Por: Ian Pietrani

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Hoje eu não queria voltar para a empresa, não podia ver a Lya, não hoje. As palavras dela ainda ecoavam na minha mente, então era essa a ideia que ela tinha de mim. De um mentiroso traidor, sabe lá se ela realmente acreditava que eu não roubei a empresa. Eu respirei fundo e Stella interrompeu meus pensamentos 

-Papai papai...

-Oi meu amor?

Peguei Stella no colo e dei um sorriso torto

-Porque você tá triste?

-Nada meu amor, coisas de adulto.

-E por causa da tia Lya?

Essa garota era uma curiosa, e mesmo pequena me conhecia como a palma da minha mão

-Não meu amor, não é

-Sei...

Ela colocou um dedinho na boca pensando, com certeza ela estava pensando se eu estava falando a verdade ou não, o que me fez sorrir

-Então, eu vou te contar, que todo dia a tia Lya me liga de noite pra me dar boa noite.

Ela deu um sorriso trincando os dentes, ela fazia isso quando queria me amolecer

-O que você está falando Stella?

-É a tia Lya me liga todos os dias pra me dar boa noite e perguntar como foi meu dia, e também fala pra eu ser boazinha com você e obediente

- E porque você esta falando isso pra mim hoje Stella?

-É porque...

- Fala logo Stella.

- É porque a tia Lya disse pra eu cuidar bem de você, que ela deixou você triste.

Respirei fundo e olhei pro nada por alguns instantes, Stella ficou me olhando mas logo voltou a brincar no balanço com as outras crianças em volta. Era exatamente isso que eu estava precisando, Lya estava mais presente na minha vida do que eu imaginava, a Stella amava ela. Como eu deixei essa situação chegar a esse ponto? Se eu seguisse minhas próprias regras. Respirei fundo tentando me acalmar e olhar ao redor do parque, o dia estava fresco, nublado eu diria logo logo iria chover.

Meu telefone tocou e por um instante pensei em não atender, resolvi tirar o dia de folga hoje, eu não estava legal depois de tudo que eu ouvi da boca da Lya. Era uma criança mimada! E não percebe o quanto eu sou apaixonado por ela, mesmo tentando ignorar o toque o meu celular ele era insistente, resolvi atender era Diego.

-Espero que realmente seja importante, caso de vida ou morte

- Relaxa...E aí Ian como está?

-Normal, você sabe que eu não vou voltar né ...

-Eu sei... mas cara você podia quebrar uma pra mim.

-O que você quer Diego?

-Cara tá um caos aqui sem você, você pode por favor pegar o portfólio pra mim e terminar em casa?

-Eu não vou na empresa eu não quero ver a Lyandra

Você não vai ver ela, você pode vim lá pelas 21 hrs nem a Lya viciada vai estar aqui essa hora, eu vou deixar a pasta na sua sala, por favor cara quebra essa pra mim.

-Tá bom Diego

-Que bom que seu lado viciado em trabalho falou mais alto

-Desliga logo antes que eu desista

-Falou falou.

Ele desligou. Diego tinha razão, eu era cem por cento viciado em trabalho e essa tarde longe da empresa tudo que eu consegui foi pensar na Lya quase o tempo inteiro, eu realmente precisava ocupar minha mente. Decidi ir para casa novamente, estávamos consideravelmente longe já que eu e Stella havíamos saído da cidade, ia chover bastante e mais tarde eu tinha que pegar os papéis na empresa.

-Vamos meu amor

Stella veio correndo. E a peguei no colo e dei um beijo na sua bochecha, fui até o carro a coloquei na cadeirinha e saímos.  Depois de algumas horas de viagem finalmente chegamos em casa e Stella foi tomar seu banho.

-Algum recado nana?

-Não menino, só da senhorita Lya..

-O que eu falei nana?

-Nada de recados da dona Lya.

-Obrigado por isso

Continuei andando até meu quarto

-Mas menino, ela parecia tão aflita...

-Não quero saber Nana

Gritei do quarto, eu não queria mais nem olhar pra ela e muito menos ouvir sua voz, era possível que toda minha raiva sumisse. Me sentei na cama e fiquei pensativo foi quando Naná bateu na porta

- Entra

- Menino, eu queria muito que a Stellinha dormisse la em casa hoje

- Mas porque?

-E... é porque os filhos da minha irmã também vão estar lá, vai ter uma festinha para as crianças e a Stelinha precisa se divertir um pouco

-Ta ok então, se ela quiser tudo bem

- Tudo bem menino.

Ela saiu e eu achei muito estranho, ela quase nunca chamava Stella para dormir lá, mas talvez fosse bom para Stella passar um tempo com crianças da idade dela, ela passava muito tempo com adultos. Não demorou muito e as duas já saíram para casa de Naná. Me despedi e fiquei sozinho, o que me fez me arrepender imediatamente porque com a casa vazia tudo que eu conseguia pensar era em Lya, em seus beijos, nossas brigas e em como a gente podia dar tão errado e tão certo ao mesmo tempo. Eu estava torcendo pra hora passar rápido mas tudo que ela fazia era se arrastar, me deitei até que desse a hora de pegar o portfolio. Eu não podia encontra-la.

5 vezes você (Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora