Enquanto isso, Lady Blanche, que fora deixada sozinha por muito tempo, ficou impaciente pela companhia de sua nova amiga, que queria ver compartilhando do deleite que ela própria recebia do lindo cenário ao redor. Agora não tinha pessoa alguma para quem expressar sua admiração e comunicar seus prazeres, nenhum olho que brilhasse para o seu sorriso, ou rosto que refletisse a sua felicidade; ficou indisposta e pensativa. Vendo o descontentamento dela, o conde cedeu aos seus pedidos prontamente, e lembrou Emily de sua visita prometida; mas, o silêncio de Valancourt, que agora se prolongava muito além do período, quando uma carta poderia ter chegado de Estuviere, oprimiu Emily com uma ansiedade severa e, tornando-a avessa à sociedade, ela teria adiado a aceitação desse convite com prazer até que sua disposição ficasse aliviada. O conde e sua família, contudo, pressionaram-na para vê-la; e como as circunstâncias que estimulavam o seu desejo por solidão não podiam ser explicadas, havia uma aparência de capricho em sua recusa, na qual ela não poderia perseverar sem ofender os amigos, cuja estima era valiosa para ela. Portanto, finalmente, ela voltou em uma segunda visita ao Chateau-le-Blanc. Aqui as maneiras amigáveis do conde de Villefort encorajaram Emily a mencionar para ele sua situação com respeito às propriedades de sua tia falecida e a consultá-lo quanto aos meios de recuperá-las. Ele tinha poucas dúvidas de que a lei decidiria a favor dela e, aconselhando-a a solicitar isso, ofereceu-se para escrever para um advogado em Avignon primeiro, em cuja opinião ele achava que podia confiar. Sua bondade foi aceita por Emily gratamente, que, aliviada pela cortesia que experimentava diariamente, teria ficado feliz, mais uma vez, se pudesse ter certeza do bem-estar e da afeição inalterada de Valancourt. Ela havia ficado no castelo por mais de uma semana sem receber notícias dele e, apesar de saber que, se ele estivesse ausente na residência de seu irmão, mal era provável que sua carta já o tivesse alcançado, ela não conseguia evitar admitir dúvidas e medos que destruíam a sua paz. Novamente, considerava tudo que podia ter acontecido no longo período desde o seu primeiro isolamento em Udolpho, e, às vezes, a sua mente ficava tão sobrecarregada com o medo de que Valancourt não estivesse vivo, ou de que ele não vivesse mais para ela, que se sentava sozinha em seu aposento por horas a fio, quando os compromissos da família lhe permitiam fazer isso sem indelicadeza.
Numa dessas horas solitárias, ela abriu uma caixa pequena, que continha algumas cartas de Valancourt com alguns desenhos que ela havia feito durante sua estadia na Toscana, os últimos não eram mais interessantes a ela; mas nas cartas, com uma indulgência melancólica, ela pretendia recordar a ternura que a havia reconfortado tantas vezes e tornado, por um instante, insensível quanto à distância que a separava do escritor. Mas, o efeito delas havia mudado; a afeição que elas expressavam apelava tão fortemente ao seu coração, quanto ela considerava que essa afeição talvez tivesse cedido aos poderes do tempo e da ausência, e, até mesmo, ver a caligrafia trouxe tantas lembranças dolorosas, que ela se encontrou incapaz de terminar a primeira e sentou-se refletindo, com sua face descansando em seu braço, e lágrimas vindo aos seus olhos, quando a velha Dorothee entrou no quarto para informá-la de que o jantar ficaria pronto uma hora antes do horário de costume. Emily se assustou ao vê-la e pegou os papéis apressadamente, mas não antes de Dorothee ter visto tanto a sua agitação quanto suas lágrimas.
"Ah, Ma'amselle", disse ela, "você, que é tão nova, você tem algum motivo para tristeza?"
Emily tentou sorrir, mas não conseguiu falar.
"Ah! Querida senhorinha, quando chegar à minha idade você não chorará por coisas sem importância; e certamente você não tem nada sério para lhe atormentar."
"Não, Dorothee, nada de importante", respondeu Emily. Parando para pegar algo que ela havia deixado cair dos papéis, Dorothee exclamou de repente: "Santa Maria! O que é isto que eu estou vendo?", e então, tremendo, sentou-se em uma cadeira que ficava perto da mesa.