Mau pressentimento

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Carolyna POV

É difícil imaginar que já faz um mês que
Marcela e Amanda se mudaram para Nova
York. Nós conversávamos praticamente todos os dias, e a adaptação delas parece estar sendo incrível, tanto na faculdade quanto na cidade, que é muito diferente do Rio. Mas as duas parecem estar se saindo muito bem. A única que parece não estar se adaptando é Priscila, que insiste em dizer que está sentindo que alguma coisa irá acontecer, como um mau pressentimento. Ela fala isso todos os dias e confesso que até eu estou começando a acreditar. Nossa relação está muito mais amigável depois da mudança das meninas. Talvez até mesmo por essa insegurança que Priscila vem demostrando ela tem deixado que eu
me aproxime bem mais. Nós voltamos a
jantar juntas todos os dias, e saíamos juntas
em alguns finais de semana, quando nossos
amigos se encontravam. No entanto, ela
nunca chegou a me dar uma resposta para a conversa que tivemos e eu não a pressionei para fazê-lo. E assim eu continuava na minha tentativa de
demonstrar para ela o quanto eu a amo, e que nunca sairia do seu lado.

No estúdio as coisas estão mais corridas do
que nunca. Eu e Malu estamos com vários
projetos e isso significa que estamos levando uma tonelada de serviço para fazer em casa. O que também acaba dificultando as coisas com Priscila, já que o tempo depois do jantar que teria para ficar com ela está sendo gasto dentro do estúdio lá de casa. Minha amiga havia adquirido uma obsessão por casamentos, desde que Dani havia feito o pedido, o que a deixava encarregada de todos os projetos nesse nível. Era hilário ver ela conversando animada com todas as noivas que entravam no estúdio. Hoje não está muito diferente. Ela está a umas duas horas conversando com uma moça que
veio fazer o orçamento das fotos. Começaram com um papo sobre decoração que tenho a impressão de que nunca vai acabar. Eu queria ter tido toda essa animação no meu próprio casamento, mas estava ocupada demais sendo babaca com a mulher que eu amo, e descontando a raiva que eu sentia do mundo nela.
Fui tirada dos meus pensamentos com o
barulho do meu celular tocando. Era o meu
pai.

- Bom dia, papa. – Falei quando atendi.

- Bom dia, filha. - Ele devolveu. – Está muito
ocupada?

- Agora não. - Respondi. - Tenho apenas uma seção de fotos a tarde.

- Você pode passar aqui na empresa dentro
de uma meia-hora? Eu e seu tio precisamos
conversar com você e com a Priscila.

- Claro, papa. - Falei, sentindo um pouco
de medo sobre o assunto que eles teriam
para tratar com nós duas. – Pode adiantar o
assunto?

- Seu casamento. - Ele falou direto, e meu
coração acelerou.

- Aconteceu alguma coisa? – Perguntei.

- Sim. Mas eu conto quando você chegar aqui.

- Tudo bem. - Concordei sabendo que seria
inútil discutir. - Nos vemos daqui a pouco.

- Até mais. - Ele respondeu e desligou o
telefone.

Me voltei para Malu, interrompendo por
alguns instantes uma conversa que parecia
ser sobre flores.

- Malu! - Ela me olhou. - Eu vou precisar sair por alguns instantes. Reunião de família.

- Tudo bem. - Ela concordou. - Eu seguro as
pontas por aqui.

- Obrigada.

Finalizei o tratamento de algumas fotos e
pegando minha bolsa deixei o estúdio rumo a Luxury. Chegando lá, cumprimentei Mariana, que milagrosamente estava na sua mesa. Eu finalmente me acostumei com a presença dela. Acho que depois daquele beijo que eu vi da Priscila com a Gabriela, ela não me parecia mais tão ruim. E agora que ela fazia parte do nosso círculo de amizades, eu percebi que ela e Priscila eram apenas amigas e nada mais. Nenhum motivo para ciúmes exagerados.

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