46. Rebuceteio

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Anna Carolyna P.O.V

- Carolyna, por favor! - Priscila pede seguindo-me até a cozinha onde tomei um copo d'água tentando me acalmar.

- Você nem me deu a oportunidade de dizer o que eu pensava.

- E precisava pensar alguma coisa sobre? A gente tem que andar pra frente e não ficar parada no mesmo lugar e esse é tipo o último passo, Carolyna.

- Melhor ficar parada do que regredir!

- Regredir o que?! - ela se desespera gesticulando com os braços. - Não vai regredir nada. Já temos a bênção dos seus pais. O resto, é resto, mas uma hora ou outra isso vai acontecer e eu quero muito que seja agora, quando teremos outra oportunidade?

Assim que o táxi chegou e meus pais saíram iniciamos essa discussão, pois um pouco antes de irem embora nos convidaram a passar o Natal com eles e todo o resto de nossa família, avós, tios e primos por parte da minha mãe. Sempre se reuniam assim em certas datas comemorativas. Obviamente fiquei feliz pelo convite, o que não significava que eu aceitaria, o problema foi que Priscila nem me deixou responder, prontamente aceitou por nós duas e eu não sei se isso foi uma boa ideia.

- Tudo bem que já postei fotos e mais fotos com você e todos devem ter visto, mas não é como encarar desconhecidos como já fizemos em outros lugares, são pessoas importantes pra mim agora. O olhar reprobatório deles não me afetará da mesma maneira que o olhar de desconhecidos, vai ter um peso enorme. - explico meu ponto de vista. - Eu não tô preparada pra encarar todos aqueles olhares sobre mim como se tivesse algo de errado.

- Sobre nós! Não esqueça, eu vou estar do seu lado a todo instante, como sempre estive. E se você estiver muito incomodada, nós vamos embora e passamos o Natal com a família do Rafa, resolvido.

- Me deixa colocar a cabeça no lugar. - peço saindo da cozinha, indo ao meu quarto. Ela foi atrás.

- Não tem que se estressar com isso, só ir comigo amanhã. Eu ainda tenho que ligar pra minha mãe e explicar que não vamos mais ceiar com eles, isso vai ser difícil, espero que entendam.

- E eu preciso me preparar pra amanhã. Me deixa um tempo sozinha, por favor.

Pedi, mas ela continuou ali.

- Tá chateada, não é? - pergunta calma sentando ao meu lado na cama.

- Não Priscila, eu não tô chateada. - digo jogando as costas no colchão falando um pouco alto demais.

- Então fala mais baixo, tá gritando comigo por que?

- Porque você tá me irritando rebatendo tudo que eu falo. Eu só quero ficar em silêncio, se quiser pode deitar e ficar em silêncio comigo, mas só... fica calada.

- Tá bom.

Ok, eu realmente estava chateada no início, mas a conversa com ela foi diminuindo isso e depois de um tempo refletindo em silêncio, cheguei a conclusão de que talvez tenha me exaltado demais. Quer dizer, eu não estava errada, mas ela também não e eu entendia seu lado, só que parecia que ela não entendia o meu. Me senti mal por ter elevado a voz para ela e tomei sua mão entrelaçando nossos dedos como se dissesse que não estava brava, mas isso não significava que eu queria mais contato. Ela pensou que eu havia baixado a guarda e se aproximou deixando beijos em meu ombro, rosto e pescoço.

- Priscila, por favor. Fica quieta no seu lugar. - digo tentando esconder o sorriso e manter a pose séria.

Então ela pega seu celular atraindo meu olhar, digita algo nas notas e mostra a mim.

Você pediu silêncio, eu ainda estou em silêncio.

Revirei os olhos, fazendo-a rir.

- É sério. Sai daqui. - digo já bem humorada.

Colega de Apartamento •Capri•Onde histórias criam vida. Descubra agora