Chapter two

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Às 14:50h estacionei meu carro na sede do departamento do FBI de Chicago.

No meu rádio tocava alto Hash Pipe do Weezer, que coloquei para me distrair da minha própria tensão por estar indo aceitar a proposta de Liam, mesmo que Mike estivesse contra. Era a profissão que escolhi, e mais ainda, estudei por muitos anos se somados a graduação e o mestrado. A própria cerimônia do nosso casamento foi adiada tantas vezes por causa dos nossos estudos (incluídos os do Mike que se tornou um grande engenheiro), que acabamos apenas nos casando no civil sem festa. Era hora de colher os frutos profissionais de tanto esforço.

Mike não iria me impedir, mas não estaria de fato me apoiando, mas eu estava decidido em aceitar. Era uma grande chance profissional e eu estava disposto a aceitar.

A noite não foi fácil, como eu esperava, Mike apenas tomou banho e se deitou ao meu lado já com a luz do quarto apagada. Ainda no escuro procurei seu corpo por baixo do edredom, enquanto ele estava virado de costas para mim. Comecei a deixar beijos em sua nuca, pescoço, costas e mesmo resmungando um pouco ele acabou cedendo, e se virou para mim, me deixando dormir em sua conchinha.

Meu cabelo estava mais bagunçado do que eu queria, já que hoje os meus fios pareciam mais selvagens do que normalmente, mesmo eu tendo gasto o dobro do tempo em frente ao espelho para dar a eles alguma forma, de modo que desisti e apenas passei meus dedos jogando-os para frente e depois para trás. Também não acredito que estou me vestindo corretamente para uma reunião no FBI já que deveria escolher algum terno sóbrio e tudo o que tenho são blusas e blazers um pouco excêntricos e todos possuem alguma estampa ou bordado, mas escolhi aquele que me parecia mais plausível para a situação.

Caminho com passos largos, mas não tão firmes, para entrar no departamento do FBI. O prédio da agência está ainda mais barulhento que o meu carro enquanto ouvia Weezer com bastante volume. Algumas pessoas passam apressadas por mim sem ao menos notar que estou caminhando pelo corredor. E nada parece com a imagem que eu tinha do FBI como um local soturno, sóbrio e articulado.

O prédio na verdade parece pequeno para comportar o departamento. Passando uma sala a minha direita no corredor, passo meus olhos procurando por Liam, mas vejo apenas alguns agentes mergulhados em telefonemas, papéis e dedos ágeis que digitam sobre teclados do computador. A ironia fica pelo fato de investigadores sequer perceberem um estranho passando por ali.

- Eles não são detetives e investigadores - Uma voz fala grosso perto do meu ouvido e eu não consigo conter o sobressalto com susto, ao mesmo tempo que levo minha mão ao peito. Ao me virar, vejo Liam sorrindo largamente para mim, se divertindo com minha expressão assustada - Este é o nosso setor de comunicação e relações públicas do FBI. Hoje o dia está agitado, como pode ver. Todos os canais de comunicação do país e de fora estão querendo informações sobre o caso do T, andamento das investigações e qualquer coisa que possam dar como furo de reportagem.

- Esse caso está vendendo muito na mídia - Eu concordo já recuperado do meu susto.

- Vendas na mídia não significam bom trabalho do FBI e da polícia de Chicago. O Serial killer continua matando, dando mais manchetes para a mídia e mais sangue de pessoas inocentes sobre nós - Ele avalia tirando o sorriso do rosto e posso perceber um fio de tensão em sua voz - Você veio me dar uma boa notícia, Byers? Precisamos de você nessa investigação.

- Wheeler - Eu corrijo o meu sobrenome - Precisamos conversar, Payne.

- Ótimo, isso não é um não - ele volta a sorrir - Vamos até a minha sala. Aproveito e te mostro o departamento de investigação onde realmente acontece a ação.

Liam me guia para o segundo andar, que é uma atmosfera bastante diferente do primeiro andar. Ao meu primeiro passo na sala, todos me olham imediatamente, e ali percebo a diferença entre os setores do FBI.

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