De manhã, Valancourt tomou café da manhã com St. Aubert e Emily, nenhum dos dois parecia muito renovado pelo descanso. O langor do mal-estar ainda pendia sobre St. Aubert, e, para o medo de Emily, a doença parecia estar tomando conta dele rapidamente. Ela observava seus olhares com uma afeição ansiosa, e a expressão neles sempre estava refletida fielmente nos próprios olhares dela.
No início de sua convivência, Valancourt revelara seu nome e sua família. St. Aubert não estranhou nenhum dos dois, pois as propriedades da família, que agora estavam sob a posse do irmão mais velho de Valancourt, ficavam a pouco menos de vinte milhas de distância de La Valée, e ele havia encontrado o Valancourt mais velho em visitas pela vizinhança algumas vezes. Este conhecimento o tornara mais disposto a receber seu presente companheiro; pois, apesar de seu rosto e comportamento terem conquistado a amizade de St. Aubert, que era apto a confiar na inteligência de seus próprios olhos com relação a rostos, ele não aceitava estes como introduções suficientes para a convivência com sua filha.
O café da manhã foi quase tão silencioso quanto a ceia da noite anterior; mas as reflexões deles foram, enfim, interrompidas pelo som das rodas da carruagem que iria levar St. Aubert e Emily embora. Valancourt se levantou de sua cadeira e foi até a janela; era de fato a carruagem; retornou ao seu assento sem falar. Agora havia chegado o momento em que eles deveriam se separar. St. Aubert disse a Valancourt que esperava que ele nunca passasse por La Valée sem o favorecer com uma visita; e Valancourt, agradecendo-o ansiosamente, assegurou-lhe que nunca faria tal coisa; ao falar, ele olhou timidamente para Emily, que tentou esconder, com um sorriso, a seriedade de seu ânimo. Eles passaram alguns minutos numa conversa interessante, e St. Aubert então guiou o caminho até a carruagem, Emily e Valancourt seguiram-no em silêncio. O último permaneceu na porta por vários minutos depois que eles haviam se sentado, e ninguém no grupo parecia ter coragem o bastante para dizer – adeus. Enfim, St. Aubert pronunciou a palavra melancólica, a qual Emily repassou para Valancourt, que a retornou com um sorriso abatido, e a carruagem seguiu em frente.
Os viajantes permaneceram, por algum tempo, em um estado reflexivo, o qual não é desagradável. St. Aubert o interrompeu ao observar: "Este é um jovem muito promissor; faz muitos anos desde que fiquei tão impressionado com qualquer pessoa após uma convivência tão curta. Ele traz de volta à minha memória os dias da minha juventude, quando toda cena era nova e maravilhosa!"
St. Aubert suspirou e mergulhou novamente em um devaneio; e, à medida que Emily olhava para trás para a estrada que eles passaram, Valancourt foi visto na porta da pequena hospedaria, seguindo-os com os olhos. Ele a viu e acenou com a mão; e ela devolveu a despedida, até que a estrada sinuosa a tirou da visão dele.
"Eu me lembro de quando tinha perto da idade dele", continuou St. Aubert, "eu pensava e me sentia exatamente como ele. O mundo estava se abrindo para mim na época, agora... ele está se fechando."
"Meu querido senhor, não pense tão sombriamente", disse Emily em uma voz trêmula, "eu espero que o senhor tenha muitos, muitos anos de vida – para o seu próprio bem – pelo meu bem."
"Ah, minha Emily!", respondeu St. Aubert, "pelo teu bem! Bom – eu espero que sim." Ele enxugou uma lágrima que fugia por sua bochecha, colocou um sorriso em seu rosto, e disse numa voz animadora: "há algo no ardor e na engenhosidade da juventude que é particularmente agradável para a contemplação de um homem velho, se seus sentimentos não tiverem sido corroídos completamente pelo mundo. É animador e restaurador, como a visão da primavera para uma pessoa doente; sua mente capta algo do espírito da estação, e seus olhos ficam iluminados com um brilho solar transitório. Valancourt é essa primavera para mim".
Emily, que apertava a mão de seu pai afetuosamente, nunca ouvira com tanto prazer os elogios que ele concedia antes; não, nem mesmo quando ele os dava para ela mesma.