Traidor do Sol [VERSÃO ANTIGA]

Capítulo 8 - Parte 4/4 - Ecos do Passado

Katsuo chia para Thor, pedindo silêncio. Thor desconjura o escudo globular, estranhamente intacto, e guarda seu sistema mágico nas costas. Como o altar só poderia abarcar um feitiço por vez, saca em mãos o sistema do arpão na forma de diagrama, quando quisesse, bastava estalar os dedos para o desenho se tornar um real arpão.

Katsuo ativa sua runa de furtividade e Thor o seu cinto de camaleão, tornando ele e seus círculos mágicos - o arpão e o peixe voador - invisíveis. Conforme se aproximavam, ouviam os sons aumentarem, até um ponto que conseguiram discernir.

— Minha culpa? Ah agora é minha culpa! — Fala uma voz masculina.

— Foi você que escolheu vir para cá seu idiota! Agora estamos presos aqui e é questão de tempo até sermos torrados pela lava... — Fala uma mulher.

— Eu não sabia que ia ter uma fortaleza aqui! — Defende-se o cara.

— Claro que ia ter! Ninguém explora isso aqui há anos! É um deserto de gelo! — Rebate a mulher.

Thor e Katsuo tinham conseguido contato visual direto, e viram quatro caçadores, um losariano, uma evorana, um narluriano e uma varotiniana. Estavam invisíveis e não faziam barulho, apenas os observaram brigar por um tempo, pisando na boca de um túnel, lugar onde eles devem ter ficado para se proteger da torrente.

Como era possível terem outras pessoas aqui? Ainda mais caçadores? Ninguém vem aqui... Fora é claro, que eles não pareciam ir para lugar nenhum e falavam alto gerando muito eco pelo complexo de túneis. É como se quisessem ser achados.

Katsuo eco-localiza a posição de Thor, e põe a mão em seu ombro, removendo parcialmente a camuflagem em sua mão e fazendo sinal para atacar. Thor não teve demora, estalou os dedos, remontou o arpão e disparou prendendo os quatro que não esperavam por aquilo.

Eles gritam de susto, mas não conseguem se mover abraçados pelo líquido mágico. O golpe abriu margem para Thor e Katsuo se aproximarem com segurança, removendo as próprias camuflagens.

— Em nome da guilda lua nova e a da aliança internacional das guildas de caçadores e recompensa, VOCÊS irão ter que responder às nossas perguntas — Impera Katsuo, em tom de autoridade.

— Ah é? Se não o que? — Provoca o narluriano.

— Para, Ícaro! — Ordena a mulher que havia falado antes, era uma evorana — Nós nos rendemos!

— É Ícaro, fica quieto! — Reforça a varotiniana — Já basta a merda que o Alex fez!

— Ei! — Protesta o losariano.

— Será que dá para parar? — Indaga Katsuo com uma voz tirana — Eu faço as perguntas aqui, certo?

Os quatro acenam positivamente com a cabeça. Cada um usava roupas padrão de suas próprias nações, não haviam se equipado com fortes itens de segurança ou suprimentos.

— Quem são vocês? — Pergunta Katsuo.

— Nós somos a guilda dos canastras — Enuncia a evorana — Eu me chamo Aritana, e sou a líder da guilda.

— Canastras? Tipo baralho? — Pergunta Thor, confuso.

— Canastras são naipes, cada um de nós representa um deles — Explica Aritana — Eu sou paus.

— Sou Alex, copas — Diz o feiticeiro losariano.

— Dandara, ouros — Diz a bruxa varotiniana.

— Ícaro, espadas — Diz o xamã narluriano.

Thor e Katsuo se entreolham com olhares cínicos, ambos se segurando para não rir. Dão de ombros e voltam para o interrogatório.

— Então... — Thor reprime uma risada — O que os naipes tem a ver com vocês, exatamente?