chapter twenty five

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Eu continuei dirigindo devagar, seguindo o filho da puta do enfermeiro e ele entrou para algumas ruas tranquilas, em uma região residencial. Eu o vi entrar em uma casa em uma dessas ruas tranquilas e minha boca estava seca.

Eu passei reto, porque ele sumiu da minha vista assim que entrou na residência.

Meu coração estava disparado, dando socos contra os ossos da minha caixa toráxica. Eu o sentia pulsar contra o meu pescoço, ouvido e têmporas.

Eu continuei dirigindo até o meu trabalho, onde estacionei em qualquer lugar. Eu engolia seco com a sensação ruim que estava em meu peito. Eu estava me aquecendo em uma raiva que eu não sabia que podia me tomar dessa forma, ao ponto de quase me sufocar.

Eu sequer tentei trabalhar. Passei um tempo no carro até que eu fui para um parque que havia ali perto. Eu precisava respirar para entender tudo o que estava sentindo e que não era pouco a sentir.

Sempre fui um cara comedido nas minhas emoções. Aprendi desde cedo a guardar tudo para mim, exceto o amor por Will que foi o único sentimento a escapar da muralha que ergui ao meu redor.

Sempre precisei guardar tudo em meu peito, e por muito tempo fui tido como o cara frio e introvertido da turma, que reservava os sorrisos apenas ao meu cacheado e alguns poucos outros para meus amigos de verdade, ou seja, James, Liam e Charlie.

No parque, escolhi algum lugar reservado e me deitei na grama tentando controlar minha respiração e minha mente. Eu ainda estou tentando entender o que tem me acontecido desde o atentado contra Will. Parece que o que aconteceu com ele despertou em mim uma camada de sentimentos que eu sequer sabia que existia.

Eu coloco o antebraço tampando os meus olhos para me proteger do sol, enquanto minhas costas escoram na grama.

Meu telefone toca no meu bolso e eu ignoro. Ele toca de novo, e eu pego o aparelho apenas para ver que é o número da empresa. Eu aperto End e o coloco novamente no meu bolso, porque eu não estou em condições de atender e de explicar qualquer merda que eles queiram ouvir.

Como vou dizer: "oi não fui trabalhar porque eu estou surtando, ouvindo vozes, vendo cópias minhas que me mandam vingar meu marido e a voz da minha avó, que por sinal, é uma mulher que eu odeio. Ah! Não esqueça a parte em que eu estou sentindo um ódio de um enfermeiro e controlando o meu instinto de quebrá-lo no soco"?

Eu continuo deitado, volto a colocar o meu antebraço para tampar os meus olhos e volto a algum tipo de meditação que eu estava tentando anteriormente. Mas eu sinto a grama ao meu lado se amassar, como se alguém estivesse sentando ao meu lado.

Eu tiro o braço do meu rosto para olhar para o lado e vejo eu mesmo, em algumas roupas ridículas que devo ter visto em algum livro de história, sentando ao meu lado com as pernas cruzadas.

- Eu vou te ignorar, porque eu sei que você não está aqui de verdade, e eu só vou ter que chegar em casa e contar pro meu marido que preciso de um atendimento psiquiátrico. Você não é real. - eu resmungo tampando meus olhos novamente

- Sim, eu não sou real. Eu não estou do seu lado. - Eu tiro o braço para olhar para o lado e ele sumiu. mas eu escuto a minha própria voz desta vez do meu outro lado - Eu estou do lado de cá! - E eu assusto, pois ele mudou de lado rapidamente

- Caralho! - Eu xingo alto com o susto - Tomar no seu cu!

- Não, a gente não gosta muito disso não. A gente prefere comer do que tomar - ele ri sarcástico - Eu sei tudo o que você sabe, Mike.

- Vai se foder, me erra.

- Não! - E ele some. Eu jogo minha cabeça para trás contra o chão e quando abro os olhos ele está em pé, acima da minha cabeça. Meus olhos estão exatamente entre as suas pernas, já que cada uma das pernas dele está de um dos lados da minha cabeça.

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