Capítulo 13 - Parte 4/4 - O Dia em que Tudo Voltou

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— O que eu não daria para nunca ter pisado naquele teste desgraçado! — Lamenta Thor, antes de se virar para a sua guilda — Vocês tem ideia do o que era? Um monte de criança jogando faísca uma nas outras até desmaiarem... A maioria desmaiava na conjuração do primeiro feitiço ou na primeira porrada! Nem era nossa energia! Usávamos umas luvas asquerosas com uma bateria solar embutida... Por que eu tinha que ser tão bom? Por que eu não podia só ser derrubado ali como as outras? Por que eu tive que vencer todos? Por que eu? Eu não queria nada disso! Nunca quis, nem jamais vou querer!

Para elucidar: A feitiçaria é como arremessar uma bola num alvo distante, é óbvio o que você precisa fazer, ainda assim, não adianta quantos livros você leia ou o quanto você estude, nada te prepara para a experiência de lançar um feitiço. Ou seja, acertar na criação de um feitiço, fazer luzes escoarem da varinha depende apenas da prática e de talento, e no caso de Thor, ele tinha muito.

— Quando eu me mudei de cidade, vocês prometeram que tudo ia melhorar! Mas era só mais uma mentira! — Acusa Thor — Quando chegamos em Zandalier, eu me vi cercado de babacas arrogantes, e na escola, eu só conheci mauricinhos mimados... Mas para vocês tudo bem, não é? Agora eram parte do clero e ficaram mais ocupados do que nunca! Eu não tinha nada, nem ninguém! Apenas cavaleiro! Era só eu e ele, contra o resto do mundo...

— Você cultivou todo o ódio que recebeu! — Afirma Eric.

— Ah, então a culpa foi minha do Silas me jogar contra os aprendizes mais velhos e experientes e para eles me destruírem? — Questiona Thor.

— Você é um dramalhão, mentiroso e safado! — Aquela voz invocou um ódio primal em Thor, sua fonte veio caminhando devagar pela ponte, até parar no meio dela — Você destruiu todos como se fossem crianças! Me arrependo de tudo o que eu ensinei a você!

— Silas... Não acredito que trouxeram ele... — Thor teve que usar todo o seu autocontrole para não pular na cara dele e usá-la como martelo.

— Muito prazer, querido aluno! — Debocha Silas.

— Aluno? Eu nunca aprendi nada com você!!! — Revela Thor — Eu sempre estudei pelos livros, não prestava atenção na sua aula! Te odiava e não tinha o menor respeito por você! Não tinha respeito por aquele que inúmeras vezes me atacou por trás, iniciando um duelo e em todas essas vezes você perdeu o embate!

Silas iria responder, mas Eric ergueu a mão, impedindo-o de falar, permitindo que Thor continuasse.

— Além disso, eu não estava falando do que eu fiz com eles, mas do que eles fizeram comigo! Todos aqueles malditos se juntaram e me atacaram de surpresa, todos disparando o mais forte que puderam em minhas costas desprotegidas! É daí que vem essas cicatrizes, Katsuo, já que você sempre quis saber — Thor ainda estava sem camisa até esse momento, prevendo que tocaria no tópico. Terminado isso, ele abotoa sua armadura de prata novamente — Naquele dia eu não pude fazer nada contra eles, foram correndo igual um bando de galinhas para cima de mim e me espancaram com força. Daí, quando cheguei em casa, destruído, o que eu recebi? Uma surra! UMA SURRA! Uma surra por ter brigado e, pior ainda: apanhado...

— Você me envergonhou muito naquele dia! Não esperava que meu filho apanhasse para um bando de moleques! — Justifica Eric.

— Sim, eu lembro muito bem de cada palavra, por isso eu retribui! É! Eu fui na casa de cada um deles e cacei aqueles otários e dei uma surra para nunca mais esquecer... — Comenta Thor, pensando ter falhado, afinal, Alícia havia voltado para lhe assombrar, não usou força suficiente naqueles feitiços... — Metade da cidade foi destruída e fomos expulsos para morar na floresta, a partir dali, cada semana tinha uma surra diferente, seja pelo o que eu tinha feito com a cidade, ou o que eu fiz naquela semana.

Traidor do Sol [VERSÃO ANTIGA]Onde histórias criam vida. Descubra agora