Fim da dúvida

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Carolyna POV

- Carol, você está grávida? – Malu perguntou.

Eu estava evitando ao máximo pensar nessa possibilidade desde que passara mal pela primeira vez, em Brasília, mas quando Malu falou ela me pareceu mais real do que nunca. E se eu estivesse mesmo grávida?

- N-não. - Gaguejei.

- Tem certeza? - Malu voltou a perguntar, me olhando desconfiada.

- Não. - Admiti, sentando na porta do
banheiro e abaixando a cabeça.

Ela se aproximou de mim, abandonando a
expressão autoritária que estava usando para me pressionar, e adotando uma preocupada. Senti quando ela se abaixou para ficar da mesma altura que eu.

- Carol, existe mesmo essa possibilidade?

Eu concordei com a cabeça, e quando tornei a olhar para a minha melhor amiga não consegui segurar as lágrimas. Ela me trouxe para dentro de seus braços protetores e eu encostei a cabeça no seu peito.

- Eu não posso estar grávida, Malu. Vai
estragar tudo.

- Eu não posso mentir para você. A empresa
vai correr um risco enorme se você estiver
de fato grávida, mas primeiro nós temos que descobrir se isso é verdade mesmo.

- Eu não estou falando disso.

No começo eu também não conseguia
entender porque a ideia dessa gravidez
estava me apavorando tanto. Era bem mais do que o problema de a empresa ficar em maus lençóis caso descobrissem o casamento falso. O problema era Priscila.
A simples ideia de ficar sem Priscila me
apavorava. Não apenas no sentido físico, mas sim no sentido emocional. Eu demorei para admitir, até porque nem mesmo eu sabia ao certo quando começou, mas eu me apaixonei por ela. Em algum momento desses dois meses e meio de convivência, eu havia me apaixonado pelo seu jeito atencioso, carinhoso, e por tudo que envolvia a personalidade da mulher
com quem eu avia me casado. Ela havia me
conquistado por completo. E agora eu via a possibilidade de perdê-la. Perdê-la por um erro estúpido, que as pessoas haviam me alertado para não cometer. Principalmente a pessoa que me abraçava no momento.

- Você está falando do que? - Malu perguntou.

- Eu estou falando da Priscila. Do meu
casamento. De tudo o que nós construímos
nesses poucos meses de convivência. – Eu me afastei de Malu, para olhá-la. – Eu vou perder tudo isso. Eu vou perder a Priscila.

- E o que ela significa para você? – Malu
pressionou.

- Tudo. - Falei automaticamente. - Ela
significa tudo para mim, Malu. Eu não sei
como eu consegui ficar cega por tanto tempo. Como consegui fazer tudo o que eu fiz com ela. Só agora, que eu posso perdê-la eu percebi o quanto é forte o que eu sinto.

Eu voltei a cair no choro e Malu me trouxe
novamente para o seu peito, me abraçando e acariciando meus cabelos.

- Calma, Carol. Fica calma. Você ainda não tem certeza de nada. O que nós temos que fazer é procurar um médico, fazer um exame. E só depois você tem que se preocupar com isso, e com o que vai fazer caso esteja mesmo grávida.

Malu ainda ficou me abraçando por um tempo até que eu consegui parar de chorar. Então ela se levantou e me puxou para cima junto com ela.

- Vai lavar esse rosto. - Mandou. - Eu vou
ligar para o meu médico e ver se ele tem um horário para você.

Eu obedeci e quando voltei a sair do banheiro, Malu já havia fechado todas as janelas do estúdio.

- Ele tem um horário em meia-hora. Quanto
antes tirarmos essa dúvida, melhor. - Eu
concordei com a cabeça, incapaz de falar
alguma coisa. - Nós vamos no meu carro, você não tem condições de dirigir.

The Few Things - Capri Onde histórias criam vida. Descubra agora