Um lar completo.

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POV ROMERO.

No momento em que eu escutei o disparo da arma, pela qual Atena lutava para retirar da mão daquele cara, senti como se o chão estivesse se abrindo aos meus pés.

Coloquei as mãos na cabeça, como num ato de desespero e gritei pelo seu nome.

Ela me olhava e eu não conseguia identificar mais nada ao meu redor, como se tudo ficasse borrado e eu só apenas a enxergasse.

Presenciei ela dar alguns passos para o lado e notei a sua roupa manchada de sangue, me desesperei indo ao seu encontro e lhe segurando pelos braços.

- Atena? Pelo amor de Deus.. — A chamei mais uma vez, querendo uma resposta e então comecei a apalpar sua barriga, na intenção de encontrar o local lesionado.

- Romero, olha pra mim. — Ela segurou em meu rosto, prendendo minha atenção. - Esse sangue não é meu. — Falou engolindo seco, ao mesmo tempo que aliviada.

Só então eu consegui cair em mim, virando o rosto para encarar o cara que cada vez mais ia chegando ao chão.

- Vem, vamos dar o fora daqui! — Foi a única coisa que se passou pela minha cabeça.

De longe eu já conseguia escutar a polícia chegando ao local e eu não queria pagar pra assistir o que mais iria acontecer naquela noite, só queria pegar minha mulher, meu filho e ir para algum lugar distante, que fornecesse a segurança necessária.

Durante o caminho até em casa, Atena foi no banco de trás, acompanhada do nosso filho que estava em seu colo, provavelmente quase adormecido. O dia havia sido caótico, para todos nós, mas eu não seria capaz de imaginar o que aquela criança havia passado e tinha medo de aquilo lhe trazer futuros traumas.

- Tá tudo bem aí? — Perguntei, desviando minha atenção do volante por um instante.

- Estamos bem. — Ela respondeu baixinho.

Percebi que abraçava o corpo do nosso menino com cuidado, mantendo uma de suas mãos no rosto dele. Não conseguia visualizar se estava adormecido ou não, mas estava em silêncio.

Quando finalmente estacionei o carro na garagem, me atentei em mandar uma mensagem para Dante, para que me enviasse notícias depois e que amanhã alguém viesse pegar de volta o carro que me emprestaram.

Depois tratei de ajudar Atena a descer do carro, me candidatando em levar o nosso filho nos braços, o que seria melhor, ela deveria estar cansada.

Dona Graça ainda estava em casa, provavelmente preocupada o suficiente e quando nos viu, liberou um suspiro de alívio.

O mesmo ocorreu com Ascânio, que era de não calar a matraca por natureza, mas se manteve calado, seu olhar já dizia por tudo.

- Obrigado por ficar aqui, Graça.. Se não se importar eu vou colocar ele na cama e volto pra te deixar em casa. — Toquei seu ombro cuidadosamente, em forma de agradecimento.

- Senhor Romero, não precisa se preocupar com isso por hoje, minha filha já está vindo me buscar. — Ela deu um sorriso fraco, tocando minha mão e fazendo um carinho. - Foque em sua família agora, eles precisam de você.

- E eu preciso deles. — Respondi baixo, mas acreditando fielmente que ela tinha escutado.

Subi para o andar de cima, acompanhado de Atena e o primeiro cômodo que entramos foi o quarto do mais novo.

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