Lizabeth - Amor Depois Do Divórcio.

Capítulo 23: A história de vida.

Quem dera fossem os primeiros raios de sol a despertarem Hector, mas foram batidas insistentes e barulhentas que o fizeram acordar. Ele olhou rapidamente para seu lado, deparando-se com a bela mulher adormecida em seu leito, com suas costas desnudas e o quadril coberto pelo lençol.

Hector plantou um beijo nas costas de Lizabeth, mas não teve muito tempo para continuar com suas carícias, pois sua visita parecia muito insistente e isso o fez suspirar.

Quando ele chegou a sala, pôde ouvir uma voz e a reconheceu como:

— Heitor? — Sussurrou e então abriu a porta.

— Finalmente, pensei que estava morto! — Comentou e parou para prestar atenção aos detalhes. — Nossa, Hector...  Dado ao seu estado e odor, diria que você passou a noite com algue... NÃO! Não acredito que fez isso com a Liz, seu idiota! Ela não merecia isso!!! — Heitor o agarrou pelo pescoço e apertou um pouco, mas Hector era muito mais forte e foi fácil desgrudá-lo de si.

— Não traí a Liz, não preciso disso. Ela é mais do que suficiente para mim. — Disse impassível.

— E então? — Perguntou, mas somente depois de alguns instantes foi que se deu conta de que Lizabeth provavelmente era a mulher com quem havia passado a noite. Ele sentiu seus olhos marejarem, então foi em direção ao quarto em que certamente eles haviam dormido juntos.

— Heitor... espere! — Hector tenta detê-lo, mas ele é mais rápido e logo já está no quarto.

Então contempla a cena mais linda e dolorosa de sua vida, pois Liz parecia uma deusa enquanto descansava delicadamente, seus cabelos eram como cascatas e sua pele alva lançava feixes de luz, era simplesmente uma imagem divina. Mas tornava-se horrenda quando ao lembrar que ela descansava na cama de seu irmão, depois de ter se entregado de corpo e alma para ele.

— Heitor, vá embora agora mesmo! Lizabeth ainda está muito cansada, então nós conversaremos em outro momento. — Disse Hector, baixinho. Pois não queria que Liz acordasse bem naquele momento. Então ele o puxou para fora do quarto e o levou para a sala, onde estavam anteriormente. — Por que veio aqui? — Heitor voltou seus olhos vermelhos para o seu irmão e aproximou-se, então disse:

— Você a tem agora e eu não vou mais me meter no caminho de vocês dois, mas estou fazendo isso pela Liz e somente por ela. Porém, se eu souber que está brincando com os sentimentos dela, virei de onde estiver e a levo para o mais longe possível, mesmo que ela me odeie. — Sorriu amargamente e continuou: — Vou dar uma festa na mansão Adams e vim convidá-lo, é uma oportunidade para que você se reaproxime do vovô, já que ele quer vê-lo.

— E quem disse que quero proximidade com aquele velho? — Perguntou Hector, de uma forma rude.

— Hector, o vovô disse que aquilo foi para o seu bem!

— Para o meu bem? Foi isso que ele lhe contou? Ah, por favor Heitor! Mauro Adams me mandou para longe por não suportar a minha presença. Então por que eu o iria querer por perto?

— Por favor, Hector. — Insistiu. — Katherine e eu saíremos da cidade dentro de alguns dias e não sabemos quando iremos voltar. Então por favor, vá. — Assim, Heitor se retira e o deixa sozinho com seus pensamentos. Mas uma presença desvia sua atenção, arrancando-lhe um sorriso:

— Desculpe, mas não pude deixar de ouvir. O que Mauro Adams fez a você? — Hector lhe oferece um sorriso tristonho e diz:

— Me mandou para longe por eu ser filho ilegítimo de meu pai. — Liz franziu o cenho e Hector suspirou, então os dois sentaram-se em um sofá e ele continuou: — Quando meu pai se casou com a mãe de Heitor, era apenas um casamento por conveniência e não havia amor entre eles, meu pai era um tremendo badboy. Frequentava muitas festas, lugares requisitados... Então ele conheceu minha mãe, ela trabalhava como garçonete na época e estava tendo uma festa no clube onde ela trabalhava, o resto você já pode imaginar. Mas aí, o velho Adams descobriu e queria que meu pai terminasse seu relacionamento com minha mãe, porém, ele gostava muito dela e não poderia simplesmente deixá-la, principalmente porque minha mãe já estava grávida. — Nesse momento, Hector engole seco e Lizabeth percebe que pode ser algo muito difícil de falar.

— Tudo bem se não quiser continuar contando. — Beija sua bochecha e ele sorri.

— Não, tudo bem. É só que não estou acostumado a me abrir tão facilmente, mas desejo que saiba tudo sobre mim. — Liz assente, então ele continua: — Minha mãe morreu na hora do parto, com isso, meu pai se viu pai solteiro e para piorar, o velho Adams ainda o importunava para que ele voltasse para casa e para sua esposa. Então meu pai propôs para meu avô que retornaria e tentaria construir uma vida ao lado da esposa, se ele me reconhecesse como neto e sem saída, aquele velho aceitou e assim o fizeram. Meu pai cumpriu com sua palavra e alguns anos depois nasceu Heitor, confesso que nunca me senti triste, a mãe de Heitor cuidou de mim tanto quanto cuidou do próprio filho e acho que isso fez com que meu pai se apaixonasse por ela. Mas seu amor durou por pouco tempo, pois eles acabaram morrendo em um acidente.

Silêncio.

Suspiro.

— Então restou somente Heitor e eu nas mãos daquele homem e claro, ele não iria aceitar que um bastardo assumisse seu império no futuro, por isso ele me mandou para longe.

Lizabeth estava com seu rosto banhado por lágrimas, ela estava muito emocionada com a história de vida de seu noivo, que apesar de possuir um passado tão pesado, ainda mantinha um sorriso singelo em sua face.

— Você é incrível! — Disse ela, retirando sua máscara e o enchendo com beijinhos por suas bochechas.

Assim, eles partilharam parte daquela manhã e um pouco da tarde. E estavam muito felizes por estarem juntos e para o que dependesse dos dois, seria para sempre