Ainda te vejo em tudo.

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Semanas depois.

Desde o dia em que Romero teve o retorno de suas lembranças com Atena, não parava de pensar nela por nenhum minuto. Tanta coisa se passava por sua cabeça, que sentia que estava prestes a enlouquecer! Dante agora parecia que estava o evitando e no fundo ele já podia imaginar, que era justamente por conta daquele assunto, só não entrava em sua cabeça o porque dele se esquivar tanto disso.

Enquanto isso, Dante tinha dois problemas para lidar... Seu pai e seu próprio amigo! Os dois tinham tentado manter contato durante a semana toda, mas sem sucesso, porém ele sabia que cedo ou tarde, um dos dois iria aparecer na delegacia e colocá-lo contra a parede, então teria que pensar logo em qual resposta dar.

(...)

Atena resolveu mandar um e-mail para o hospital onde vivia enviando doações de grande quantia, os avisou que finalmente o tão esperado encontro, teria chance de acontecer. Pelo outro lado da tela, Tóia teria ficado empolgadíssima e já ficava imaginando como seria encontrar a tal mulher misteriosa, certamente deveria ser bem refinada e elegante.

A loira fechou o notebook que estava sob seu colo e o guardou dentro de uma bolsa própria para ele, depois se levantou e começou a fechar suas malas, o voo sairia em algumas horas e ainda tinha que terminar de arrumar as coisas de Romero, para que pudessem ir até o aeroporto.

Oh Ateninha, faço questão de levar vocês para o aeroporto. — Ascânio disse, se oferecendo para ter a situação ao seu favor.

Só que ela sabia, que ele não era tão burro assim e provavelmente estava tentando isso para descobrir seu destino naquele viagem.

Valeu, velho! Mas eu já vou entrar em contato com um uber. — Mais uma tentativa de se safar, que acabou sendo totalmente falha.

Ascânio continuou insistindo e por fim, Atena resolveu aceitar, ao perceber que se fizesse muito tumulto, ele iria acabar desconfiando, então era melhor optar por fingir naturalidade.

Ao avisar que teria que finalizar as malas do filho, o velho se propôs a já ir levando a bagagem dela para o estacionamento, para facilitar a vida de ambos. O que Atena não sabia era que Ascânio tinha feito suas malas também e planejava ir escondido junto com eles.

Prontinho, você tá lindão! — Sorriu completamente orgulhosa, após terminar de arrumar Romero, que sorria tímido. — Agora dá a mão que a mamãe não pode se atrasar, vamos encontrar o tio Ascânio lá em baixo! — Explicou, pegando as malas deles com uma mão e com a outra segurando na sua mãozinha.

O percurso até o aeroporto foi tranquilo, o automóvel foi estacionado quase na frente e após uma breve "despedida", Atena adentrou ali com o filho e toda bagagem deles. Ascânio tinha planejado tudo, após pegar suas coisas, ele devolveu e pagou o carro alugado ao próprio dono, que tinha ficado de receber ali pelo aeroporto mesmo, o fazendo ganhar tempo para embarcar no mesmo avião.

A loira quando não viu sinal do velho ali, começou a ficar preocupada com outras coisas, ela estava retornando para o Brasil depois de tanto tempo e isso mexia com seu psicológico, estava presa entre a razão e a emoção.

Mamãe? — A voz doce do pequeno lhe tirou a atenção dos próprios pensamentos.

Oi meu bebê, tá tudo bem? — Queria mantê-lo o mais confortável possível, já que era sua primeira vez andando de avião, em outras vezes que tiveram que se mudar, as viagens acabavam sendo mais curtas.

O garotinho estendeu os braços, como se estivesse assustado de tá no meio de tanta gente, o aeroporto estava meio tumultuado e assim que ela conseguiu se livrar da bagagens, deu total atenção ao filho, o carregando no colo.

(...)

A porta da sala de Dante se abriu, revelando a presença de Thales, que estava com uma cara de poucos amigos. O moreno direcionou seu olhar até o amigo e soltou um suspiro, enquanto se ajeitava melhor sob sua cadeira.

Creio que você já saiba o motivo de eu tá aqui, não é mesmo? — Thales deu alguns passos e se sentou em uma das cadeiras que tinha em frente da mesa, coberta de papéis e documentos.

Sim, eu sei. — Foi direto, como se quisesse acabar logo com aquilo. — Olha Thales, eu não pude te contar as coisas naquele dia, pelo simples fato do meu pai tá ali, isso mexeria com ele. — Confessou, ter aquela conversa com o seu amigo talvez seria mais fácil, do que com seu próprio pai.

Eu ainda não entendi o que o seu pai tem haver com isso.. O que você tem haver?! Vocês conheceram a Chiara? Sabem onde ela tá? — Ele parecia sedento por respostas novas.

Não, eu não sei onde ela tá.. Mas sei que a sua queridinha nunca se chamou Chiara e muito menos é uma cidadã de bem! — Ao terminar a frase, jogou por cima da mesa, uma ficha.

A expressão de Thales mais uma vez, se deu como mudada, por conta das revelações. Tomou coragem de tocar na ficha e abri-la, começando a ler com calma, por um momento parecia que tinha entrado em um circo pegando fogo.

Aquela ficha mostrava alguns dos crimes que Atena já tinha cometido, sendo eles nunca pagados, então ela seguia sendo uma procurada. Como ele iria imaginar que aquela mulher que ele ajudou a ter o filho, iria ser uma criminosa?

Sei que deve ser pesado pra você, digerir isso tudo agora.. Não sei o que rolou entre vocês, se ela te fez de fantoche ou não, só peço que não comente nada com o meu pai, assunto em sigilo total para ele! — Pediu com a voz firme.

Nós não tivemos nada, se ela é esse tipo de mulher, creio que eu tenha sentido todo o peso dos sentimentos sozinho. — Parou pra pensar um pouco. — Vai me falar o que seu pai tem haver com isso? — Insistiu mais uma vez.

Eles eram namorados, tipo Bonnie e Clyde! Não mataram ninguém, mas era uma dupla e tanto.. Lembra daquela facção que eu e minha equipe destruímos? Os dois faziam parte. — Só de lembrar da história, lhe dava dores de cabeça. — Quando eu cheguei naquela casa, onde houve a troca de tiros que fez meu pai ficar naquele estado, eu soube que Atena tinha fugido com o dinheiro e meu pai ficou ali.. Sozinho! Eu prometi pra mim mesmo, que se ele escapasse, jamais o deixaria prestar um papel desses novamente. — A voz de Dante entregava seu total desgosto com o que presenciou.

Thales ficou calado, como se precisasse de silêncio para processar tudo. Nunca imaginaria que começaria a criar sentimentos por uma mulher fora da lei, que tinha namorado o pai do seu amigo.

(...)

Romero saiu do banho ajeitando o nó do seu próprio roupão de tom azulado, os cabelos molhados caiam levemente sobre seu rosto, o lembrando que talvez já estivesse na hora de cortar um pouco. Parou em frente ao espelho que havia no seu quarto e ficou encarando o reflexo formado, sem dizer uma palavra.

Sentiu as mãos femininas tocando seus ombros, iniciando uma espécie de massagem e relaxou o corpo, fechando os olhos por alguns segundos. Era como se escutasse a voz de Atena sussurrando em seu ouvido, lhe pedindo para voltar, dizendo o quanto o amava. Quando voltou a abrir os olhos, podia jurar que havia visto ela ali.. Juntinha dele, lhe abraçando cuidadosamente por trás. Até que Romero despertou dos devaneios que estava tendo e a viu desparecer completamente.

Eu vou te achar, Atena.. Nem que seja a última coisa que eu faça. — Falou baixo e pro espelho.

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Será que o reencontro vai rolar?
ou vai ter mais desencontros acontecendo
na vida deles dois? Aguardem os próximos
capítulos.. ❤️

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