Malu e Mariana

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Priscila POV

Tinha plena consciência de que o Senhor
Mendes falava uma coisa muito importante
em relação à empresa, mas não tinha nem
ideia sobre o que se tratava. Minha cabeça
estava bem longe dali. Mais precisamente na discussão que tive ontem com Carolyna.
Eu sei que agi mal, e que ela tem razão na
maioria das coisas que disse, mas não consigo evitar a viagem que minha mente faz quando ela se aproxima de outras pessoas. Não consigo evitar pensar que ela pode voltar a me trair.

Já estávamos no meio da tarde e essa reunião ainda demoraria pelo menos mais uma hora. A sensação chegou de forma repentina, mas me fez ficar apreensiva. Senti um aperto no peito, e apenas um nome estava na minha cabeça: Carolyna.

Senti um cutucão de Mariana que estava
sentava ao meu lado e olhei para todos ao
meu redor que me encaravam esperando que eu me manifestasse. Olhei para Mariana em dúvida sobre o que responder. Ela rabiscou rapidamente um papel que discretamente me passou. Estava
escrito:

Apenas concorde.

Olhei novamente para as pessoas ao redor,
me detendo melhor no rosto do meu pai,
e demonstrando uma segurança que não
possuía, falei:

- É claro, Senhor Mendes.

Meu pai me olhou satisfeito e neste momento meu celular começou a tocar e todos me olharam novamente.

Olhei para o visor. Era Carol.

- Me desculpem, mas preciso atender. – Falei me levantando. - Com licença.

Sai apressadamente da sala e parei no
corredor atendendo o telefone. Antes que eu pudesse falar qualquer coisa uma voz que não era a da minha esposa falou:

- Boa tarde, Priscila. Sentiu saudades?

Reconheci aquela voz no mesmo instante.

- João. - Falei cerrando os dentes.

- Viu como você sentiu saudades. - Ele riu. -
Infelizmente, eu não posso dizer o mesmo.

- O que você quer? Por que está com o celular da Carolyna? - Perguntei.

- Bom, eu estou com a sua amada esposa
do meu lado. - Meu coração estava mais
parecido com um martelo nesse momento,
tamanha a força com que batia. - Nós tivemos uma conversa bem interessante agora a pouco. Ela insiste em não me dar o que eu quero.

- E o que você quer? - Voltei a perguntar com raiva. – Dinheiro? Eu te dei dinheiro. Se for o caso te dou mais. Apenas suma das nossas vidas.

- Dinheiro? - Ele riu novamente. - Eu não
quero o seu dinheiro, Priscila. Todo esse tempo em Londres, o dinheiro que você me deu, não compensaram me afastar da Carol. É ela que eu quero. Eu voltei para buscá-la. No entanto, ela parece bem relutante em te deixar e viver o nosso amor. Por isso, eu tive que tomar uma atitude mais drástica.

O medo tomou conta de todo o meu corpo,
mas tomei coragem para perguntar:

- O que você fez?

- Eu trouxe Carolyna comigo. - Ele respondeu. - Entenda, Priscila, a Carol me ama. Ela pode estar relutante e iludida com as suas promessas, mas é a mim que ela ama, e não vai demorar a admitir isso. Só precisa de um pequeno estimulo, e eu estou dando isso a ela.

- Você é louco! - Precisei constatar o óbvio. -
Você a sequestrou? Onde vocês estão?

- Sequestrar é uma palavra muito forte. – Ele respondeu. - Eu estou apenas a ajudando a entender os seus sentimentos, mas ela não está se ajudando, falando de você o tempo todo e chamando o seu nome. Isso me deixa irritado, confesso, mas sei que é apenas uma questão de tempo para ela admitir.

The Few Things - Capri Onde histórias criam vida. Descubra agora