Priscila POV
Eu não sei o que aconteceu comigo durante o jantar. Quando vi aquela garota olhando para Carol meu sangue ferveu, e eu não consegui disfarçar. Confesso que inconscientemente meus primeiros pensamentos, quando percebi Carol devolvendo o olhar para a moça, foi:
"Será que ela percebeu as intenções por trás desse olhar? Será que ela também se sentira atraída pela garota? Será que se ela estivesse sozinha ela teria agido diferente e puxado conversa com a garçonete, ou até mesmo me trairia com ela?".
Esses pensamentos renasceram em mim
um sentimento que a muito eu não sentia:
insegurança. Óbvio que após nossa conversa ao sair do restaurante eu percebi o quanto tinha sido estúpida, afinal, nossa situação é muito diferente da que vivíamos alguns meses atrás e eu sei que Carol não me trairá mais. Passado esse momento breve de insegurança nós voltamos a aproveitar nossa viagem. No dia seguinte fizemos um roteiro cultural por Paris, visitando alguns museus e galerias
de arte. Carol andava com sua máquina
fotográfica registrando todos os nossos
momentos, e também a paisagem ao nosso
redor, exatamente como na primeira vez em que visitamos a cidade quando tínhamos em torno de uns quinze anos, e ela havia acabado de descobrir sua paixão por fotografia. Estávamos caminhando por uma praça enquanto nos dirigíamos ao Museu Jacuemart-André, e ela havia se adiantado para fotografar uma estátua viva que estava no local, e representava um nobre francês da época da Revolução.
Quando ela tirou a foto e se virou na minha
direção flagrou meu olhar sobre ela e
voltando para perto de mim perguntou:- O que tanto olha?
- Admirando a mulher mais linda do mundo. - A abracei e voltamos a caminhar. – E lembrando da nossa primeira visita a Paris. Você fotografou tudo, exatamente como hoje.
- Eu fotografava tudo naquela época. Havia acabado de ganhar minha câmera. – Havíamos andado apenas alguns passos e ela me parou, ficando de frente para mim. Sua expressão não era nada boa. - Câmera esta que a senhorita quase quebrou, se não me falha a memória.
Eu ri, com as lembranças vindo com ainda
mais força na minha memória.Flashback on
Estávamos pelo quarto dia em Paris. Era verão e meus pais e os Borges haviam decidido que era hora de tirarmos umas férias em família. E na visão deles, a capital francesa era um ótimo lugar para fazer isso. E eles tinham razão. Os últimos dias tinham sido incríveis, cheios de passeios interessantes. Tirando as brigas tão comuns entre Carolyna e eu, o clima estava ótimo entre todos ali, e a essa altura nossos pais já haviam se acostumado e desistido de se importar com as nossas pequenas discussões. Naquele quarto dia após o almoço, nossos pais decidiram nos levar até um parque, um pouco afastado da cidade e bem menos movimentado. Chegando lá, eu e Gabriel decidimos andar com as bicicletas e o parque alugava, e depois de pegá-las nossos pais foram até os brinquedos que haviam ali, para atender de Marcela e Amanda.
Carolyna, por outro lado, resolveu andar a pé, para poder fotografar o parque. Ela andava com essa máquina para cima e
para baixo no último mês, e dizia a todos que cursaria fotografia na faculdade. Eu não me importava. Pelo menos significava que ela iria se manter longe da Luxury e eu teria paz para poder trabalhar, quando iniciasse meu trabalho por lá. Por outro lado, isso me dava um aperto muito
estranho no peito, como se o fato de Carolyna querer seguir outro caminho me machucasse. No entanto, sem entender muito bem aquela situação, eu preferia ficar na minha, e me concentrar no meu próprio futuro. Havia dado algumas voltas pelo parque e passando próximo ao lago, percebi Carol tirando algumas fotos do local. Decidi passar perto dela para provocá-la um pouco e talvez fingir que iria atropelá-la. Seria divertido. Eu então acelerei a bicicleta o máximo possível. Ela virou o olhar quando sentiu que eu me aproximava, e nossos olhares se cruzaram. No entanto, quando eu olhei novamente para o caminho que fazia, vi uma bola colorida, que estava sendo jogada por algumas crianças ali perto, passar pela frente da bicicleta. A bola me distraiu e eu acabei perdendo o controle. Como já estava muito perto fui para cima de Carol, que se assustou e soltou a câmera.
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The Few Things - Capri
Fiksi PenggemarAs famílias Caliari e Borges são sócias em uma grande rede de hotéis: a Luxury. Seus filhos foram criados juntos e se davam muito bem. Bom... exceto suas filhas mais velhas, que se odiavam. Priscila Caliari e Carolyna Borges são o completo oposto um...