Desagrado familiar.

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POV ATENA.
Agora tudo se encaixava, se havia dúvidas de que quem havia me ligado mais cedo, teria sido Ascânio.. Eu acabava de tirá-las!

- Então é verdade? Você tá vivo.. — O velho parecia emocionado e perplexo.

Romero parecia não saber o que dizer ou como agir, eu levei minha mão até seu ombro e acariciei de forma sútil. Não poderia ter nenhuma reação fora do normal, pois ainda carregava meu filho no colo.

- Como me encontrou? — Perguntei curiosa, mesmo sabendo como ele era esperto, mas não esperava que fosse tanto, devia ter mão de alguém no meio.

- Tive que mexer alguns pauzinhos, já que você fez questão de apagar seus rastros! — Ele parecia estar chateado.

- Espera.. Vocês estavam juntos? — Romero tentava entender o grau da situação.

- Sim, desde aquele trágico dia, viramos uma dupla.. Já que corríamos o risco de estarem querendo a nossa cabeça. — Suspirei, após uma onda de lembranças me atingir.

- A gente se deu muito bem fora daqui. — Ascânio disse, movendo sua cabeça. - Mas é muito bom ter você de volta!

Romero sorriu, sem mostrar os dentes e a partir dali eu me perdi em pensamentos, deixando de prestar atenção na conversa que ambos continuavam. Ficava tentando imaginar o que o velho tinha aprontado pra saber até a localização de onde estávamos.

(...)

Como Ascânio não tinha mais um lugar fixo, Romero estendeu o convite e passaram praticamente o dia todo conversando, tirando a limpo a história toda até os dias atuais. Atena não queria que o filho escutasse nada e acabava se responsabilizando em mantê-lo ocupado o bastante.

- Mamãe? — O mais novo a chamou, com uma voz ainda sonolenta.

Ele estava deitado na cama dos pais, após um cochilo. Atena que estava na varanda, ao ouvir sua voz, logo se aproximou.

- Oi meu amor, eu tô aqui. — Acariciou o rostinho dele e sorriu.

- Cadê o papai? - Disse coçando os olhinhos.

- O papai tá meio ocupado agora, jaja ele vem ficar aqui com você. Tá combinado? — Ela observou ele concordar e se aconchegou na cama, ao seu lado.

No cômodo ao lado, onde Romero tinha um escritório improvisado, ele servia uma dose de whisky para Ascânio, que estava sentado em uma poltrona, do outro lado.

- Sei que parece que vocês se deram muito bem lá fora, mas eu não vou concordar mais com esse tipo de coisa. Eu e Atena temos um filho agora e isso muda tudo. — Suspirou ao final da frase.

- Só se mudou pra você, Romerito! — O velho sorriu debochado, pegando o copo com o líquido alcoólico. - Já conversaram sobre isso?

- Não, mas não acho que é algo que precise.. Nós podemos ter tudo agora, sem precisar voltar para essa vida. — Romero o encarou e se sentou na outra poltrona. - Eu quase morri, Ascânio! Não acho que seja preciso muita coisa para fazer Atena entender.

- Bom, agora você conseguiu o que queria, né? Limpar seu nome, entendo que não jogaria essa oportunidade fora. — Bebeu alguns goles da bebida e depois limpou a boca com o antebraço. - Mas ó, quero te lembrar que a Atena ainda tá correndo risco, eu provavelmente tô nessa também.

Só de pensar naquilo, Romero se sentia mal, mas ele sabia que ainda tinha bastante coisa para se enfrentar e desistir não estava em seus planos.. Não agora que havia a reencontrado.

- Papai! — A voz alta do seu filho ecoou no cômodo e logo ele se jogou no colo do mais velho.

- Ei pequeno, você não tava dormindo? — Falou se levantando, agora com ele em seus braços.

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