Anna Carolyna P.O.V
Eu sinceramente preferia não pensar muito no que aconteceu, mas minha mente tinha vontade própria e aquelas palavras não saíam da minha cabeça. Chorei na frente de meus pais, chorei na frente do Rafa e seu pai, chorei durante a viagem de volta e chorava agora encolhida em minha cama. Foi algo que me assombrou por muito tempo e não posso voltar atrás, não que eu me arrependa, mas aquelas palavras me deixaram destruída. Respiro fundo e decido seguir o "conselho" da música que ecoava por meus fones: vou sobreviver ao meu dia mais escuro, cantando aquilo no auge de meus pulmões se fosse preciso. (12 Stones - This Dark Day)
Priscila estava com Day na sala, sua amiga ligou feito louca enquanto estávamos na estrada, porém, não há sinal lá. Assim que os celulares encontraram sinal, Priscila recebeu um SMS dela que eu li a seu pedido, já que ela estava no volante. "Você não sabe o que sua amiguinha aprontou agora. Me liga quando chegar". Mais problemas. Priscila bufou.
Assim que chegamos Priscila ligou para ela que ao invés de dizer alô, oi ou qualquer coisa do gênero, já atendeu dizendo "você pode me dizer qual o problema dela?". Sei disso porque eu também estava curiosa e Priscila deixou que eu escutasse a breve conversa, quem sabe eu me distraísse. Day estava chateada porque Biazin havia viajado de última hora para acompanhar a ex num novo ultrassom e enfim descobrir o sexo dos bebês. Até cheguei a esboçar um riso meio sem graça por causa dos ciúmes que ela negava ter. O mais engraçado era que durante a ligação ela estava com a Elana, sendo que dias atrás terminou o que tinha com ela daquela forma, na frente de todos. Não estou julgando, é até bonito saber que alguém consegue enxergar algo bom em Elana, queria que meus pais se deixassem enxergar o bem que Priscila me faz.
Minha namorada discordava totalmente do poder que Day queria exercer sobre a garota, ela tinha sua vida, seus problemas e suas prioridades assim como qualquer pessoa. Priscila, um tanto irritada pelo ocorrido com meus pais, acabou descontando na amiga dizendo que existiam problemas de verdade requerendo sua atenção e numa breve discussão entre as duas, Priscila "explodiu" deixando Day saber que meus pais sabiam da gente. A garota prontamente esqueceu-se da mini discussão e se disponibilizou a vir até nós, mesmo que tenhamos dito educadamente que não precisava.
O que eu precisava talvez fosse ficar um pouco sozinha e por isso fiquei reclusa em meu quarto, tentando limpar minha mente das memórias ruins recentes, mas era algo impossível. Não queria que Priscila embarcasse na minha tristeza e por isso a deixei conversando com Day no cômodo ao lado. Ouvi batidas na porta de meu quarto e logo a garota aparece devagar, como se quisesse ter certeza que podia entrar.
- Hey, eu já tô indo. Só vim me despedir. - Day esclarece aproximando-se para sentar na beirada da cama. - Priscila me explicou tudo. Eu sei que dói, mas ela vai ser a sua dipirona. - acabo sorrindo de seu comentário e ela também. - Desculpa, as vezes eu não sei o que dizer.
- Isso não importa. Você veio até aqui, eu não esperava tanto, de verdade. Eu sei que sobrecarreguei a Priscila com isso e ela precisava de alguém que a escutasse. Obrigada.
- Naa, não pensa assim. Vocês são um casal que se ama muito, quando uma não está bem, a outra sente de forma semelhante e isso é normal e inevitável. Vai passar, tá bom? Você provavelmente nunca irá esquecer, mas a dor vai passar. Já estivemos no seu lugar, mesmo que as reações e circunstâncias tenham sido um pouco diferentes. Te garanto que vai ser bem melhor agora, você é independente, não é uma adolescente obrigada a conviver diariamente com olhares reprovativos, desconfianças e questionamentos absurdos, além de que você tem uma namorada incrível com amigas mais incríveis ainda pra te encher de confiança. Agora que seus pais sabem quem você é verdadeiramente, não vai demorar muito para que você escancare isso pro mundo por vontade própria e essa é a melhor parte, a sensação de estar solta das amarras, de poder compartilhar sua felicidade com todos e de saber quem realmente está do seu lado.
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Colega de Apartamento •Capri•
РазноеAnna Carolyna é uma garota de 25 anos que tem "problemas" quando o assunto são seus sentimentos amorosos. A um ano e cinco meses, mudou-se para a capital para fazer sua faculdade. Ela consegue uma colega de apartamento para dividir as despesas, a li...