Invertendo posições.

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POV ATENA.

A medida que eu ia dirigindo até o endereço do local onde haviam me passado, meu coração parecia que chegava mais perto de saltar pela boca.

Ficava imaginando aqueles olhos de Romero me encarando, com uma marca evidente de preocupação instalada. Ele se preocupava tanto, de uma maneira que eu achei que nunca iria ver. Minha aposta era que isso era um fruto, de um trauma.

Quem poderia imaginar? Romero Romulo, que se negava até a morte que jamais teria algo comigo, agora estava assim.

No fundo eu poderia, já que sempre soube que me amava, mais sua obsessão falava mais alto, sua vontade de ser o que não era. Nossa separação apesar de ter nos causado inúmeros danos, por algum motivo, me fazia enxergar também com outros olhos.

Não sei se era uma falsa aceitação que meu coração buscava ter, para justificar tudo, mas agora uma parte de mim pensava assim.

O endereço que me mandaram era de um lugar bem deserto, como já esperado. Não havia nenhum sinal de pessoa por ali, pelo menos não até agora.

Estava tudo escuro e a única iluminação possível era do próprio automóvel que eu estava dirigindo.

- Que merda.. — falei baixinho.

Fui visualizando uma casa, na medida que eu ia me aproximando, logo vi que pela aparência era abandonada.

Só de imaginar que meu filho estava ali, já me dava calafrio. E se ele estivesse machucado? Com fome? Com medo? Essas possibilidades me machucavam como uma faca atravessando meu peito.

Estacionei o carro, quando vi um cara saindo de dentro e fazendo sinal para que eu parasse.

Ali fora tinha mais dois e estavam armados, possivelmente para espionar se eu estava acompanhada ou não e fazer a segurança de quem estivesse ali.

Era agora ou nunca.

Desci e bati a porta, caminhando com o rosto erguido até a entrada do lugar, não queria que eles achassem que poderiam me intimidar, pelo contrário, estavam prestes a descobrir a fúria de uma mãe.

- Entra, estão te aguardando.

Encarei o homem, que estava com seu rosto coberto por uma espécie de máscara, assim como os outros que eu já tinha visto.

Entrei de cara fechada, observando o local que se por fora já era acabado, por dentro era um show de horrores.

- Vem cá, não tinha um lugarzinho melhor não? — Falei assim que vi Zé Maria.

O velho estava de costas, conversando distraído com mais um de seus capangas. Ao ouvir minha voz, se virou e sorriu, o que me deixou enjoada.

- Olha só quem chegou pro show! — Bateu palmas e veio se aproximando.

Ele começou a me rodear, respirei fundo, tentando manter a maior calma do mundo, embora eu não tivesse.

- Comigo você não vai ter enrolação não. Ande, onde está o meu filho? — Fui clara.

- Calma aí madame, tá com pressa? — Debochou, parando na minha frente.

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