Jimin
Acordei em um lugar no qual eu não sei qual é, mas sei que estou sobre uma superfície macia. Sinto cheiros que, até então, são desconhecidos. Onde eu estou?
Ao abrir meus olhos, pude ver um teto de madeira, e ao prestar mais atenção em mim, fico feliz com a constatação de que aparentemente estou bem, apesar de alguns arranhões em meus braços.
— Que bom que acordou — ouço a voz de um homem, e não faço ideia de quem seja. — Me chamo Wooshik — ele se apresentou, ao mesmo passo de que eu não conseguia dizer nada. — Não fique assustado, não vou te fazer mal. Te encontrei no meio da floresta, desacordado, então te trouxe para cá. Minha esposa cuidou de você.
— Olá — ela apareceu, com uma tigela em mãos, com algo que aparentemente seria para mim comer. — Me chamo Dasila. Está seguro aqui, pode ficar tranquilo.
— Qual seu nome? — o homem me perguntou, enquanto sua esposa me dava a tigela.
— Isso é sopa — ela disse, antes que eu respondesse à pergunta.
— Meu nome...
Não importa o quanto procurasse, não conseguia achar em lugar algum da minha cabeça. Eu não lembrava do meu próprio nome.
— Não me lembro — eu disse, em choque por isso.
— Sabe de onde é? — eu procurei mais uma vez... Nada. Neguei com a cabeça. — Sabe como se machucou?
— Eu acho que cai, mas isso pelos machucados em meus braços. Mas não sei o que aconteceu.
— Acho que ele bateu a cabeça quando caiu — Dasila disse, olhando para o marido. — Não podemos deixá-lo assim.
— Não, claro que não — ele ficou um pouco olhando para o chão, pensando em algo. — E nem mesmo conseguimos saber o que ele é, existem tantos cheiros diferentes vindo dele — ele disse, ainda olhando para o chão.
— Ele tem quatro cheiros diferentes, dois deles são característicos de um ômega. Nós já sabemos a resposta — Dasila disse, voltando seus olhos para mim. — Ele provavelmente é marcado por um supremo, já que tem tantas misturas. Além disso, a marca é bem visível, e aparenta estar um pouco irritada.
— Sim, e o cheiro de alcaçuz é o mais forte, é até demais.
— Vocês podem parar de agir como se eu não estivesse aqui? — eu disse, já um tanto estressado.
Eu não havia prestado atenção no cheiro dos dois, já que antes eu estava muito disperso, mesmo que tivesse sentido. Aparentemente, Wooshik é um alfa e Dasila uma ômega.
No entanto, eu não saberia dizer qual cheiro exatamente é o deles, porque haviam muitos cheiros misturados, e pelo jeito, alguns deles são meus, e apenas sei que o de alcaçuz é o meu. Eu ainda estava confuso.
— Pelo jeito não é um ômega comum — ele completou, erguendo as mãos em sinal de rendição. Tentando fazer graça, será? — Tudo bem, nos desculpe por isso — ele pediu, ainda gentil como antes, tendo sua esposa concordando.
Não sei o que aconteceu, nem sei se vou conseguir me lembrar de alguma coisa, mas sinto como se precisasse voltar para casa. Sinto falta de algo, e pelo que ouvi eles dizendo, talvez seja do meu alfa.
E acredito que seja mesmo, porque sinto meu coração apertando sempre que penso nisso.
— Me levem para casa, por favor — eu pedi, sentindo uma súbita vontade de chorar.
Era difícil ignorar a sensação do meu lobo se remexendo dentro de mim, eu quase conseguia o ouvir chamar por nosso alfa. Tudo isso só me fazia sentir mais vontade de chorar. Mas eu não iria, não vou chorar por isso. Preciso ser forte, e eu vou ser.
Não sei como vamos fazer para encontrar minha casa, mas sei que vou fazer o que for preciso para isso, o que estiver ao meu alcance.
— E eu posso ficar aqui por um tempo? Até encontrarmos alguém que esteja me procurando, ou ao menos saiba de mim? — eu perguntei, mais para confirmar o que eu já sabia.
— Claro, nós não te deixaríamos na floresta, ou em qualquer outro lugar, ainda mais assim — Dasila disse, com um sorriso no rosto.
— Obrigado — eu disse, realmente agradecido.
Depois disso, eu comi a sopa que ela havia me dado. Estava muito boa, a propósito.
Durante os seguintes dias, eu fazia o que podia para ajudar na casa deles, e enquanto isso os dois me ajudavam a procurar alguém. Eles saíam mais a cada dia, provavelmente indo mais longe, procurando por alguém que estivesse me procurando.
Não sei dizer se normalmente é difícil assim, mas parecia impossível procurar alguém, principalmente porque estávamos no meio do nada. Eles começaram a ir nas aldeias que estavam mais perto dali.
— Dasila, tem laranja? — eu perguntei, indo até a cozinha.
— Acho que tem. Dê uma olhada na fruteira ou na geladeira — ela respondeu, ainda cortando alguma coisa dentro de uma panela.
Um detalhe da casa é que ela é toda de madeira, e isso a deixa completamente aconchegante, além de ser elegante. Eu realmente gosto de ficar aqui.
Fui até onde ela havia me dito, achando as laranjas na geladeira. Aproveitei para pegar duas.
— Tem mirtilo? — perguntei, antes de sair da cozinha.
— Acho que só no pé lá fora. Sabe aquele pé de mirtilo que temos? Tem que dar uma olhadinha lá — ela respondeu, não parando de fazer seus afazeres.
— Obrigado — eu respondi, logo saindo da casa, indo até aos fundos, que era onde tinha o que eu estava procurando.
Acredito que, agora, faz um mês que eu estava ali, se não mais. Não sei dizer com exatidão. Eu ainda sinto como se estivesse com saudades de alguém, como se faltasse algo, e acho que isso só vai passar quando eu voltar para casa.
Ainda não conseguimos encontrar nenhuma pista, e a única coisa que nos impede de desistir é o fato de sabermos que existe alguém me esperando, por causa da minha marca.
Deixando meus pensamentos de lado e enfim chegando ao pé de mirtilos, eu pude ver que infelizmente não tinham tantos, e creio que seja porque ultimamente eu estava comendo mais do que o normal.
Wooshik diz que meu lobo pode estar fazendo isso porque está com saudades do meu alfa, já que eu também vivo comendo laranjas. São coisas que fazem meu lobo ficar mais tranquilo, aparentemente. Eu também gosto de ficar sentindo o cheiro de terra molhada, quando chove. São coisas que de alguma forma me lembram dele, e mesmo que eu tenha a sensação de que algum momento não gostava de mirtilos, também tenho a sensação de que poderia comer apenas isso por meses.
— Por que ninguém me encontrou ainda? — eu me fiz essa pergunta, falando sozinho, não sabendo o que poderia fazer para ajudar.
Eu realmente espero que tudo isso acabe logo. Não aguento mais ficar longe de casa, mesmo que eu não saiba qual é minha casa e nem onde é.
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Supremo Alfa • Pjm + Jjk • ABO
Fanfic"Às vezes as trevas vem de lugares inesperados." Negar seu imprinting com o supremo alfa (lúpus) de sua aldeia parece algo impensado e insensato a se fazer, e mesmo assim, sabendo que não poderia, foi o que Park Jimin fez. Fugindo e evitando Jungko...