Capítulo 7 - Parte 3/4 - Erupção de Dúvidas

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Todos os membros da Lua nova já estavam no convés, conversando ou terminando de se preparar. Alexa vestira uma armadura losariana dourada de batalha. Simas vestia sua armadura de sabugueiro, com uma bolsa lateral do lado esquerdo, um tanque de líquidos nas costas, uma mangueira conectada ao tanque pendurada no seu lado direito. Além, é claro, do seu bastão de fogo, guardado retraído próximo a mangueira, junto com os canos onde fluíam líquidos coloridos por todo o seu corpo, e lugares estratégicos para a injeção de poções diretamente no seu sangue.

Katsuo e Sayuri, além dos mantos rúnicos, estavam enrolados com os melhores tecidos kulvanianos, capazes de absorver magia e impactos. Ártemis e Thor também tinham uma armadura extra, além da armadura mágica xamã convencional. Cada um tinha acesso a compartimentos mágicos narlurianos acoplados em suas roupas - mini mochilas portáteis que não ocupam espaço físico e guardavam coisas como água, comida, poções curativas, sinalizador, etc.

— Muito bem! — Chama Ártemis, saindo do leme ao frear o barco próximo a uma grande montanha de gelo — Chegamos! Estão todos prontos para ir?

— O que vamos procurar, exatamente? — Pergunta Thor

— A princípio, exatamente o que a missão pediu — Elucida Alexa — Eu não consegui achar nenhuma mensagem subliminar ou coisa do tipo. É só isso que sabemos, e é com isso que temos que lidar.

— Como anda o pergaminho? Ele tem virado periquito ultimamente? — Pergunta Simas.

— Não, está tão quieto como um pedaço de papel — Pontua Alexa.

— Maravilha, então vam... — Katsuo se interrompe, absorto.

Eles esperaram uma explicação, mas ela não veio, então contestam.

— O que foi, Katsuo? — Pergunta Ártemis

— Shhh! — Pede o mago — Vocês não estão ouvindo?

— Não somos magos do som seu imbecil... — Protesta Simas.

— Argh! É gravidade! Quantas vezes eu vou ter que explicar? — Rosna Katsuo. Ele voa até o centro do navio, no meio do ar — Não se movam, nem soltem um pio...

— Pio! — Pia Simas, provocando.

Katsuo aproveita a profunda respiração que ele já naturalmente faria, num exercício de expansão de mana, para se acalmar e fingir que aquilo não tinha acontecido. Após três respirações, Katsuo expande seu mana para além de seu corpo usando as runas do seu manto. A mana preenche um espaço maior que a do navio, parecido com o escudo de proteção nativo do mesmo.

Katsuo brande os braços em movimentos circulares, impondo às moléculas de ar embebidas de mana a sua vontade. Ele diminui a velocidade de seus braços e os para, levantados, pois havia terminado o seu feitiço: a câmara de ressonância. Esse movimento era capaz de amplificar e filtrar ondas sonoras, por isso, no começo, eles apenas ouviam o som do vento mais alto, ou o som do gelo derretendo, ou desabamentos longínquos.

Ao mexer os dedos, Katsuo foi ajustando o filtro e zerando esses ruídos, até conseguir focar no que precisava. "Mamãe..." Gritava baixinho uma voz infantil rouca e trêmula. "MAMÃE, SOCORRO!!!" Gritava a voz amplificada para que todos ouvissem claramente.

Ninguém se mexeu ou comentou, apenas se entreolharam e esperaram Katsuo terminar. O mago sacode os braços em um movimento de abertura, lançando o seu mana tridimensionalmente, varrendo o campo montanhoso em busca de sinais da posição da criança. As ondas sonoras voltam para ele refletidas, como um sonar, então, ele tem ideia da direção. O mago joga outra onda sonora, mas dessa vez, só na direção da criança. Seus dedos agiam como antenas, que recebiam as ondas de volta, e quando elas voltaram, Katsuo soube exatamente de onde a voz vinha.

Traidor do Sol [VERSÃO ANTIGA]Onde histórias criam vida. Descubra agora