Máscara caída.

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Já se passava das oito da manhã, quando Atena se dirigiu para fora do aeroporto, colocando as duas passagens dentro de sua bolsa preta e por fim, ajeitando melhor sob o braço esquerdo.
Soltou um suspiro, imaginando o momento em que viajaria de volta para o Brasil, estava com medo e com expectativas aguçadas.

Seus pensamentos foram interrompidos, quando viu um táxi parando por ali, se apressou em entrar no automóvel e voltar para casa, queria retornar antes que Romero acordasse.

Por volta de 40 minutos ou bem menos, estava destrancando a porta do apartamento, que estava em completo silêncio, julgou então que ainda estivessem dormindo. Não era sempre que Ascânio acordava tarde, mas as vezes ocorria.

Romero? — Chamou pelo filho, usando um tom doce, a mesma foi se aproximando do quarto dele e respirou aliviada, quando o viu ainda dormindo, abraçado com seu ursinho.

Ficou de joelhos ao lado da cama e direcionou a mão até o rosto do mais novo, acariciando a pele macia sob a ponta dos dedos. Seu coração se sentia em paz, só por ve-ló daquela maneira.
Aos poucos, o pequeno foi despertando com as carícias da sua mãe, podendo deixar um sorrisinho escapar quando a enxergou ali.

Bom dia, meu príncipe! — Deixou um beijinho no topo da testa e sentiu aquelas mãos pequenas a envolver, como se quisesse um abraço e então retribuiu. — Você está com fome? Vou preparar algo bem gostoso para que possa comer. — Ela se animou, amava cozinhar para ele, da mesma forma que se arriscava na cozinha, quando era Romero ali.

Os dois então se dirigiram para a cozinha, de mãos dadas e em um clima gostoso, com muito afeto envolvido. Atena resolveu preparar um copo com vitamina e entregar um pratinho com uma panqueca e biscoitos para ele, que se animou todo e foi comer.

(...)

O dia no Rio de Janeiro havia amanhecido com um sol que chamava atenção, seria uma ótima ocasião para ir até a praia e foi exatamente isso que Romero fez. Caminhava sem rumo pela aquela areia clara, os ouvidos tampados pelo seu fone de ouvido, que tocava uma música qualquer de Elvis Presley, não negava que era fã. Decidiu parar em um quiosque qualquer e comprar uma água de coco, após receber, pagou o moço e retornou a sua caminhada, agora tendo uma das mãos ocupadas.

Deixava seus pensamentos fluírem, gostava de ficar sozinho, mas as vezes sua cabeça lhe atormentava, com pensamentos barulhentos. Levou o canudo até a boca, sugando um pouco da água e se virou um pouco, para encarar o mar. O vento forte batia em seu corpo, lhe causando uma sensação boa, de alívio, seus cabelos se mexiam juntamente.

Ao retornar para casa, ele teve a ilustre surpresa de encontrar Djanira ali, a empregada lhe avisou que Juliano tinha passado para deixar a garota passar a tarde com ele e isso obviamente, o deixou contente. Se apressou então em ir tomar banho e vestir uma roupa limpa, para aproveitar o dia com sua filha, já buscava em sua mente o que poderiam fazer.

(...)

Deitada no sofá, ela tinha Romero deitado e adormecido por cima de seu corpo, aproveitava para ficar acariciando suas costas e sentindo aquele cheirinho de bebê, que ele ainda tinha.

Vez ou outra fechava os olhos, na tentativa de tirar um cochilo juntamente com o pequeno, mas acabava não conseguindo, sua mente não deixava. Mais uma vez, se pegava imaginando como seria sua vida se o pai de seu filho, não tivesse morrido, como seria sua reação ao saber que ela havia engravidado? Será que teria mesmo concordado em colocar um dos três nomes que ela tanto queria? Era tantos serás e nenhuma resposta.

No cômodo ao lado, Ascânio mexia na bolsa de Atena, na tentativa de devolver o cartão de crédito que recentemente, havia sido lhe emprestado. Sem querer acabou deixando cair duas passagens e as pegou, conferindo para onde era, antes de devolver para a bolsa. Sua expressão facial deu uma mudada, ao perceber que a viagem tinha como destino o Rio de Janeiro, não estava acreditando que ela teria tal ousadia, mas não falaria nada, cedo ou tarde ele acreditava que iria descobrir o que a sua companheira estava tramando.

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