Capitulo 1 Ironia

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Que coisa estranha!

Estar vivo sob as flores de cerejeira.

                        Kobayashi Issa

Tóquio Japão 

Que ironia,a vida seria muito mas fácil se o destino não fosse tão irônico a ponto de pregar tantas peças complicando ainda mas na minha situação,pensei enquanto reencostado em meu carro prosseguia acompanhando o trajeto lentos dos barcos pela baía de Tóquio,ja havia se tornado uma especie de terapia estar ali todo final de tarde,após a morte de meu Otou-san,meu irmão tomara frente dos negócios da família regendo com vara de ferro todo o imperio que nosso pai deixara,um suspiro longo deixa meu peito mas aliviado,otou-san diria que qualquer fraqueza deve ser punida na carne até que o homem acometido por ela esteja liberto de qualquer sentimento a não ser o de servir sua própria casa,enquanto no bolso da calça o celular vibra insistentemente,tirando o aparelho noto ser ele,meu adorável e querido irmão mas velho,não o atendo mesmo sabendo das punições por não faze-lo,por seremos meio irmãos e pela antiga antipátia de Akira por mim sabia que teria de me submeter as suas ordens,ao entrar no carro pego a maior prova de que se não podia me matar tornaria minha vida mas difícil que ja era,o envelope negro contendo a foto de uma família,o homem de cabelos grisalhos e olhos azuis sorridentes abraçava a adolescente de cabelos negros e lisos com olhos idênticos aos do homem,ao lado uma mulher que era uma versão mas velha da filha a abraçava e também sorria,reconhecia aquele homem,Álvares como era conhecido,junto outras fotos atuais de mãe e filha no natal,a formatura da garota agora uma mulher,sorria e seus olhos azuis eram como um céu límpidos no verão,um bilhete não era necessário quando as fotos vinham em um envelope negro,atrás da ultima foto da jovem de biquíni na praia dizia:

    Brasil,Santa Catarina
Balneário Camboriú.

Uma última olhada na foto da mulher pensei ser um desperdício elimina-la,renderia alguns bons dólares em uma de nossas casas,gostosa com todas aquelas curvas faria sucesso,trabalho,mas um trabalho,voltaria ao Brasil após muitos anos longe,Akira sabia o quanto eu odiava voltar no lugar onde havia tantas lembranças dela,coloacando tudo de volta no envelope saio em busca de algum conforto,mesmo sabendo que é quase impossível senti-lo quando tudo dentro de si é negro.
        Yuriko havia marcado este encontro fora dos nossos dias,sorrindo ao telefone ela dizia ser urgente,ancioso por um pouco de paz segui pelas ruas o mas depressa possível,chegando por volta das nove da noite e frente ao simples apartamento as luzes estavam ligadas podia ver pela janela,saio do carro e como de costume despenso o elevador e subo as escadas sempre atento se fui seguido,minha batida soa,bato uma segunda vez,nada acontece,pela terceira vez um arrepio passa por seu corpo e apreensivo entro,a sensação de frio na espinha já me era conhecida,tudo parecia no seu devido lugar mas mesmo assim havia algo errado podia sentir,esta sensação nunca traía,com a arma em punho sigo sorrateiramente por cada cômodo,por último entrou no quarto escuro,ligou a luz e neste momento meu mundo que pensei esta oculto aos olhos do inimigo me fora arrancado,a cena horrenda a minha frente seria a mas cruel possível não so pela quantidade exorbitante de sangue espalhada por todo lugar,eu ja havia feito coisa pior e o cheiro ferroso não me era desconhecido,Yuriko estava deitada,como se estivesse dormindo se não fosse pela enorme mancha de sangue que tingia seu vestido branco em carmesim,corro imediatamente até ela implorando mentalmente para que aquilo não passasse de um terrível pesadelo ou que pelo menos ainda restasse uma chance de salva-la,carrego-a junto ao meu corpo,não havia lagrimas em meus olhos eu não as derramava a muito tempo desde minha iniciação,so havia aquela constante agonia no peito que me fazia transbordar de odio e vingança,sabia que ela queria algo a mas,eramos proximos desde o ensino médio e nos viamos sempre,mesmo acreditando não ser capaz de amar alguem eu senti algo dentro de mim se quebrar ainda mas,o golpe traiçoeiro de uma espada,o corpo gelado era a terrível constatação que seria tarde de mas buscar ajuda,em desesperado apanho a caixinha que ela segurava agora caída no chão,descobrindo o pequeno sapatinho amarelo,meu coração falha uma batida,abro o papel e leio,teste de gravidez positivo,alguém lhe tinha levado tudo,de olhos fechados sinto em meu peito a terrível dor da perda,tudo que tinha agora havia sido reduzido a nada,sabia ter muitos inimigos,mas quem seria capaz de o atingir de maneira tão direta e pessoal,pergunto-me enquanto saio dali, era apenas uma sombra mas uma vez,o coração gelado que carregava no peito havia morrido de vez, deixado de bater junto com a mulher que sem perceber amava e o filho que havia perdido.

Monarca amor ou crime (máfia Yakuza)Onde histórias criam vida. Descubra agora