22. Tudo o que vai, volta

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Anna Carolyna P.O.V

Eu não sei como consegui dormir, muito menos como vim parar em minha cama, só sei que me sentia um tanto aérea. Juro que nunca fumei maconha, mas a sensação deve ser a mesma. Eu fui desperta por Rafa que me ajudou a sentar na beira da minha cama e só então percebi que ainda estava usando a roupa da noite passada. Busquei forças em meu próprio corpo e consegui me pôr em pé, eu parecia mais pesada que o normal. Que porra está acontecendo? Será que estou sonhando?

- Você está se sentindo bem? - ouço a voz de meu amigo um tanto grossa, deveria ter acordado a pouco tempo.

- Não exatamente, tô me sentindo estranha. Sei lá. Sabe aquelas fotos com efeito "vinheta"? - ele assente. - Minha visão tá meio assim.

- Então tá tudo bem. Vai passar logo. Eu não te dei uma inteira mesmo.

- Como você... - paro por um instante raciocinando um pouco sobre aquela situação. Eu estava confusa, mas minha capacidade de raciocinar continuava inabalável. - Você me drogou?! - eu estava incrédula. - Eu não acredito que você usou o remédio do seu tio em mim. - finalizei elevando a voz.

- Não, eu não te droguei, eu te fiz dormir, é diferente. - cínico. - E a propósito, eu só te dei 1/3 daquilo, por isso o efeito vai passar mais rápido.

Ainda bem, não é?

Quando essa anta tomou isso, o efeito completo só passou aproximadamente 24h depois. Ainda lembro quando ele me ligou, parecia bêbado ou drogado, tinha um pouco de dificuldades para falar, mas bem, ele tomou um comprimido inteiro. É um idiota mesmo.

- Ela já chegou? - pergunto me referindo a Priscila.

- Dá pra parar de pensar nela por pelo menos dez minutos? É só o que eu te peço, dez minutos pra você trocar de roupa e ir ao banheiro lavar sua cara.

- Ela já chegou? - ignoro e pergunto novamente fazendo-o revirar os olhos.

- Não, ela não chegou, não ligou e nem deu sinal de vida, mas ela deve estar viva, coloquei no noticiário local assim que acordei e não falaram nada sobre a primogênita dos Caliari ter sido encontrada morta.

Péssima hora para usar suas ironias. Fuzilo-o com os olhos e ele me lança um riso cínico, em seguida segura em meu braço me ajudando a chegar até o banheiro onde lavei meu rosto e escovei os dentes. Devo dizer que nunca achei que seria tão dificultoso colocar o creme dental numa escova de dentes. Mesmo sendo um tanto trágico eu ri, porque sou dessas que ri da própria desgraça. Esse dia vai entrar para a história.

Saio do banheiro indo em direção ao meu roupeiro, procurando algo mais despojado para usar. Acho uma blusa preta do Linkin Park e um short de algodão na mesma cor, vestindo-os assim que me livro daquele vestido. Vou até a sala encontrando meu amigo escorado no sofá com seu celular em mãos.

- Eu vou comprar o nosso café. Faço questão de pagar. Quer algo em especial? - pergunta-me desviando seu olhar até mim.

Faço um sinal com a mão para que ele esperasse e vou até meu quarto, pegando uma caderneta juntamente à uma caneta, anotando algumas coisas ali com certa dificuldade em minha coordenação motora. Ele me observava da porta do meu quarto, com os braços cruzados. Assim que termino de escrever, arranco aquele pedaço de papel e entrego a ele.

- Pega. Eu não tô com fome, mas a Priscila gosta de comer algumas dessas coisas no café da manhã.

- Nossa. Senhora. - diz pausadamente. - Você está com um problemão. Trouxisse Aguda, conhece?

Reviro os olhos e ignoro sua pergunta dando um jeito de virá-lo, conduzindo até a porta da casa. Assim que o coloco para fora, me jogo no sofá pensando nos últimos acontecimentos.

Colega de Apartamento •Capri•Onde histórias criam vida. Descubra agora