215 e 214 Dias

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Opa!
Acabei de estudar mais cedo, então vim aqui atualizar TP que tô com um monte de capítulo pronto.

Mas enfim!

Gatilhos: menção a mortes, morte, violência, ataques de pânico, menção a TEPT.

***

215 dias até o próximo expurgo

Haviam poucas vezes que Chaeyoung ficou tão obcecado com algo, a morte dos seus pais, o primeiro expurgo, o expurgo.

Se lembrava tão bem daquela semana inteira, mesmo sendo tão novo, seus pais precisavam de dinheiro, sua mãe estava grávida de seu irmão mais novo, precisavam do auxílio que aqueles cientistas disseram que dariam, e além do mais, eles falaram que não aconteceria nada, só precisavam ficar em casa e ficaria tudo certo!

Certo?

Tinham protestos acontecendo por toda Staten Island, homens, mulheres, crianças, todos imploraram para que o expurgo não acontecesse, gritavam que não precisavam daquilo, sobre o massacre que iria acontecer, principalmente pela ilha ser tomada pelo tráfico. Ao mesmo passo que isso acontecia, também haviam várias pessoas, principalmente as que tinham aceitado dinheiro para participar do experimento dizendo que aquilo era besteira, que apenas seria um experimento do governo, que se ajudasse a diminuir o grande número de crimes no país, na ilha, aquilo valia a pena.

Caralho deveriam ter acreditado nos protestantes!

A fatídica noite era vivida na cabeça de Chaeyoung, nunca esqueceria aquelas lentes de contato azuis claro nos olhos de boa parte da cidade, nos olhos de seus próprios pais.

Claro, eles fizeram uma boa barricada pela casa, não iriam se atrever a colocar a filha deles em perigo.

O que ninguém esperava era que o governo entrasse no meio.

O próprio Son foi descobrir anos depois o que eles fizeram!

Tudo para eles conseguirem comprovar que suas pesquisas sobre a violência humana estavam certas.

Ninguém, porra, absolutamente ninguém imaginaria aqueles mercenários entrando em sua casa, Chaeyoung se escondeu dentro da dispensa, graças a seu corpo pequeno, seus pais conseguiram a esconder em meio a caixas e pacotes de arroz e macarrão. Isso não impediu os mercenários de achá-lo, por sorte, atrasou o bastante para a maldita sirene tocar.

E tudo aquilo para quê? Para ter números de adesão o suficiente para sancionar a lei daquela noite maldita?

Se lembrava de quando foi levado a um orfanato próprio para crianças com os pais mortos naquela noite, se lembrava de como eles tinham sido chamados, FMO - ou, OMF -, família mártir original. Era aquilo o que eram, mártires, morreram por um maldito principio doente, uma noite degenerada que destruiria tantas vidas!

Mas não foi até a adolescência que começou a pesquisar sobre, estudar programação e segurança de sistemas, quando começou a ganhar dinheiro com trabalhos de hacker no notebook que tinha ganhado de presente de aniversário por um dos casais que tentou a adotar - um presente para o bajular, que claro, não deu certo, não aceitaria ninguém que não fosse seus pais biológicos -, foi nessa época que encontrou alguns fóruns com outros FMO já adultos ou adolescentes assim como ele, eles organizavam protestos durante a semana pré e pós expurgo, além de aproveitarem a impunidade da noite de crimes para roubar documentos e qualquer coisa que pudessem encontrar do governo que comprovasse a tese deles, de que o governo tinha criado a noite, não para diminuir a criminalidade, mas para exterminar quem eles queriam - pretos, pobres, asiáticos, viciados em drogas, LGBTs, pessoas marginalizadas em geral.

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