Capítulo 2 - Parte 3/4 - Nuvens Tempestuosas

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Thor ao perceber o ocorrido, salta com uma propulsão sônica vinda de suas botas mágicas espectrais, translúcidas e normalmente invisíveis, esquivando-se do projétil. Enquanto isso, Ártemis permaneceu firme na sua posição, ergueu os braços no ar em sua frente, na direção do pinheiro, e brandi-os espelhadamente em rápidos movimentos.

Suas mãos se flexionaram em duas palmas com apenas os dedos indicadores e médios levantados. Tais dedos riscavam o ar deixando um rastro luminoso - um fio branco e prateado - do mesmo jeito que um lápis deixa um rastro de tinta ao riscar o papel.

Tais riscos coplanares formaram o símbolo gráfico da constelação do escultor, que ao fim da conjuração, foram envoltos em duas circunferências formadas pelos mesmos cordões de luz, preenchidos por vários símbolos e desenhos novos que simplesmente surgiram, sem serem desenhados.

Como movimento final, Ártemis empurra a estrutura mágica - chamada de círculo mágico - na direção da árvore. Durante o trajeto, o círculo cresceu de tamanho até colidir com o pinheiro cadente, travando-o no meio do ar, onde flutuou como um bem executado escudo mágico.

— Reflexos em dia! — exclama Thor após soltar um suspiro de alívio.

— Ainda bem, porque faltou pouco para acertar sua cabeça. — Comenta Ártemis ao notar que Thor estava quase do lado de onde a árvore rachou.

— Sem estresse! Eu tô de capacete — Diz Thor recordando-a de sua armadura mágica enquanto socava o ar próximo à sua cabeça, e um campo de força brilhava cada vez que o punho colidia com a proteção invisível.

As oito peças da armadura mágica de um Xamã normalmente ficam invisíveis, e só se revelam quando algo colide com elas ou quando suas funções mágicas são usadas, como quando Thor usou sua bota para impulsionar-se do chão em um grande salto segundos atrás.

Como as partes da armadura tem uso único, devem ser repostas sempre que são gastas ou quebradas. Por isso, Thor usa sua mão esquerda, com os mesmos dois dedos levantados, e risca o ar à sua frente, traçando fios luminosos de brilho turquesa em uma figura: o símbolo gráfico da constelação da lebre.

Ao final do desenho, duas circunferências e símbolos semelhantes aos do escudo surgiram ao redor do símbolo da lebre, completando o círculo mágico. Thor pegou o círculo, era do tamanho de sua mão, e então, fez um movimento de contração dos dedos, ainda tocando o círculo, que com isso, foi encolhido, até ficar do tamanho de uma moeda.

Thor pegou a "moeda" e acoplou-a numa espécie de "tatuagem mágica" em seu braço direito. A tatuagem continha vários círculos ligados por traços, todos azuis, formando uma espécie de corrente. Havia um círculo vazio(ou seja, uma circunferência), e foi lá onde o círculo da lebre foi fundido com a pele de Thor, como uma tatuagem real.

Instantaneamente, os pés do Xamã brilharam e em seguida se apagaram, sinal de que a bota havia sido equipada.

Enquanto ele regenerava sua armadura, Ártemis tratou de destruir a árvore - afinal, ela não deveria barrar a trilha. A Grande Mestra desenhou de forma semelhante dois símbolos da constelação do lagarto, um com cada mão, nas laterais de seu corpo.

Depois de prontos, os círculos mágicos se desfiguraram, perdendo sua unidade, sendo apenas um monte de linhas e símbolos flutuantes que migraram, se duplicaram e começaram a envolver, cada um, uma das mãos de Ártemis.

Juntos, os fios prateados moldaram duas manoplas no formato de cabeças de lagarto, cabeças brancas, translúcidas e tridimensionais. Em seguida, de uma distância segura, Ártemis soca o ar na direção da árvore, e da boca dos lagartos fluiu uma espécie de plasma mágico que cortou o ar na direção da madeira, que foi fatiada, pulverizada e arremessada pela potência do golpe. Logo não sobrava nada da árvore, exceto cinzas e lascas para todos os lados.

Traidor do Sol [VERSÃO ANTIGA]Onde histórias criam vida. Descubra agora