Formatura

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Carolyna POV

O tempo passou rápido e logo já estávamos na metade de junho, sem muitas alterações de cenário. Eu continuava sem falar com Malu, e com o tempo, as pessoas pararam de tentar saber o porquê, presumindo que nós voltaríamos a nos falar quando deixássemos de ser duas cabeças-duras.
Meus encontros com João continuaram a
ocorrer quase todos os dias, e além de tudo,
eu e Priscila estávamos nos dando bem, algo difícil de acreditar, quando você nos conhecia desde crianças. Até nossos pais estranhavam o fato de ainda não termos nos matado, embora eles não soubessem o que acontecia entre nós entre quatro paredes. Depois do dia em que ela simplesmente me atacou na cozinha, nós voltamos a dormir juntas mais duas vezes, e sempre no mesmo esquema, sem planejar nada. Apenas ficávamos juntas quando sentíamos necessidade. Estava funcionando bem assim. O aniversário dela é em uma semana e nós vamos fazer uma pequena reunião para alguns amigos lá em casa. Mas antes disso, nós temos a formatura da Amanda e da Marcela para ir. Nem dá para acreditar que nossos bebês já estão se formando no Ensino Médio.

Parece que foi ontem que estávamos às segurando nos braços. Ok. Eu estou fazendo muito drama de irmã mais velha, mas esses momentos me deixam muito nostálgica.
Resolvi ligar para Priscila, para saber se ela
havia conseguido que nossos pais deixassem as duas dormir lá em casa após a festa. Eles estavam fazendo tanta marcação com as duas, que nós decidimos dar uma noite de folga para elas, para que pudessem namorar em paz. Seria nosso presente de formatura. Tentei primeiro no celular dela, mas nada daquele projeto de ruiva de Chernobyl me atender, então resolvi ligar no telefone do escritório:

- Escritório de Priscila Caliari. Boa tarde. -
Atendeu uma voz desconhecida.

- Boa tarde. Quem está falando?

- Mariana Gonzalez, a secretária dela.

Desde quando a Priscila tem uma secretária? Onde foi parar a senhora simpática que é a Dona Alice.

- E a Dona Alice?

Que pergunta inteligente Carolyna, parabéns.

- Ela agora trabalha apenas para o Senhor
Borges e para o Senhor Caliari. Em que
posso ajudar a senhorita?

- Passando o telefone para a dona do
escritório. - Falei grossa.

Não fui com a cara, ou melhor, com a voz,
dessa sujeitinha.

- A Priscila está em uma reunião no momento e não pode ser interrompida.

Priscila? Que intimidade é essa? Será que essa garota não percebe que está falando da chefe dela?

- A senhorita gostaria que eu deixasse algum recado? - Ela continuou.

- Sim. Avisa para ela que a Carolyna ligou. Não se preocupe, ela sabe quem eu sou.
- Falei e desliguei o telefone sem deixar que
ela tivesse tempo de falar mais alguma coisa.

O resto da tarde passou e nada da Priscila me retornar. Isso se aquela coisa que ela chama de secretária avisou que eu liguei.
Cheguei em casa, e, ainda de mau humor,
encontrei com ela descendo as escadas.

- Boa tarde - falou sorridente.

- Boa tarde - respondi seca.

Ela percebeu meu mau humor e falou:

- Ei, a Mariana avisou que você ligou, mas
eu não tive tempo de retornar, desculpa. Era importante?

- Não. - Me virei para subir até o meu quarto, mas me virei para olhá-la. – Desde quando você tem uma secretária?

- Nossos pais pediram para eu contratar
uma depois que Dona Alice teve algumas
complicações de saúde, eles não querem
sobrecarregá-la demais. Eu pensei que havia comentado com você?

The Few Things - Capri Onde histórias criam vida. Descubra agora