Chapter seven

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- MERDA! - Este é o grito de Liam que ouço pouco antes dele bater a palma da mão com força na porta de madeira da sala de reunião para abri-la de uma vez. A sala de reunião é onde passo a maior parte do meu dia agora.

Ao contrário de outras vezes que me assustei com os seus repentes de fúria, dessa vez, ele não me pegou desprevenido, já que seus gritos anteriores já eram ouvidos, mesmo antes dele alcançar a entrada do ambiente onde estou.

Liam é o típico neurótico, que desconta suas frustrações com rompantes de raiva, descarregando as emoções até conseguir se aliviar um pouco do tipo de angústia que o acomete.

- Qual o motivo deste último show? - Pergunto em tom de humor, apenas para aproveitar um pouco a irritação do meu amigo e me divertir com isso.

- Você sabe o tamanho da rede de escoamento pluvial de Chicago? - Ele me pergunta com a voz alterada e quase retoricamente - A porra da cidade inteira tem uma rede subterranea de escoamento pluvial. Sabe o que isso significa? Que em TODAS as esquinas desta merda de cidade tem um bueiro. Todas! - Ele faz questão de frisar -Ou seja, para que eu consiga achar por onde este filho da puta entrou e saiu, eu preciso de todas as câmeras de segurança de todas as casas de Chicago praticamente, pois ele pode ter entrado em qualquer uma e saído em qualquer outra! São quilômetros e quilômetros de canos, andando por todo metro quadrado. É como achar uma agulha no palheiro. E sabe o que isso significa? - Ele me faz uma última pergunta retórica ainda mais irritado do que quando começou.

- O quê?

- Que eu voltei ao mesmo lugar onde comecei. NENHUM! Ainda não temos absolutamente nada de concreto, nem mesmo para poder intimar qualquer pessoa para prestar depoimento.

- Não estamos tão na estaca zero, Payno.

- Sim, realmente não estamos na estaca zero. Nós temos umas 500 pessoas suspeitas relacionadas às vítimas do Alex Thomspon e mais 119 pessoas, no mínimo, relacionadas às ocorrências policiais do Joseph Adkins. Realmente estamos muito longe do zero, só estamos muito fudidos - Liam fala com um tom irônico que deixa transparecer a sua irritação- Thomas, vai chamar a Sarah agora. Avisa que a quero nessa sala em no máximo 5 minutos!

- Não é assim que você vai resolver essa investigação - Tento soar como uma voz de razão, mesmo sabendo que provavelmente somente estou contribuindo mais para a irritação de Liam - Precisamos ser frios e estabelecermos algum padrão para antecipar a ação do psicopata.

- Ele não tem um padrão de dias para atuar, por isso não podemos prever quando será a sua próxima aparição. Ele não tem um padrão de vítima. Ele não tem um padrão de local - Liam parece que vai puxar os próprios cabelos se estes não estivessem praticamente raspados.

- Mas nós temos um único padrão, que é bastante relevante, que é a forma como o assassino mata as vítimas - Eu falo enquanto me levanto, deixando meu notebook onde eu trabalhava, e ando até o grande mural a nossa frente - Este tipo de ferimento que ele causa se chama Águia de Sangue - eu tomo a palavra para explicar o que sei - Em todos os casos ele usou este método, que nada mais é do que um ritual de execução conhecido entre os vikings, citado e detalhado na poesia skáldica. De acordo com os casos mencionados nas sagas desta poesia, as vítimas eram colocadas em uma posição deitada, e suas costelas eram cortadas da coluna com uma ferramenta afiada e seus pulmões puxados através da abertura para criar um par de "asas".

- Parece que ele gosta da brutalidade na execução - Luke, outro investigador que estava na sala apenas assistindo ao show de periquita do Liam se manifesta pela primeira vez, ainda que baixo.

- Mais que isso. Este método de execução tem uma razão de ser - Liam corta o pensamento do detetive, ainda soando irritado, mas pelo menos mais civilizado dessa vez.

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