Traidor do Sol [VERSÃO ANTIGA]

Capítulo 1 - Parte 3/3 - O dia em que tudo mudou

O barraqueiro entrega três dados a Max, recolhe as moedas para dentro de um pote, deixando-o numa prateleira atrás de si, espaço para os dados serem lançados. Os dois arremessam os dados no balcão, Max arremessou como uma pessoa normal, enquanto o barraqueiro arremessou como se descartasse uma frauda suja - e era nessa hora que ele usava a magia para controlar a rotação dos dados, de todos eles, fazendo-os cair com as faces que ele queria para cima.

Exatamente nesse momento, Thomas fingia que limpava os dentes com a varinha na forma de palito de algodão doce. Na verdade, ele realmente estava limpando os dentes sujos de morango daquele jeito, porém, quando viu que teve que agir, fingiu catapultar a sujeira do dente, fazendo o movimento exato que ele precisava para o feitiço de telecinese.

As faces dos dados tinham as silhuetas de um dos animais, e quando colidiram com a mesa, as silhuetas dos animais da face de cima brilharam, e um animal espiritual surgiu a partir de cada uma delas. Os animais se encararam, e depois pularam um contra o outro, atacando o seu rival, matando o mais fraco do duelo.

Todos os 6 animais saíram, e todos os cenários foram vitória para Max: leão versus grifo, mosassauro versus urso e falcão versus tubarão. Foi uma derrota 3x0, e como ninguém havia apostado nele, Max não teria que dividir o prêmio com ninguém, a uma tonelada era toda sua.

Todos ficaram incrédulos, em especial o charlatão, que permaneceu imóvel por alguns segundos, tentando raciocinar como havia perdido uma tonelada de água.

— Ih, parece que eu ganhei! — Diz Max, pela primeira vez, com entusiasmo na sua voz.

— NÃO! ISSO FOI TRAPAÇA! TRAPAÇA! — Berrou o barraqueiro, agarrando o pote de moedas, recuando vários passos, e apontando os dedo para Max, enquanto vomitava fúria e incompreensão.

— Ué, por que? Eu ganhei honestamente... não foi galera? — Max pergunta, olhando para toda a plateia que assistiu aquela derrota

Vários murmúrios de concordância, e olhares severos coagiram o barraqueiro a entregar-lhe todas as moedas. Max pega as moedas e dirige-se para um sentido do corredor circular, enquanto Thomas foi para o outro. Eles se encontraram do outro lado do festival, se cumprimentaram com bate-punho.

— Atuou bem! Ninguém pôs um pingo de fé em você... — Parabeniza Thomas, com admiração.

— Ah, você mandou bem também, aquele feitiço foi preciso... — Retribui Max

— Me impressionou o tanto de dinheiro que você apostou... Principalmente por você desconfiar de mim.... — Diz Thomas

— Depois que você sugeriu que eu pegasse o dinheiro e fosse para a direção oposta a sua, me permitindo escapar se quisesse, eu vi que você tava sendo honesto... Além do que, se fosse muito dinheiro, você dificilmente me sabotaria. — Explica Max

— Belos argumentos, mas onde está o dinheiro? — Pergunta Thomas

— Ah sim, tá aqui... Sorte que você é bom no gatilho, eu apostei o dinheiro pra pagar o aluguel da casa... — Acrescenta Max, fazendo Thomas rir, contagiando-o a rir também, enquanto entregava o pote de moedas

— Sorte também que é tudo em moedas, daí fica mais fácil de dividir... Isto é, se você quiser parar agora.... — Diz Thomas, como um convite indireto

— Precisamos parar agora? — Diz Max, implicitamente aceitando o convite.

— Então tá a fim de... sei lá! Enganar uns otários? Disputar uns jogos honestos? Ou comer comida de procedência extremamente duvidosa? — Convida novamente Thomas, mas dessa vez, de forma direta

— Osh, Simbora!!! — Confirma Max

Eles passaram a tarde se divertindo em várias barracas diferentes, comendo todo tipo de comida, e buscando mais barracas charlatãs, enquanto tentavam bolar planos para vencê-las. Os dois se davam muito bem, ao ponto de que, naturalmente, se forjaria uma forte amizade dessa relação, mas Thomas tinha plena consciência de que não seria assim.