Capítulo 27

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— “Ah, tá legal”, é sério Ray?! Tipo, sério mesmo?! – Emma disse olhando para ele com a testa franzida, o outro ficou quieto, olhando para suas mãos.

Pela amanhã, quando Ray acordou, ele tomou banho e mandou uma mensagem para Emma dizendo que iria à casa dela, agora ele estava sentado no tapete rosa circular no centro de seu quarto, enquanto ela estava de pé em sua cama, que é encostada a parede, tentando alcançar a parte mais alta do armário para pegar os jogos de tabuleiro.

— Você queria que eu dissesse o quê?! – Ray disse olhando para cima, encontrando os olhos verdes de Emma sobre os dele, a garota desistiu e pulou da cama sentando ao lado dele, balançando os pés cobertos por uma ridícula meia de girafa.

— Você poderia dizer que queria um tempo para pensar, mas um “ah, tá legal”? O que ela deve ter pensado sobre isso?! – A ruiva disse estufando as bochechas de raiva e depois esvaziando-as.

— Ela passou dez anos, como ela mesmo disse, fazendo com que eu não me sentisse bem-vindo, eu não conseguia dizer nada a ela no momento! Ela deve saber disso. – Ele respondeu, apertando o punho.

— Tudo bem. Você ganhou. Mais cara, tente resolver isso o quanto antes. – ela respondeu colocando a mão no ombro dele e Ray balançou a cabeça.

A porta do quarto de Emma se abriu lentamente, sua mãe, Olívia, entrou segurando a irmãzinha de Emma, ​​Carol, de dois anos, ambas têm cabelos ruivos como Emma, ​​mas sua mãe e irmã têm olhos azuis. Ray olhou para a mãe da garota, e acabou notando a barriga dela mais inchada, ela está grávida de novo?

— Emma, ​​querida, venha comer, fiz um bolo de chocolate e suco, venha também Ray. – Disse sua mãe em tom dócil, em seus lábios havia um sorriso tão carinhoso que faz qualquer um sorrir de volta.

— Estamos indo, mamãe! – A ruiva levantou puxando Ray, os dois saíram correndo deixando a mulher para trás, rindo da empolgação da filha. No andar de baixo, na cozinha, o pai de Emma estava sentado tomando uma xícara de café enquanto lia algum livro, seus olhos verdes pousaram em Emma e Ray. – Oi pai!

— Emma, ​​não sabia que você tinha visitas. – Disse o homem fechando o livro, ele abriu um sorriso que fez a espinha de Ray estremecer, mas sustentou o olhar. – Ray, não é?

— Sim senhor Grace.  – Ray disse olhando em seus olhos, o homem trocou seu sorriso por um mais gentil.

— Por favor, somente Yuri. Emma, ​​não quero a porta do seu quarto fechada enquanto ele estiver aqui em casa. – ele respondeu, enquanto Emma e Ray se sentavam, segundos depois, sua mãe chegou com sua irmãzinha que gritava infantilmente.

— Pai, não se preocupe, Ray é gay! Ele chupa a berinjela, faz suco com ela. – a garota respondeu, sua mãe a repreendeu e seu pai olhou para Ray torto, enquanto o moreno permaneceu sem reação com uma cara de embaraço.

— Ah, então tudo bem. – Seu pai respondeu como se não fosse nada, enquanto Ray ainda esboçava uma reação.

—  Oh meu Deus, vocês dois são terríveis! Querido, está tudo bem? Não dê ouvidos a eles. Emma, ​​você não pode tirar alguém da sua zona de conforto desse jeito, e se ele não quisesse que soubéssemos sobre sua orientação sexual?! – Sua mãe disse em tom de repreensão, mas ainda calmo e respeitoso.

— Mamãe, qualquer um sabe, até mesmo um cego consegue saber, só de olhar para o Ray, que ele gosta! – Emma disse, seu pai explodiu em gargalhada concordando com a filha.

Emma Grace e Yuri Grace!

— Estou indo embora. – Ray finalmente disse, com a voz trêmula, levantando-se e saindo da cozinha, ele ouviu Emma se levantar, mas sua mãe a impediu e foi levá-lo até a porta se desculpando.

Ele saiu da casa de Emma ainda conseguindo ouvir as palavras dela sobre berinjela e as risadas dela e do pai, ele nunca mais vai voltar na casa dela. Ray continuou andando pela calçada com os pensamentos perdidos e tentando esquecer o que havia acontecido, o dia estava ensolarado.

O moreno tirou o celular do bolso, havia uma mensagem de Norman. Ele parou de andar para ler sua mensagem e responder, naquele instante, ele esqueceu completamente seu constrangimento e um sorriso apareceu em seus lábios.

Cheguei em Londres, meu pai estava me esperando no aeroporto, vamos de carro até Rye, é mais uma hora e meia de viagem. Estou bem. Não se preocupe.

Ótimo, pensei que você fosse se perder enquanto cruzava o oceano. Boa viagem para Rye, mande-me uma foto do castelo. Eu não estou preocupado.

— Garoto? – A voz de uma senhora fez Ray guardar o celular e se virar, ela segurava sua bengala e tinha uma carranca no rosto. – Com licença? O meio da calçada não é lugar para se estar!

— Desculpe. – Ele respondeu dando espaço para a idosa passar, ela passou resmungando e Ray revirou os olhos. Ele atravessou a rua e continuou andando em completo silêncio.

Nos últimos meses, ele parou de se comparar com os outros, às vezes esses pensamentos invadem sua cabeça. Só às vezes agora. Ele também descobriu novos gostos e também se tornou mais sociável, permitindo-se conversar com novas pessoas fora de sua bolha. Ainda há grandes passos a serem dados, mas ele está feliz por ter melhorado, por ter melhorado para si e não para os outros. Mesmo com tudo isso, ele não sabe como se sentir com o pedido de desculpas da própria mãe. Ele suspirou e olhou para o céu, parando de caminhar mais uma vez, mas desta vez em um canto da calçada que não atrapalharia ninguém.

— O que devo fazer, pai? – murmurou, como se o homem fosse responder. Ele fechou os olhos e se lembrou de sua última lembrança com seu pai.

Ray, você sabe por que seu nome é esse? – Disse seu pai virando a cabeça para olhá-lo, os dois estavam deitados na grama do parque, os olhos do menino o fitavam com curiosidade.

Não papai. – Ele disse – Por que meu nome é esse?

Seu nome na língua inglesa significa raio, mas na realidade, tirei seu nome da língua germânica, da palavra “raí”, meu filho. Significa conselho. Teu nome é esse, porque uma noite em que eu estava abatido, conversei com você, você ainda estava no ventre de sua mãe, ela estava dormindo. Você me respondeu chutando. Aqueles chutes, Ray, me aconselharam a continuar. Você me salvou muito antes de nascer.

Com aquela doce lembrança, ele abriu os olhos, a brisa fresca agitou seus cabelos e ele pôde seguir em frente, em direção a sua casa. Ele sabe o que fazer agora.

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Olá, como vocês estão?
Dois capítulos no mesmo dia.
Até a próxima <3

Bom o suficienteOnde histórias criam vida. Descubra agora