Corredor

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Priscila POV

Quando o avião pousou em Nova York todos nós partimos imediatamente para o hospital onde Marcela estava internada.
Meu coração ainda estava acelerado, e eu não consegui me acomodar durante todo o voo. Meu pensamento tão acelerado quanto o meu coração. A um mês eu estava com essa sensação de que alguma coisa ruim iria acontecer. Meus pais e amigos podiam até pensar que era um exagero meu, mas eu sempre soube o tempo todo que estava certa. Eu não iria ficar assim por nada.
Desci do táxi em que estava com Gabriel e Carol e encontrando com nossos pais entramos no hospital. Meu pai seguiu direto para a recepção:

- Boa noite - falou. - Estamos aqui para ver
Marcela Caliari. Ela foi internada no final
da tarde.

A recepcionista checou os dados no
computador:

- Quarto andar da ala da direita. - Ela
informou com um ar neutro, o que me irritou profundamente. - Vocês não poderão vê-la agora, apenas pela manhã. Ela foi levada para a UTI, depois da cirurgia a que foi submetida.

O médico em plantão poderá informá-los
melhor sobre o estado dela. Ao ouvir isso minha perna bambeou e eu quase cai. Só não o fiz porque Carol, talvez percebendo meu abalo, me segurou pela cintura. UTI? Cirurgia? Quão grave é o estado da
minha irmã?

- Vai ficar tudo bem. - Carol falou no meu
ouvido.

Eu não consegui falar nada, apenas vi minha mãe se encolher nos braços de Gabriel e me vi imitando seu gesto, me encolhendo nos braços de Carolyna. Quando conseguimos nos recuperar o suficiente do susto inicial nos dirigimos todos ao elevador. No momento em que este se abriu e eu encarei o corredor do quarto andar eu voltei a vacilar, e novamente foi Carol quem me segurou, me tirando de lá enquanto as portas se fechavam. E foi então que a lembrança veio com tudo.



Flashback on

- Priscila, Priscila! - Marcela gritava
desesperadamente.

- Priscila, Priscila! - A voz de Amanda se juntou à dela.

Percebi que as duas choravam e corri ainda
mais para tentar encontrá-las, mas não
importa o quanto corresse eu nunca conseguia alcançar suas vozes.

- Priscila, Priscila!

Senti passos atrás de mim, e olhei
para trás. Carol corria na minha direção, com uma expressão preocupada.

- Priscila, as meninas.

- O que aconteceu? – Perguntei.

- Um acidente. Elas foram para o hospital. O
estado delas é grave.

- Mas elas estavam gritando?

- Nós temos que ir vê-las.

Carol me puxou pela mão e me guiou,
continuando na direção em que as vozes
ecoavam. Quando viramos em uma esquina eu me deparei com um corredor de hospital. Branco, com algumas cadeiras pretas dispostas próximas as paredes, e algumas portas azuis. Mal havíamos parado de correr quando eu ouvi o primeiro grito. Amanda. Logo depois veio o grito de Marcela.

- Priscila, Priscila!

Elas queriam que eu ajudasse. Que as tirasse dali. E eu me debatia para entrar em uma daquelas portas, mas Carol me segurava.

- Priscila, Priscila! - Elas continuavam gritando.

- Priscila, Priscila! - Agora era Carol quem
falava.- Priscila! Acorda!

The Few Things - Capri Onde histórias criam vida. Descubra agora