Priscila POV
Após o fim do expediente, fui direto para casa, como Carol havia pedido. Eu passara o resto da tarde preocupada com
o que ela poderia ter para me falar. Será que acontecera alguma coisa com nossas famílias, ou ela resolvera finalmente ver o problema no estômago que estava a incomodando desde Brasília? Eu havia mandado uma mensagem perguntando sobre o que se tratava, mas ela não me respondera, o que só piorou a minha
situação. Além de tudo, tive que ouvir Mariana, após mostrar a mensagem para ela e contar minhas preocupações, me zoando pela minha ansiedade e dizendo ter pena da Carol por ter uma mulher tão preocupada. Enfim, após enfrentar o trânsito caótico do Rio, eu cheguei em casa, e percebi o carro de Carol já estacionado na garagem. Eu entrei pela porta da garagem, a encontrando na cozinha, pelo visto preparando nosso jantar. Me aproximei falando próximo ao seu ouvido:- Boa noite.
Ela pulou de susto e se virou para mim:
- Quer me matar de susto Caliari?
Eu ri:
- Juro que não era essa a intenção.
Ela se aproximou e me beijou. Era um beijo
diferente, lento, como se ela quisesse me
mostrar algo. Eu aproveitei e também tentei passar para ela tudo o que sinto. Quando o ar se fez necessário ela cortou o beijo, mas manteve nossas testas coladas e ainda com os olhos fechados, disse:- Você demorou.
- Vim o mais rápido que pude. - Falei, e
finalmente quebrando nosso contato eu olhei ao redor. - Onde está a Liz?- Eu dispensei ela mais cedo. - Ela respondeu voltando sua atenção para o fogão. - Para podermos conversar melhor.
- E sobre o que quer conversar? - Perguntei
preocupada.Ela voltou seu olhar para mim novamente:
- Primeiro, sobe pra tomar um banho, depois nós jantamos e conversamos. - Ela parece ter percebido meu olhar contrariado porque falou: - Não precisa se preocupar.
Ainda contra minha vontade subi para tomar um banho rápido e quando desci ela já estava com a mesa posta me esperando.
Nós sentamos e enquanto me servia, percebi o seu olhar para a comida:- Estômago de novo? - Ela concordou com a
cabeça e eu a repreendi: - Carol, você tem
que ver isso! Tomar algum remédio!- A Malu me levou no médico hoje. - Ela
respondeu, retirando o mínimo possível de
comida no seu prato. - Ele falou que é uma
infecção. Eu já estou tomando os remédios
que ele passou.- A Malu? - Perguntei. - Vocês se acertaram?
- Sim. - Ela respondeu sorrindo e eu não
consegui evitar em sorrir também. - Essa
semana longe nos fez muito bem. Nós
conversamos e resolvemos todos os nossos
problemas.- Fico feliz por isso.
Após isso, a conversa seguiu para outros
rumos, e somente quando terminei de lavar
a nossa louça eu voltei a me aproximar dela, tocando nos seus cabelos:- Quer conversar agora? - Perguntei.
Ela concordou, pegando na minha mão e me guiando até o sofá da sala. Nós nos sentamos uma de frente para a outra e ela falou, ainda segurando minha mão entre as suas:
- Você sabe que eu não sou a pessoa mais
romântica do mundo, e definitivamente
essa é a primeira vez em que eu me vejo
nessa situação, então por favor, releve meu
nervosismo.Eu a olhei confusa, sem entender o que ela
queria falar. Ela continuou:- Eu demorei algum tempo para perceber uma coisa, que hoje eu vejo ser tão óbvia. - Ela respirou fundo. - Eu sempre te odiei Priscila, desde quando éramos pequenas e você me irritava pelas coisas mais insignificantes do universo. Então nós crescemos e nos tornamos tão diferentes uma da outra. E as provocações continuaram, até o dia em que nós nos vimos nessa situação maluca, onde tivemos que nos casar. E a partir daquele momento você se tornou uma pessoa completamente diferente do que eu imaginava. - A essa altura algumas lágrimas já escorriam pelos meus olhos e pelos dela também, mas eu ainda não fazia ideia do que ela pretendia. - Você tentou Pri, e muitas vezes tentou sozinha, simplesmente porque eu sou cabeça-dura e imatura demais. Mas você me mudou, aos poucos e sem que nem eu mesma percebesse quando, você me mudou. Nós construímos essa relação
esquisita que nenhuma de nós sabe nomear, mas da qual não nos arrependemos nem por um instante. Mas isso não é o suficiente para mim. Não mais.
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The Few Things - Capri
Hayran KurguAs famílias Caliari e Borges são sócias em uma grande rede de hotéis: a Luxury. Seus filhos foram criados juntos e se davam muito bem. Bom... exceto suas filhas mais velhas, que se odiavam. Priscila Caliari e Carolyna Borges são o completo oposto um...