190 Dias

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Opa!

Vim atualizar antes de começar minha aula porque sei lá quando vou ter tempo.

Mas enfim, boa leitura!

Mas antes, lembrando dos gatilhos do capítulo:  menção à transfobia e à abuso fisíco, 

***

190 dias até o próximo expurgo

Suspirando, Momo apoiou sua cabeça contra a mesa de seu quarto, estava esgotada mentalmente.

Quando terminou a ligação com a universidade sobre trancar a matricula, recebeu uma de Byul-yi, a queixa do seu ataque tinha sido arquivada por "falta de provas", pelo visto, nenhuma das câmeras estava voltada para o local no momento, ninguém havia visto e não acharam porra nenhuma de útil nem no exame de corpo e delito nem quando investigaram aqueles filhas da puta!

Mas não era como se não tivesse acostumada com isso, não era a primeira, nem seria a última que um ataque transfóbico ia ser enfiado na gaveta, ainda mais quando a maioria dos agressores são filhinhos de papai ricos.

Em sua cabeça, ainda ressoava a voz da policial pedindo desculpas, dizendo que tinha tentado fazer eles não arquivarem o caso, procurarem mais provas, pelo menos tentarem, o que eles não estavam fazendo. Mas disseram que não tinha nenhuma prova do que estava acontecendo, pelo tom de voz da Moon, havia mais coisa ali, e Momo tinha quase certeza do que era, já tinha ouvido várias vezes:

Mas isso aconteceu mesmo?

Será que os garotos não foram provocados?

Mas ele tem que aprender a ser homem!

Será que um deles foi enganado achando que ele era uma mulher de verdade?

Por que não tentou se defender?

Por que não tentou revidar?

Por que não lutou?

Momo já tinha ouvido aquilo das primeiras vezes que tentou denunciar os ataques preconceituosos contra ela, não sabia porque ainda tinha tentado, talvez apenas para dar um pouco de paz de espírito para a esposa. Mas acima de tudo, não sabia porque tinha se sentido tão mal com aquilo, afinal, já esperava que aquilo aconteceria, não seria a primeira vez ou a última.

Só, talvez... tinha alguma esperança daquela vez, talvez por ser uma amiga de sua esposa que estivesse investigando, ou por ser em algum lugar aberto.

Mas, mais uma vez, foi abandonada pelo sistema.

Não era nenhuma novidade...

Eles ficariam soltos, livres, sem nenhuma punição, enquanto Momo provavelmente perderia a dança, uma das coisas mais importantes de sua vida, sua fuga da realidade, sua terapia, só sobraria as memórias de sua mãe ensinando Sana e ela a dançar, seu pai, mesmo desengonçado, chegando do treino de futebol americano e se juntando a elas, mesmo que sempre pisasse nos pés das três diversas vezes.

E tudo aquilo por quê? Porque, de algum modo que não entendia, eles tinham descoberto que não era uma mulher biológica.

Suspirou exausta, era uma sensação terrível, queria apenas afundar em sua cama.

- Meu amor... - A voz suave de Mina soou na porta do quarto, provavelmente tinha voltado de sua corrida diária, Momo nunca gostou que ela faltasse àquilo por ser, além de tudo, bom para o costume da prótese. - Você trancou a matrícula? - Lentamente, Momo assentiu, pensava em como falaria sobre a queixa para a esposa. - Ah, querida... você está bem? - Se sentou ao lado da cadeira onde estava, dali, conseguia ver um pouco do rosto cansado da mais nova.

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