Coisas do destino.

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Tóia ainda se mantinha paralisada, como se estivesse vendo um fantasma ali na sua frente, piscou os olhos algumas vezes até conseguir formar alguma palavra.

A-Atena? — Gaguejou, engolindo em seco em seguida.

Atena deslizou seus olhos de cima a baixo, notando que talvez o tempo tivesse feito bem a morena, que agora tinha até outra postura e forma de se vestir.

Nunca pensei que eu diria isso, mas.. Feliz em te ver! Como tem passado? — Perguntou, se sentando em uma das cadeiras que tinha ali.

É sério isso? Você chega aqui agindo normalmente e quer que eu entre na onda? — A morena agora estava caindo em si.

Você queria o que? Me mandou inúmeras mensagens querendo que esse encontro acontecesse e agora que eu não sou a pessoa que você esperava, quer dar pra trás? — Atena alterou um pouco a voz. — Sua chateação não vai mudar o fato de que eu ajudei esse hospital muitas vezes e se eu fiz isso, foi em nome do Romero!

Tóia então lembrou, que Atena nem mesmo sabia que a realidade sobre Romero era outra e isso a deixou ainda mais nervosa.

Você teve a vida que sempre quis, conseguiu se casar com quem realmente amava, não é? Teve filhos.. — Atena falava pausadamente, como se tentasse digerir aquilo tudo, que no fundo era seu sonho também.

A loira então alcançou um porta retrato em cima da mesa de Tóia, onde tinha uma foto de Djanira. Aquilo fez ela sorrir, sentindo um aperto no peito, Romero tinha deixado duas versões suas no mundo antes de partir.

É ela, não é? — Seus olhos permaneciam vidrados na foto. — É a filha do Romero?

Tóia apenas concordou positivamente com a cabeça, sentia que se abrisse a boca, poderia acabar dizendo o que não deveria.

Eu não vim aqui pra causar confusão, é a primeira vez que eu retorno ao Brasil depois de tudo e ainda nem sei se foi uma boa ideia.. Tô correndo riscos aqui. — Passou a mão pelos cabelos, que agora tinham se soltado do antigo coque.

Não vou te denunciar, Atena. — Tóia criou coragem de falar. — Eu não posso imaginar o que você passou, mesmo que eu tenha sofrido em suas mãos no passado! — No tom de sua voz ainda parecia que não existia um perdão totalmente.

Agradeço então. — Se levantou da cadeira e pegou sua peruca e os óculos de sol. — Só quero que saiba que continuarei ajudando o hospital, sem pedir nada em troca pela primeira vez, por mais que eu devesse.

Porque deveria? — A morena sentiu a dúvida lhe atingir.

Atena pensou antes de lhe dar uma resposta, não sabia se era uma boa ideia revelar que Romero tinha um filho com ela ou se deixaria no ar, cedo ou tarde talvez descobriria.

Um dia você vai saber. — Optou por não contar e retirou um pacote de dentro da sua bolsa, depositando em cima da mesa. — Isso aqui é mais uma doação, já que no mês passado não enviei nada.

Tóia piscou uma, duas e três vezes, como se tivesse completamente incrédula, nunca pensou que iria presenciar uma cena como aquela.

Atena, posso confiar que esse dinheiro não é sujo? — Estava insegura, nem ao menos sabia como ela estava se mantendo.

Atena riu sarcástica, quebrando o espaço que havia entre as duas, tocou o queixo de Tóia com os dedos e fez um estalo com a boca.

Você não me entrega e eu te garanto que esse dinheiro não é sujo, que tal? — Lhe lançou uma piscadinha. — Ah, onde fica o banheiro?

Tóia por sua vez, lhe ensinou que ficava no final do corredor e assim que novamente ficou sozinha na sala, sentia um nó se formando na garganta. Atena tinha retornado como um furacão, nunca passaria pela sua cabeça a possibilidade de ser ela enviando tantas doações em dinheiro.

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