços esticados — Você poderia fazer o que me propôs e... Me explicar? – ela pergunta docemente e pisca seus olhinhos de cachorrinho para Remus que a olha divertido.

FROM OTHER LIVES // Remus Lupin¹Onde histórias criam vida. Descubra agora