Capítulo 4 - Parte 3/4 - Arautos da Desgraça

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Ela nem olhava o estrago que fazia, pois usara o torque da martelada para se virar para a "plateia", erguer os braços e sacudir os longos cabelos esvoaçantes, erguidos pelos ventos quentes da explosão. Era uma maga kulvaniana, e trazia todos os traços característicos: pele negra, cabelos cacheados e volumosos, olhos castanhos, grande porte muscular e manto rúnico. Mas de longe, o que mais se destacava era a sua expressão, que misturava júbilo, sadismo, vanglória e sede.

Era uma maga de raios, e mesmo assim, todos congelaram perante a sua simples presença. Tanto é, que todos foram incapazes de se mover quando a maga conjurou um mar de belas espadas e avançou, brandindo seus braços em uma dança de lâminas que limpou o campo de batalha.

Foi como ver um massacre, uma chacina, um genocídio, em questão segundos, todos os guardas e funcionários tombaram ao chão, eletrocutados. E claro, não seria Sayuri, se ela não posasse no final, para as últimas 4 testemunhas conscientes de seu espetáculo. Ao fim, fez uma reverência, e aproximou-se do grupo que se reunia ao centro da caverna.

— Nossa... — Amola Sayuri, com soberba em cada sílaba — Vocês estão um lixo... Ainda bem que a poderosa Sayuri estava aqui para salvá-los, não é?

— Ahhhhhhh, nem vem! Pega resto... — Resmunga Katsuo, embora estivesse feliz em ver a amiga.

— Bom, não sou eu que tá parecendo resto... — Devolve Sayuri.

— Argh! — Suspira Simas de impaciência — Você é insuportável, Sayuri! A princesa, o marginal e o incompentente eu entendo... Mas ainda não tenho ideia do por que contratamos você!

— Ué? Não é óbvio? — Provoca Thor — Por que é muito engraçado ver ela falando de si mesma na terceira pessoa...

— Não temam, seres inferiores... — Zomba Katsuo fazendo uma imitação da voz bronca de Sayuri — Sayuri Andranai, a forja de trovões, a destruição, a calamidade, a implacável, o presságio da desgraça, o bastião imortal, a pedra angular da aliança e a maga mais poderosa da história, está aqui para salvá-los... — Ele recitava como um péssimo narrador de contos épicos.

— Ah, qual é, Katsuo? Você esqueceu os 772 outros títulos e 4512 feitos... — Zomba Thor, entrando na brincadeira — Não fez jus ao ser humano mais incrível do universo, o exemplo supremo, o caminho, a divindade, a encarnação do ego, a cria diabólica do raio e da própria morte...

— Hahahaha — Ri Sayuri — Vossa inveja é patética...

— Ah, claro! — Ironiza Thor.

— Como não ter inveja da própria definição de perfeição? — Continua Katsuo.

— Você sabia, Katsuo, que Sayuri é uma unidade de medida para o grau de perfeição? Até hoje nada nem ninguém chegou à 2 nano Sayuris... — Inventa Thor

— É! E você sabia que os espelhos são feitos quando pedras lisas são postas na frente da grande majestade, Sayuri Andranai? Pois sua perfeição visual e beleza infinita esborram e ensopam a pedra, não deixando escolha, se não, criar uma cópia extremamente imperfeita da soberana — Zomba Katsuo

— A imperatriz... — Intitula Thor.

— A deidade... — Nomeia Katsuo.

— Meninos, chega! — Ordena Alexa, levantando-se parcialmente recuperada após beber uma poção energética e aplicar poções analgésicas em seus braços ardentes — Ainda temos trabalho a fazer...

— Hugh... — Resmunga Thor, de mau humor pela interrupção — Como o que? Rebocar todo esse povo? — Pergunta ele apontando para os soldados e funcionários desmaiados no chão.

Traidor do Sol [VERSÃO ANTIGA]Onde histórias criam vida. Descubra agora