(...)
POV ATENA.A vontade de sair correndo naquele instante era enorme, mas se naturalmente nervosa eu já não tinha forças, imagina estando grávida de gêmeos e prestes a parir.
Não queria ter que me virar e encarar o dono daquela voz que me causava arrepios até no estômago, tampouco tinha alguma escolha que me fosse favorável ali.
Só queria que Romero brotasse em um segundo e eu não precisasse ter que lidar com aquilo, porém mais uma vez, sem sorte.
Me encostei novamente sob o carro, com as mãos trêmulas no vidro da janela e com a cabeça baixa, sentindo o mundo rodar ao meu redor. Aquilo tinha mesmo que acontecer?
- Senhorita? Estou falando com você.
O escutei novamente, provavelmente estranhando a demora que eu estava dando para lhe dar uma simples resposta. Ao mesmo tempo que eu estava em plena crise de pânico, me subia um ódio, que me fazia querer gritar e fazer aquele homem sair de perto de mim.
Puxei o ar que parecia não querer vir e tive a impressão de escutar sua voz ainda mais perto, agora encostando em meu braço, o que me fez dar um pulo assustada e me virar bruscamente, tendo agora total certeza que era mesmo ele.
Era o meu pai. Na verdade devia ser até crime chamá-lo dessa forma, já que o histórico ao seu lado não tinha sido nada do que uma menina espera receber de uma figura paterna.
- SAI DE PERTO DE MIM! NÃO ENCOSTA EM MIM. — Gritei totalmente atordoada só em senti-lo me tocar.
Encarei seu rosto com a visão meio turva pelas lágrimas que se faziam presente em meus olhos, mas ainda sim deu para perceber que estava tão surpreso quanto eu.
- Francineide?
Vendo eu e ele parados ali, um de frente para o outro, depois de tanto tempo, me trouxe uma avalanche de sentimentos ruins.
Quando desviei meu olhar para o lado, Romero estava vindo em nossa direção, passos apressados e um olhar apreensivo, como se soubesse que precisava me salvar.
Merda. Como eu iria explicar aquilo tudo para ele?
- O que tá acontecendo aqui? — Me encarou e depois fez o mesmo com o mais velho.
Eu não tinha forças, mas precisava disfarçar aquela situação toda, não era o momento.
- Esse senhor estava querendo uma informação e eu já dei, vamos embora? — Toquei em seu braço, praticamente suplicando com os olhos para que não alongasse o assunto e fôssemos embora logo.
Romero parecia intrigado, eu sabia que ele não ia engolir aquela desculpa esfarrapada e que mais tarde me encheria de perguntas.
Ele fez um breve aceno com a cabeça e então entramos no carro, agradeci aos céus que pelo menos o imundo do meu pai não tinha falado mais nada, caso contrário, poderia ser bem pior.
Percebi que ele ficou parado olhando o nosso carro se distanciar, engoli em seco e parei de olhar pra trás, tentando retomar minhas energias perdidas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
E se..
FanfictionE se em a "regra do jogo", Romero não tivesse tido seu final trágico? Se segredos fossem mantidos e bombas estivessem prestes a explodir..