Frutos de um passado.

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Anos atrás, Rio de Janeiro.

O som específico da ambulância tomava conta de todo o local, anunciando sua recente chegada. Algumas pessoas saíram com uma certa pressa de dentro e se aprontaram para adentrar na casa, que já estava infestada de policiais e viaturas.

Dante se encontrava arrasado, ainda mantendo seus olhos fixos na imagem do seu pai sobre o chão, completamente imóvel e ainda perdendo sangue. Suplicou para que os socorristas pudessem tentar de tudo para que não o perdesse, mesmo achando no fundo que já era tarde demais. Romero então foi levado às pressas para o hospital, onde tentaram inúmeras reanimações e na última tentativa, seu coração enfim, voltou a bater, mas ainda tinham um grande problema pra lidar: a bala alojada e o sangue que estava sendo perdido. Assim que possível, ele seria submetido a uma cirurgia, que dependendo da situação, haveria chances de continuar com vida.

Enquanto isso, Atena se encontrava inconsolável, ainda sem acreditar que tudo aquilo estava acontecendo, havia feito tantos planos para o futuro e agora tudo havia escapado de suas mãos, feito poeira. O velho Ascânio então, decidiu ficar em silêncio e não lhe fazer nenhuma pergunta no momento, pois também estava meio em choque, ambos iriam fugir para longe e recomeçar uma vida nova, por mais que não fosse totalmente o que Atena queria para sua vida, se fosse por ela ainda estaria naquela casa agarrada ao corpo do seu marido, aquela cena martelava em sua cabeça a todo segundo.

(..)

Era tarde da noite, o hospital estava levemente cheio e a ansiedade para receber notícia do estado do Romero era visível. Dante caminhava em círculos, completamente tenso, mesmo que tivesse descoberto do paradeiro real do seu pai, ainda sim era seu pai e a preocupação não era fácil de anular, havia algo que também mexia com sua cabeça, que era o fato de Romero ter salvado a vida de Juliano, um ato heróico e verdadeiro.. Sua atenção foi tomada pelos passos do médico já conhecido, que provavelmente estava vindo para trazer alguma informação.

É sobre meu pai? Como ele está? — Dante perguntou, visivelmente preocupado.

O médico soltou um breve suspiro e estralou alguns dedos de sua mão esquerda, encarava algum canto específico do chão, mas logo desviou o olhar de volta para Dante, que esperava por uma resposta, que trouxesse alívio para seu coração aflito.

Conseguimos retirar a bala com sucesso, mas infelizmente o caso do seu pai não é tão simples assim. — Ele explicou, querendo não prolongar muito aquela demora toda. — Romero se encontra nesse exato momento em coma, está sendo levado para uma ala específica para que receba os cuidados necessários para o estado clínico dele.

Dante paralisou, tentando digerir o que havia acabado de ouvir, por fim respirou fundo e passou a mão pelo rosto.

Olha, não sou o tipo de médico que dá esperanças sem realmente achar que deve-se ter, iremos fazer o que tiver no nosso alcance e esperar que ele responda aos estímulos. — Disse o médico, afim de trazer algum alívio para o moreno em sua frente.

Quanto tempo acha que pode durar? — Dante tinha medo, de que demorasse tanto e não houvesse nenhum estímulo, afinal, já havia ouvido falar sobre casos assim.

É relativo.. Pode ser semanas, meses ou até anos. — Buscou ser sincero, pois era realmente o que poderia acontecer ali, todas aquelas situações poderiam estar dentro daquela futura realidade.

Ao final daquele diálogo, Dante agradeceu ao médico e já que infelizmente não poderia ver ainda seu pai, foi embora para casa, onde daria a notícia a sua família. Ele mentalizava que se seu pai saísse daquela situação bem, iria ajudá-lo a se tornar um verdadeiro homem de bem, pois ainda não lhe descia o tanto de coisa errada que tinha descoberto e agora sem Atena por perto, talvez as coisas fossem andar para outro lado, esse foi um dos motivos que o fez não ir à procura de dar informações para ela, afinal, também não fazia ideia do seu paradeiro e a única coisa que sabia era que ela não pensou duas vezes antes de fugir com as mãos cheias de dinheiro, o que lhe deixava com raiva.

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