Capítulo 9 - Parte 4/4 - Sombras do Futuro

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Cruzou longas distâncias em pouquíssimo tempo, nem fez questão de olhar para trás, apenas sabia que tinha de correr. Poucos minutos depois, já não aguentando mais, acabou parando em uma nova gruta e freando para descansar.

Simas recolheu as almofadas e deixou a massa de gosma cair, junto de seus companheiros, ainda sonolentos, incapazes de discernir o que acabara de acontecer. O evorano passou um bom tempo tentando recuperar o fôlego, fazendo uma nota mental de que precisava dar um jeito nisso, de alguma forma, precisava de uma poção para oxigenar seus pulmões para permiti-lo correr maratonas igual um carro de fórmula 1.

Olhou para trás para garantir que nada vinha em sua direção para conseguir, enfim, relaxar um pouco. Como não viu nada, ficou mais tranquilo e começou a vasculhar sua bolsa lateral para verificar quais poções ainda guardava.

Havia esgotado suas poções de bolas de chiclete e granadas, por sorte essas eram fáceis de produzir e tinham grande estoque no navio. Mesmo assim, apenas sobrara uma "grandona", precisaria escolher bem onde iria usá-la. Apenas agora tinha percebido o quão baixa era a sua variedade de poções e o quanto ele precisava renovar seu estoque. Por ter gastado boa parte de suas reservas de frascos, decidiu economizar na próxima luta e focar o combate com o tanque que carregava nas costas, o bastão e a sua armadura.

Enquanto investigava sua bolsa, achou outro frasco de vento do norte que, graças a Evorar, tinha levado consigo. Então, finalmente achou o que procurava: a poção da pastilha preta. Ele toma um pequeno gole, o suficiente para baforar um ar frio que petrificou a gosma, fazendo-a desgrudar de Ártemis, Alexa e Cavaleiro. Bastou um chute fraco para ela se esfarelar em pó verde musgo, livrando os três.

— Ei, vocês! Acordem! — Ordena Simas gentilmente com a sua suave voz áspera e mal humorada.

Ao vê-los se mexer e espreguiçar, viu que o efeito do feitiço estava passando. Deu uma olhada ao redor, e se percebeu num espaço exatamente igual à gruta inicial que eles entraram, com a diferença que estava invertida, de ponta a cabeça. Lembrou-se que Mahina havia comentado sobre...

— Santa Árvore Sagrada! A Mahina! Esqueci dela! — Percebeu Simas, abismado consigo mesmo. Embora no fundo ele soubesse que provavelmente foi de propósito — Bom, agora já era... — Simas suspira e torna o olhar para os outros três — E vocês? Não vão acordar não?

— Hrmmmmm — Geme Alexa — Como...

— Eu trouxe vocês para cá.

— Simas! Que ideia foi essa de nos sedar? — Protesta Ártemis.

— Eu... Desculpe, querida... — Solicita Simas, com a voz mansa — Eu não sabia o que fazer, vocês estavam dentro de seus pesadelos... Essa foi a melhor forma que eu pensei em tirar vocês de lá.

— Hrmpf! — Suspira Ártemis cansada — Tudo bem... Vamos continuar!

— Na verdade, amor.... — Corrige Simas — Nós chegamos no átrio secundário, não tem caminho de ida a partir daqui, apenas volta.

— O que? — Pergunta Ártemis, ainda zonza, subindo de supetão e quase caindo. Sua sorte foi ter sido segurada por seu marido.

— Calma... — Pede Simas — Vamos fazer uma pausa...

— É... Vamos... — Concorda Ártemis.

Eles relaxam um pouco, bebem água e comem um pouco dos suprimentos guardados na bolsa com compartimento aumentado que ficava em seus braços. Enquanto isso, ninguém falava nada, todos ficaram em seus cantos, pensando no que fazer. Isso incomodou bastante Ártemis, que após alguns minutos perguntou:

— Alexa... Tem algo incomodando você, não tem?

— Hum?! — Indaga Alexa surpresa.

— Eu... Sei que não é muito adequado, mas... — Exita Ártemis — Quando estávamos lá em cima, mais cedo... Eu ouvi o Katsuo falar, mas... Não era pra mim, nem para o Simas. Era pra você...

Traidor do Sol [VERSÃO ANTIGA]Onde histórias criam vida. Descubra agora