Anna Carolyna P.O.V
- Daí eu acordei num cemitério. - Bibi conclui fazendo a mesa gritar.
Meu Deus! Que garota louca. Vendo e ouvindo sobre as coisas que ela fez e faz, penso que não vivi nada da minha vida.
- EU QUERO MORRER TUA AMIGA! - Clara diz alto após bater a palma da mão forte e intencionalmente na superfície da mesa.
- Mais calmo e tranquilo que isso não tem. Fiquei dialogando com as almas, né? E eu não faço ideia de como fui parar lá dentro. Gente, eu pulei a porra de um muro pra entrar lá, porque não fica aberto até aquela hora. Pior foi quando eu acordei. Tava deitada no mármore gelado do túmulo do meu amigo Calisto que fiz naquela noite, um defunto muito simpático, inclusive voltei pra deixar flores pra ele num outro dia, mas isso é outra história. Foram altos papos naquela madrugada. O sol ainda tava nascendo, acordei com ele na minha cara, o cemitério fechado e eu doida pra sair de lá, vocês não sabem a dificuldade que eu tive em pular pra fora, pra entrar deve ter sido moleza. (N/A: misericórdia, única vez que pisei num cemitério eu já quis sair, imagina passar a noite, conversar com "defunto" e ainda voltar?)
Ok. Ela é MUITO louca. Mas quem nunca fez algo louco na vida? (N/A: loucura ainda é pouco perto do que ela já fez)
Tudo bem que ela parece um imã para essas coisas, e depois dessa do box ficamos realmente preocupadas, elas tiveram alguns cortes profundos e nem deveriam estar em aula ainda, o problema é que tinham um trabalho a apresentar e as duas não queriam fazer em outra ocasião. Acreditem se quiser, elas são ótimas alunas quando querem, já venho notado isso faz um tempo, principalmente quando Bibi fazia questão de esfregar na cara de Priscila sua prova ao tirar nota maior que minha namorada, mesmo que fosse apenas um décimo a mais.
Naquela tarde eu teria mais algumas provas a aplicar, a primeira turma seria o 3° ano "01", aquela mesma que Priscila conheceu primeiramente quando eu a trouxe. Bom, agora não poderia mais trazê-la, já que retornou ao estágio para cumprir suas horas restantes e eu novamente voltaria a rotina dos ônibus ou poderia testar a bondade de meus colegas de trabalho pedindo uma carona.
- Boa tarde, queridos escravos! - digo ao entrar na sala vendo todos já sentados em dupla como eu havia pedido na sexta. - Como se sentem com a aproximação da entrega da carta de alforria a vocês?
- Eu me sinto realmente uma escrava quando a senhora fala assim. - Rayane faz graça.
- Vocês sabem que o negócio é bem pior depois daqui, não é? - aviso sincera. Já é complicado naturalmente, imagina conciliar trabalho e faculdade como no meu caso e de muitos por aí.
- Que animador, mal posso esperar para me formar e continuar sendo sugado até a alma na faculdade. - Frank diz numa falsa animação.
- Nem alma eu tenho mais, tio Lu levou pro vale. (N/A: que vale? É o que eu to pensando Dany gayzinha)
- Credo, Dany. - Rayane benze a si própria com o comentário de sua dupla para aquela prova.
- Professora, além de ser em dupla vai ser de múltipla escolha? - Matheus pergunta ao fundo. Não quer o gabarito também? (N?A: doce feito limão)
- Vai sim... Ou faz, ou deixa em branco. - digo ao tirar as provas da bolsa. Logo começo a sorrir de mim mesma e de alguns que reviraram os olhos com minha resposta.
Os celulares logo foram deixados onde pedi e assim distribuí uma certa quantidade de provas para cada cabeça de fila, assim passariam aos demais até chegar às últimas duplas de cada fila.
- Já sabem as regras. Tenho um aviso importante antes de iniciar. Eu e o professor Jorge, de matemática, daremos aulas de reforço a quem se interessar nos sábados e domingos à tarde para ajudar vocês nos vestibulares. Não precisa pagar nada, nós realmente queremos ajudar. Assim que forem terminando a prova, os interessados escrevam seu nome e número aqui nesta folha que avisaremos quando vamos iniciar. Lembrando que faremos isso apenas para a turma de vocês que me escolheram como conselheira e a turma que o escolheu, até porque vai ser na minha casa e não cabe todos os 3° ano dessa escola lá. Vocês me escolheram, e agora eu escolhi vocês. Boa prova. - e assim tomo meu posto de pé em cima da mesa de madeira.
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Colega de Apartamento •Capri•
SonstigesAnna Carolyna é uma garota de 25 anos que tem "problemas" quando o assunto são seus sentimentos amorosos. A um ano e cinco meses, mudou-se para a capital para fazer sua faculdade. Ela consegue uma colega de apartamento para dividir as despesas, a li...